Economia

FMI prevê contração de 3,5% da economia argentina, mas menor inflação em 2024

Fundo se mostra satisfeito com as medidas adotadas pelo presidente Javier Milei para cortar gastos do governo

Argentina: país enfrenta graves problemas econômicos, como inflação e aumento da pobreza (Elijah-Lovkoff/Getty Images)

Argentina: país enfrenta graves problemas econômicos, como inflação e aumento da pobreza (Elijah-Lovkoff/Getty Images)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 17 de junho de 2024 às 16h50.

Última atualização em 17 de junho de 2024 às 17h11.

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou nesta segunda-feira, 17, sua previsão de crescimento para a Argentina, estimando uma contração de 3,5% em 2024, e melhorou a de inflação anual média para 233%, mas alertou para o risco de que a recessão se prolongue "alimentando tensões sociais".

A instituição financeira publicou um relatório detalhado no qual se mostra satisfeita com o plano "motosserra" do presidente ultraliberal Javier Milei para cortar drasticamente os gastos do Estado, mas faz algumas ressalvas e pede mais reformas tributárias.

"Avanços impressionantes foram feitos para alcançar o equilíbrio fiscal geral e agora deve-se dar prioridade a continuar melhorando a qualidade do ajuste", afirmou Gita Gopinath, a número dois do FMI, depois que o conselho executivo do organismo aprovou na quinta-feira a oitava revisão do acordo de crédito acordado com o país.

Essa aprovação permitiu um desembolso imediato de cerca de US$ 800 milhões (R$ 4,33 bilhões de reais, na cotação atual).

"Devem seguir os esforços para reformar o imposto de renda” das pessoas físicas, “racionalizar os subsídios e os gastos tributários e fortalecer os controles de gastos" públicos, acrescenta em um comunicado publicado nesta segunda-feira, no qual estima que serão necessárias "reformas mais profundas dos sistemas tributário, de pensões e de distribuição de renda".

Além disso, na sua opinião, "as políticas monetárias e cambiais devem evoluir para continuar consolidando o processo de desinflação e melhorar ainda mais a cobertura das reservas" monetárias.

Na última atualização, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano piora de -2,75% previsto em abril para -3,5%. Mas espera-se uma mudança de tendência durante o segundo semestre, "à medida que os ventos contrários derivados da consolidação fiscal se atenuem, os salários reais comecem a se recuperar e os investimentos se recuperem gradualmente".

Em termos gerais, o Fundo está satisfeito com a evolução da economia e da inflação.

A previsão de aumento anual médio dos preços passa de quase 250% para 232,8%, de acordo com este último relatório.

A inflação mensal cai para 4% e diminuirá "ainda mais a médio prazo", aponta o FMI. E prevê que as reservas se mantenham inalteradas.

"Consenso social"

Os riscos do programa de crédito pelo qual a Argentina recebe US$ 44 bilhões (R$ 238,85 bilhões) em 30 meses em troca de aumentar suas reservas internacionais e reduzir o déficit fiscal, "foram moderados, mas continuam elevados", adverte o Fundo.

O FMI estima que o governo de Milei "afastou firmemente a economia de uma crise total e de uma hiperinflação", mas o panorama não está isento de riscos.

As condições externas podem se tornar menos favoráveis e "a recessão pode se prolongar, alimentando tensões sociais e complicando a implementação do programa", alerta.

Milei conseguiu na semana passada a aprovação no Senado, por margem estreita, de um pacote de reformas polêmicas, mas ainda terá que passar pelo crivo da Câmara de Deputados.

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