Gigantes do petróleo obstruem políticas de mudança climática
A ExxonMobil, a Royal Dutch/Shell e três associações gastam US$ 115 milhões por ano para “obstruir” políticas de mudança climática
Da Redação
Publicado em 7 de abril de 2016 às 21h24.
A ExxonMobil, a Royal Dutch/Shell e três associações que representam o setor do petróleo gastam US$ 115 milhões por ano para “obstruir” políticas de mudança climática , segundo novas estimativas divulgadas pela Influence Map, organização britânica de pesquisa sem fins lucrativos.
A total imprecisão sobre a influência corporativa motivou o projeto. Os países aplicam às empresas diferentes padrões -- ou nenhum -- quanto à divulgação sobre como elas estão tentando influenciar as políticas públicas e qual o custo disso.
Para chegar aos seus números, primeiro a Influence Map teve que definir o significado de “influência”. Os pesquisadores adotaram uma estrutura enunciada em um relatório de 2013 da ONU elaborado para ajudar as empresas a alinharem as políticas de mudança climática às suas estratégias de comunicação e lobby. Trata-se de um enfoque amplo para a compreensão da influência que inclui não apenas o lobby direto, mas também publicidade, marketing, relações públicas, contribuições políticas, contatos regulatórios e associações comerciais.
Os cinco alvos da pesquisa da Influence Map utilizam esses órgãos para o extremo oposto. O “gasto direto em obstrução climática” da ExxonMobil, segundo o relatório, pode ser de US$ 27 milhões ao ano.
O investimento estimado da Shell é de US$ 22 milhões. O Instituto Americano do Petróleo, que é a associação americana que representa o setor, pode gastar até US$ 65 milhões por ano e dois grupos menores -- a Associação do Petróleo dos Estados Ocidentais (WSPA, na sigla em inglês), dos EUA, e a Associação Australiana de Produção e Exploração de Petróleo -- gastam um total estimado de cerca de US$ 9 milhões juntos.
Os grupos de investidores que pressionam por políticas climáticas fortes investem menos de US$ 5 milhões ao ano, segundo os pesquisadores.
O relatório, intitulado “How Much Big Oil Spends on Obstructive Climate Lobbying”, é direcionado aos investidores que estão começando a fazer mais barulho sobre o assunto. Um total de 19 grupos de investimentos com consciência climática apresentou 45 resoluções a empresas de petróleo e gás relacionadas às mudanças climáticas e aos gases causadores do efeito estufa apenas em 2016, embora nove delas tenham sido retiradas depois que as empresas se comprometeram a adotar medidas ou discutir mais o assunto.
Entre os investidores estão a Controladoria do Estado de Nova York, o Sistema de Aposentadoria dos Professores do Estado da Califórnia, a Igreja Presbiteriana dos EUA e a pioneira em sustentabilidade Trillium Asset Management.
A Influence Map publicou juntamente com o relatório uma metodologia de três estágios que usou para calcular suas estimativas. Primeiro os pesquisadores isolaram as atividades de sensibilização específicas que podem influenciar formuladores de políticas, usando registros de lobby, documentos da receita federal americana e relatórios anuais para estimar o gasto total.
O passo seguinte era estimar quanto do total é direcionado às questões climáticas. Finalmente, eles analisaram a atividade relacionada ao clima e a classificaram como “de apoio ou obstrutiva” em relação à mudança climática e em que nível.
Notas
Cada organização recebeu um nota em forma de letra, de A a F, para qualificar o grau de obstrução. A ExxonMobil recebeu um “E menos”, a Shell um D menos e todas as três associações do setor receberam um F.
A Influence Map é financiada pela Tellus Mater Foundation e pelo fundo de caridade Joseph Rowntree.
As cinco organizações analisadas pelo relatório não o viram, mas duas delas responderam às perguntas da Bloomberg antes do fechamento da edição. Um porta-voz da ExxonMobil disse que a empresa investiu quase US$ 9 bilhões em pesquisas que podem ampliar a oferta de energia, reduzir as emissões e melhorar a eficiência.
