Economia

Governo fará 'pente-fino' para destravar reforma da Previdência

Temor do impacto eleitoral da Reforma da Previdência é grande entre parlamentares e governadores

Presidente Michel Temer no Planalto (Ueslei Marcelino/Reuters)

Presidente Michel Temer no Planalto (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de dezembro de 2017 às 09h14.

Brasília - A demora do governo em atender os pleitos já prometidos durante a votação das duas denúncias contra o presidente Michel Temer emperrou de vez as negociações para a aprovação da reforma da Previdência. O governo vai fazer, agora, um último "pente-fino" para levantar as demandas específicas dos parlamentares e governadores.

Com esse objetivo, o fim de semana de Temer será intenso. Além de participar de um jantar na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ele está organizando um almoço para aliados no Alvorada. Para o jantar de amanhã, foram convidados os presidentes de pelo menos nove siglas.

A pressão por cargos e mais recursos aumentou as dificuldades do governo em conseguir os 308 votos favoráveis para colocar a proposta em votação na Câmara até o fim deste ano. O calendário curto é o principal adversário, e o objetivo é votar o texto "pelo menos" em primeiro turno até o dia 13 de dezembro. Sem garantia dos votos, Maia não incluiu a reforma na pauta de votações do plenário da próxima semana.

Na quinta-feira, será feita uma avaliação final do quadro para a votação. É a última cartada do governo na tentativa de votar ainda em 2017 a versão mais enxuta. "O combinado é, depois do jantar, passar segunda, terça e quarta conversando em busca de votos e, na quinta, fazer uma avaliação para ver se há como pautar ainda este ano", disse ao Estadão/Broadcast o líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP).

A avaliação do governo é que a grande resistência não é mais em relação a pontos da reforma. O grande desafio é vencer o dilema entre a convicção dos parlamentares de que a medida é necessária e a conveniência política, diante do temor do impacto eleitoral. "Temos condição de ter os votos. É uma coisa certa? Não, não é. Mas é uma coisa possível de acontecer", disse uma fonte do governo.

Confrontado pelo Palácio, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou ontem que a reforma terá o apoio de seu partido, o PSDB. A maioria dos 46 deputados tucanos, no entanto, se declara indecisa e cobra que os demais partidos da base fechem questão em torno da aprovação. Os tucanos contrários defendem que a proposta só seja votada em 2019.

Os aliados cobram a distribuição de todos os cargos que hoje são do PSDB, partido que desembarcou do governo. Eles querem, principalmente, a substituição do ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy (BA).

"Tem uma série de coisas para serem cumpridas. Tem que pagar as emendas, manter compromissos que foram assumidos", disse o vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP).

Senado. Outro fator que aumenta a resistência dos parlamentares são sinais emitidos pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), de que não pautará a votação da reforma antes das eleições de 2018 na Casa. A avaliação dos deputados é que eles acabarão arcando sozinhos com o desgaste de votar uma matéria impopular, sem que o Senado dê prosseguimento à proposta. Os senadores reclamam nos bastidores por se sentirem desprestigiados na reforma ministerial.

Apesar do movimento crescente na base aliada para adiar a reforma para depois da eleição, a área econômica segue afirmando que o governo continua trabalhando pela votação. O Ministério da Fazenda afirma que continua acreditando que a reforma será aprovada neste ano na Câmara.

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