Governo do Brasil ignora advertência de Shiller sobre bolha
Apesar do alerta do Prêmio Nobel, o governo Dilma está impulsionando a demanda para ajudar as pessoas a comprarem mais casas enquanto os preços sobem
Da Redação
Publicado em 4 de novembro de 2013 às 10h38.
Rio de Janeiro e São Paulo - A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, está ignorando as advertências sobre uma bolha imobiliária e impulsionando a demanda para ajudar as pessoas a comprarem mais casas enquanto os preços sobem.
O governo aumentou o limite de preços que as pessoas podem pagar por propriedades com o fundo de garantia por desemprego em 30 de setembro, depois que os empréstimos imobiliários dos bancos públicos mais do que quadruplicaram os dos bancos privados nos dois anos finalizados em junho, totalizando R$ 202 bilhões (US$ 90 bilhões), segundo dados do Banco Central.
O programa de construção de casas de Dilma impulsionou a demanda com o objetivo de estimular a economia antes das eleições presidenciais do ano que vem. Seis semanas antes de obter o Prêmio Nobel de Economia, Robert Shiller advertiu que essa demanda poderia estar potencializando uma bolha, já que os preços das propriedades crescem duas vezes mais rapidamente que a renda.
A dívida hipotecária como porcentagem da renda disponível das famílias chegou ao recorde de 15 por cento, quase o dobro do nível no começo do mandado de Dilma.
“É aí que está acontecendo algo no mercado de crédito e, como o governo está muito preocupado com o crescimento, eles não vão deter essa festa”, opina Tony Volpon, diretor de pesquisa para mercados emergentes da Nomura Holdings Inc., em entrevista por telefone de Nova York. “Haja ou não uma bolha, é um futuro problema. Eu não vejo um incentivo político” para reduzir os empréstimos hipotecários.
As maiores cidades
Os créditos para propriedades no Brasil continuam sendo uma parte relativamente pequena do PIB e do crédito total em comparação com outros mercados emergentes, e o crescimento tem sido rápido devido a uma base pequena, declarou aos jornalistas Túlio Maciel, diretor do departamento de pesquisa econômica do Banco Central, em 29 de outubro em Brasília.
Os preços das propriedades nas duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, aumentaram 188 por cento e 230 por cento respectivamente desde janeiro de 2008 – quase o dobro do ritmo de crescimento da renda, segundo o índice brasileiro de preços imobiliários da FIPE Zap, publicado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.
“Nos EUA praticamente nunca aconteceu que os preços das propriedades dobrassem em cinco anos”, declarou Shiller, professor na Universidade de Yale em New Haven, Connecticut, que previu a crise imobiliária dos EUA e ajudou a criar o índice S&P/Case-Shiller de preços de propriedades, durante um evento em Campos do Jordão em 31 de agosto.
“Na verdade, não sei se há uma bolha no Brasil, mas eu suspeito que sim e, talvez dizendo isso eu possa contribuir para esfriar esse entusiasmo”.
Empréstimos imobiliários
Os empréstimos imobiliários quase triplicaram, passando de 2,3 por cento a 6,8 por cento do PIB depois da crise financeira global. A Caixa Econômica Federal representa 70 por cento do total, segundo o FMI.
Em 30 de setembro, o Conselho Monetário Nacional, constituído por funcionários do Banco Central e do governo, elevou o valor máximo das propriedades que os trabalhadores podem adquirir utilizando o fundo de garantia, FGTS, em 50 por cento para R$ 750 mil para estados que representam 42 por cento da população do País. O limite para outros estados aumentou 30 por cento para R$ 650 mil.
A crescente anulação de contratos hipotecários é um sinal de que as companhias devem endurecer seus padrões creditícios para os compradores de renda baixa e média, pensa Cristiane Spercel, analista na Moody’s Investors Service.
“A atual tendência dos preços imobiliários é claramente insustentável”, afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil SA, em entrevista por telefone. “As famílias já estão muito endividadas e o ritmo de crescimento dos créditos, especialmente no mercado imobiliário, é muito alto. Seria prudente diminuir o ritmo dos empréstimos ao mercado imobiliário”.
Rio de Janeiro e São Paulo - A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, está ignorando as advertências sobre uma bolha imobiliária e impulsionando a demanda para ajudar as pessoas a comprarem mais casas enquanto os preços sobem.
O governo aumentou o limite de preços que as pessoas podem pagar por propriedades com o fundo de garantia por desemprego em 30 de setembro, depois que os empréstimos imobiliários dos bancos públicos mais do que quadruplicaram os dos bancos privados nos dois anos finalizados em junho, totalizando R$ 202 bilhões (US$ 90 bilhões), segundo dados do Banco Central.
O programa de construção de casas de Dilma impulsionou a demanda com o objetivo de estimular a economia antes das eleições presidenciais do ano que vem. Seis semanas antes de obter o Prêmio Nobel de Economia, Robert Shiller advertiu que essa demanda poderia estar potencializando uma bolha, já que os preços das propriedades crescem duas vezes mais rapidamente que a renda.
A dívida hipotecária como porcentagem da renda disponível das famílias chegou ao recorde de 15 por cento, quase o dobro do nível no começo do mandado de Dilma.
“É aí que está acontecendo algo no mercado de crédito e, como o governo está muito preocupado com o crescimento, eles não vão deter essa festa”, opina Tony Volpon, diretor de pesquisa para mercados emergentes da Nomura Holdings Inc., em entrevista por telefone de Nova York. “Haja ou não uma bolha, é um futuro problema. Eu não vejo um incentivo político” para reduzir os empréstimos hipotecários.
As maiores cidades
Os créditos para propriedades no Brasil continuam sendo uma parte relativamente pequena do PIB e do crédito total em comparação com outros mercados emergentes, e o crescimento tem sido rápido devido a uma base pequena, declarou aos jornalistas Túlio Maciel, diretor do departamento de pesquisa econômica do Banco Central, em 29 de outubro em Brasília.
Os preços das propriedades nas duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, aumentaram 188 por cento e 230 por cento respectivamente desde janeiro de 2008 – quase o dobro do ritmo de crescimento da renda, segundo o índice brasileiro de preços imobiliários da FIPE Zap, publicado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.
“Nos EUA praticamente nunca aconteceu que os preços das propriedades dobrassem em cinco anos”, declarou Shiller, professor na Universidade de Yale em New Haven, Connecticut, que previu a crise imobiliária dos EUA e ajudou a criar o índice S&P/Case-Shiller de preços de propriedades, durante um evento em Campos do Jordão em 31 de agosto.
“Na verdade, não sei se há uma bolha no Brasil, mas eu suspeito que sim e, talvez dizendo isso eu possa contribuir para esfriar esse entusiasmo”.
Empréstimos imobiliários
Os empréstimos imobiliários quase triplicaram, passando de 2,3 por cento a 6,8 por cento do PIB depois da crise financeira global. A Caixa Econômica Federal representa 70 por cento do total, segundo o FMI.
Em 30 de setembro, o Conselho Monetário Nacional, constituído por funcionários do Banco Central e do governo, elevou o valor máximo das propriedades que os trabalhadores podem adquirir utilizando o fundo de garantia, FGTS, em 50 por cento para R$ 750 mil para estados que representam 42 por cento da população do País. O limite para outros estados aumentou 30 por cento para R$ 650 mil.
A crescente anulação de contratos hipotecários é um sinal de que as companhias devem endurecer seus padrões creditícios para os compradores de renda baixa e média, pensa Cristiane Spercel, analista na Moody’s Investors Service.
“A atual tendência dos preços imobiliários é claramente insustentável”, afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil SA, em entrevista por telefone. “As famílias já estão muito endividadas e o ritmo de crescimento dos créditos, especialmente no mercado imobiliário, é muito alto. Seria prudente diminuir o ritmo dos empréstimos ao mercado imobiliário”.