Um porta-voz da WSPA disse que a associação educa o público “sobre fatos e ciências muitas vezes ignoradas no cenário climático de hoje” e que sua prática de lobby está em consonância com a Comissão de Práticas Políticas Justas da Califórnia.
A ExxonMobil, a Royal Dutch/Shell e três associações que representam o setor do petróleo gastam US$ 115 milhões por ano para “obstruir” políticas de mudança climática , segundo novas estimativas divulgadas pela Influence Map, organização britânica de pesquisa sem fins lucrativos.
A total imprecisão sobre a influência corporativa motivou o projeto. Os países aplicam às empresas diferentes padrões -- ou nenhum -- quanto à divulgação sobre como elas estão tentando influenciar as políticas públicas e qual o custo disso.
Para chegar aos seus números, primeiro a Influence Map teve que definir o significado de “influência”. Os pesquisadores adotaram uma estrutura enunciada em um relatório de 2013 da ONU elaborado para ajudar as empresas a alinharem as políticas de mudança climática às suas estratégias de comunicação e lobby. Trata-se de um enfoque amplo para a compreensão da influência que inclui não apenas o lobby direto, mas também publicidade, marketing, relações públicas, contribuições políticas, contatos regulatórios e associações comerciais.
Os cinco alvos da pesquisa da Influence Map utilizam esses órgãos para o extremo oposto. O “gasto direto em obstrução climática” da ExxonMobil, segundo o relatório, pode ser de US$ 27 milhões ao ano.
O investimento estimado da Shell é de US$ 22 milhões. O Instituto Americano do Petróleo, que é a associação americana que representa o setor, pode gastar até US$ 65 milhões por ano e dois grupos menores -- a Associação do Petróleo dos Estados Ocidentais (WSPA, na sigla em inglês), dos EUA, e a Associação Australiana de Produção e Exploração de Petróleo -- gastam um total estimado de cerca de US$ 9 milhões juntos.
Os grupos de investidores que pressionam por políticas climáticas fortes investem menos de US$ 5 milhões ao ano, segundo os pesquisadores.
O relatório, intitulado “How Much Big Oil Spends on Obstructive Climate Lobbying”, é direcionado aos investidores que estão começando a fazer mais barulho sobre o assunto. Um total de 19 grupos de investimentos com consciência climática apresentou 45 resoluções a empresas de petróleo e gás relacionadas às mudanças climáticas e aos gases causadores do efeito estufa apenas em 2016, embora nove delas tenham sido retiradas depois que as empresas se comprometeram a adotar medidas ou discutir mais o assunto.
Entre os investidores estão a Controladoria do Estado de Nova York, o Sistema de Aposentadoria dos Professores do Estado da Califórnia, a Igreja Presbiteriana dos EUA e a pioneira em sustentabilidade Trillium Asset Management.
A Influence Map publicou juntamente com o relatório uma metodologia de três estágios que usou para calcular suas estimativas. Primeiro os pesquisadores isolaram as atividades de sensibilização específicas que podem influenciar formuladores de políticas, usando registros de lobby, documentos da receita federal americana e relatórios anuais para estimar o gasto total.
O passo seguinte era estimar quanto do total é direcionado às questões climáticas. Finalmente, eles analisaram a atividade relacionada ao clima e a classificaram como “de apoio ou obstrutiva” em relação à mudança climática e em que nível.
Notas
Cada organização recebeu um nota em forma de letra, de A a F, para qualificar o grau de obstrução. A ExxonMobil recebeu um “E menos”, a Shell um D menos e todas as três associações do setor receberam um F.
A Influence Map é financiada pela Tellus Mater Foundation e pelo fundo de caridade Joseph Rowntree.
As cinco organizações analisadas pelo relatório não o viram, mas duas delas responderam às perguntas da Bloomberg antes do fechamento da edição. Um porta-voz da ExxonMobil disse que a empresa investiu quase US$ 9 bilhões em pesquisas que podem ampliar a oferta de energia, reduzir as emissões e melhorar a eficiência.
Um porta-voz da WSPA disse que a associação educa o público “sobre fatos e ciências muitas vezes ignoradas no cenário climático de hoje” e que sua prática de lobby está em consonância com a Comissão de Práticas Políticas Justas da Califórnia.