Economia

Governo Macri vai à Justiça para conter exigências econômicas da Odebrecht

A empreiteira apresentou perante o Tribunal Arbitral da Bolsa de Comércio de Buenos Aires uma reivindicação de mais de US$ 18,06 milhões e US$ 45 milhões

O pedido da empresa foi feito com base em um contrato assinado para a realização de obras entre 2006-2008 (Enrique Marcarian/Reuters)

O pedido da empresa foi feito com base em um contrato assinado para a realização de obras entre 2006-2008 (Enrique Marcarian/Reuters)

E

EFE

Publicado em 6 de junho de 2018 às 14h49.

Última atualização em 6 de junho de 2018 às 17h57.

Buenos Aires - O governo da Argentina fez nesta quarta-feira uma apresentação perante a Justiça para conter as exigências econômicas que a Odebrecht realiza ao Estado no marco de um dos contratos que estão sendo investigados pelo pagamento de subornos no país, informaram fontes oficiais.

Concretamente, o Escritório Anticorrupção (OA), o Ministério de Energia e Mineração e a Procuração do Tesouro solicitaram uma "medida cautelar" que busca "proteger o patrimônio do Estado e impedir que a empresa continue realizando reivindicações enquanto acontecem as investigações por diferentes crimes de corrupção e se determina o prejuízo sofrido pelo Estado".

A Odebrecht, que em 2016 reconheceu o pagamento de subornos em contratos públicos com o governo argentino entre 2007 e 2014 (durante o mandato de Cristina Kirchner) no valor de US$ 35 milhões, apresentou perante o Tribunal Arbitral da Bolsa de Comércio de Buenos Aires uma reivindicação de mais de 450 milhões de pesos (US$ 18,06 milhões no câmbio atual) e US$ 45 milhões.

"O pedido da empresa se baseia no contrato que foi assinado para a realização de obras correspondentes ao Plano de Ampliação de Gasodutos 2006-2008, mas que agora está questionado perante a Justiça", ressalta um comunicado divulgado pelo OA.

Na medida cautelar pedida pelo governo perante o Juizado Federal Número 3 de Buenos Aires se "repudia uma noção básica de justiça e igualdade, o fato de que alguém pretenda tirar juro às custas do interesse público com fonte em uma atividade delitiva".

"O que é mais grave quando o pretenso beneficiado é quem estruturou sua própria organização para esses fins espúrios, como surge no caso da hipótese reconhecida pela Odebrecht nos EUA", destaca o documento.

Para os representantes do Estado argentino, "configuraria um escândalo jurídico que a Odebrecht prossiga com uma reivindicação em um tribunal de arbitragem fundada em um contrato nulo por ilicitude na sua causa e objeto".

Em março, o juiz federal Daniel Rafecas determinou o indiciamento do ex-ministro de Planejamento, Julio De Vido (2003-2015), e outros ex-funcionários por considerar que criaram um "sistema normativo para favorecer à Odebrecht" outorgando-lhe o contrato da ampliação dos gasodutos TGS e TGN.

É por isso que o governo solicita à Justiça que impeça a reivindicação da construtora brasileira, "baseada em contratos que foram obtidos de forma ilícita" pelos quais já cobrou grandes somas na execução das obras.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaNovonor (ex-Odebrecht)

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto