Economia

Governo argentino procura credibilidade econômica

Governo trabalhará sem "anúncios grandiloqüentes, mas com muita eficiência" para gerar "condições de previsibilidade" na economia, afirmou Capitanich


	Pesos argentinos: novo chefe de gabinete e ministro da Economia foram encarregados de lançar uma mensagem de tranquilidade a empresários e aos mercados
 (Diego Giudice/Bloomberg)

Pesos argentinos: novo chefe de gabinete e ministro da Economia foram encarregados de lançar uma mensagem de tranquilidade a empresários e aos mercados (Diego Giudice/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2013 às 15h34.

Buenos Aires - Apenas algumas horas depois de tomar posse, os novos ministros do governo de Cristina Kirchner apareceram nesta quinta-feira para aplacar os rumores sobre possíveis ajustes e descartaram mudanças "bruscas" com o objetivo de dar confiança e credibilidade à economia argentina.

O novo chefe de gabinete, Jorge Capitanich, e o recém nomeado ministro da Economia, Axel Kicillof, foram os encarregados de lançar uma mensagem de tranquilidade a empresários e aos mercados após o retorno de Cristina as atividades de presidente nesta quarta-feira, um mês e meio após uma neurocirurgia.

O governo trabalhará sem "anúncios grandiloqüentes, mas com muita eficiência" para gerar "condições de previsibilidade" na economia, afirmou Capitanich em seu primeiro contato com a imprensa, no qual se comprometeu a manter frequentes encontros desse tipo, uma novidade no gabinete.

No meio de versões cruzadas sobre possíveis medidas para frear a sangria de reservas, aliviar o chamado "cepo cambial" que alimentou o mercado negro de divisas e modificar a política de subsídios, sua fala à imprensa foi interpretada como uma declaração de princípios que marca seu protagonismo e o novo estilo da etapa final da gestão de Cristina, que termina o mandato em 2015.

Capitanich, um reconhecido dirigente peronista respeitado entre os governadores, antecipou sua intenção de negociar com todos os atores da cadeia de consumo para buscar "preços razoáveis para o consumidor".

Sem mencionar a palavra inflação, o ministro da Economia se referiu ao tema para apontar que o governo trabalha para controlar "a variação dos preços", que oficialmente está em 10,5% e que consultorias privadas cifram em mais de 25% ao ano.


"Não vamos fazer nada que provoque mudanças bruscas na economia e que gere incerteza para o futuro", insistiu Kicillof, mas admitiu que a taxa de câmbio peso-dólar constitui uma preocupação para o executivo e, embora não tenha sugerido possíveis medidas, disse que é preciso "gerar mais oferta de dólares".

Kicillof também não deu pistas sobre a estratégia para frear a drenagem das reservas, que caíram 26% desde dezembro de 2012, até chegarem em US$ 31,9 bilhões, nem sobre o futuro dos subsídios a serviços básicos, como energia elétrica e transporte.

Extremamente sincero sobre as mudanças no governo foi o deputado governo Carlos Kunkel. "Lemos atentamente o resultado eleitoral, perdemos um milhão de votos, por isso fizemos todas estas mudanças", disse, em alusão ao castigo que sofreu o partido governante nas urnas nas eleições legislativas de outubro.

Os comentários dos novos "pesos pesados" do governo foram bem amparados, embora com reservas, entre empresários e até pela oposição.

"Em todas as metas estamos de acordo. Quem não quer exportar mais, que haja mais emprego, que o país cresça mais?", apontou o chefe de governo portenho, o conservador Mauricio Macri.

Também o presidente de Fiat Auto Argentina, Cristiano Rattazzi, celebrou a decisão do governo de falar de "previsibilidade de longo prazo" e considerou que a inflação deve ser "a primeira luta" no restante de gestão.

"Temos um país incendiado pela inflação. Evidentemente isso não é saudável e torna difícil se programar em longo prazo. Por isso, é a primeira luta que o governo tem que encarar, e muito rápido", ressaltou Rattazzi em um fórum empresarial. 

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