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Giannetti: Incertezas políticas podem minar recuperação econômica

Atualmente, a principal dúvida, avaliou ele, é o possível envolvimento da cúpula política do governo Temer em novas denúncias de delações da Lava Jato

Giannetti: "O Brasil está posicionado para uma recuperação ao longo de 2017. Não acho irrealista imaginar a economia crescendo acima de 2% no quarto trimestre" (Nacho Doce/Reuters)
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Reuters

Publicado em 19 de janeiro de 2017 às 17h44.

Última atualização em 19 de janeiro de 2017 às 19h39.

São Paulo - O presidente Michel Temer deve conseguir recolocar o Brasil na rota do crescimento, mas precisa correr contra o tempo para evitar que as incertezas políticas envolvendo a cúpula do governo minem a recuperação esperada, disse o economista Eduardo Giannetti .

Ao longo dos últimos meses, Giannetti avalia que a equipe econômica conseguiu avançar na agenda fiscal, com a aprovação da medida que limita o crescimento dos gastos públicos à inflação e ao colocar a reforma da Previdência na pauta de discussão do Congresso Nacional.

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"O Brasil está posicionado para uma recuperação ao longo de 2017. Não acho irrealista imaginar a economia crescendo acima de 2 por cento no quarto trimestre deste ano em comparação com o quarto trimestre de 2016", afirmou Giannetti em entrevista para a Reuters.

Atualmente, a principal dúvida, avaliou ele, é o possível envolvimento da cúpula política do governo Temer em novas denúncias de delações da Operação Lava Jato e em outros escândalos de corrupção, o que pode trazer de volta o cenário de incerteza com a governabilidade no Brasil.

"Esse risco poderá vir de delações premiadas das empreiteiras ou do (deputado cassado e ex-presidente da Câmara) Eduardo Cunha, que deve ter muita coisa para relevar, com a trajetória que ele teve dentro do PMDB", disse Giannetti, também filósofo e autor de uma série de livros. "As tempestades no céu da política podem pôr a perder esse cenário de recuperação que está delineado."

Nesta semana, o presidente Temer, em entrevista exclusiva à Reuters, afirmou que não havia "a menor possibilidade" de as investigações desestabilizarem seu governo. Desde que assumiu o comando do país, em maio, alguns ministros já caíram por causa de denúncias.

Parcial, mas valendo

No cenário traçado por Giannetti, o governo Temer não deve conseguir aprovar a proposta integral da reforma da Previdência, mas se avançar nessa área, mesmo que parcial, terá dado uma sinalização na "direção correta".

A proposta para a Previdência é considerada bastante dura, e o governo vai precisar de habilidade política para levá-la adiante, em meio à baixa aprovação popular do presidente.

Temer, na entrevista à Reuters, admitiu que a reforma é difícil e afirmou que o governo não aceita negociar a idade mínima de 65 anos, mas abriu a possibilidade para outros pontos, como o tempo de 49 anos para atingir a aposentadoria integral.

"O governo Temer está se revelando péssimo na comunicação com o público, mas extremamente hábil na articulação de bastidores e montagem de maioria no Congresso", afirmou.

Outras reformas também estão na pauta do governo e de complicada negociação, como as reformas trabalhista e tributária.

Sem lideranças

Nos últimos anos, Giannetti tem participado ativamente do debate econômico e político do país, tendo assessorado Marina Silva (Rede) nas disputas presidenciais de 2010 e 2014.

Mas, agora, não vê nenhuma liderança política abraçando duas agendas que considera essenciais para o país: o fim do ciclo de expansão fiscal, que começou em 1988 com a Constituição, e buscar alternativa para o presidencialismo de coalização.

"Estou preocupado com a falta de renovação e da liderança de um estadista diante dos problemas que o Brasil vai ter que enfrentar", afirma.

Mesmo sobre Marina Silva, cujo nome aparece bem posicionado nas pesquisas de intenção de voto para o pleito de 2018, Giannetti disse que ela precisa "se definir se é uma líder de movimento ou candidata ao Executivo."

"O cenário brasileiro é grave e aberto o suficiente para o risco de uma aventura política no estilo do (ex-presidente Fernando) Collor, alguém completamente desconectado e com uma promessa salvacionista que acaba se beneficiando desse vácuo de liderança", afirmou.

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