Indústria química: importações hoje representam parcela de 35% sobre demanda local (Oliver Bunic-Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2014 às 17h11.
São Paulo - Os índices de volumes de produção e de vendas internas de produtos químicos voltaram a apresentar quedas em julho, puxando as médias acumuladas nos primeiros sete meses de 2014 para patamares negativos, conforme informações preliminares da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
O índice de produção teve retração de 6,64% no acumulado de janeiro a julho e o de vendas internas apresentou redução de 5,26%, ambos em relação a igual intervalo de 2013.
Também nos primeiros sete meses do ano, o Consumo Aparente Nacional (CAN) - indicador de demanda interna por produtos químicos de uso industrial (medido pela equação: produção + importação - exportação) - se manteve estável em relação a igual período do ano passado, com elevação de 0,2%.
Enquanto isso, como divulgado no mês passado, o volume de importações cresceu 11,6% de janeiro a julho, sobre igual período do ano passado.
As importações hoje representam uma parcela de 35% sobre a demanda local, o maior patamar registrado desde o início dos anos 1990, segundo a Abiquim.
O setor de manufaturados registra um de seus maiores déficits, de cerca de US$ 32 bilhões
Ainda de acordo com os dados da Abiquim divulgados nesta quinta-feira, 28, a utilização da capacidade instalada ficou em 78% na média dos primeiros sete meses de 2014, quatro pontos abaixo do nível registrado no ano passado, indicando elevação da ociosidade do segmento.
A diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, afirma, em comunicado à imprensa, que esses números são consequência da perda de competitividade da indústria química local e da fraca atividade econômica.
"Há muito tempo os produtos químicos não têm tido espaço para competir. O setor tem uma forte dependência em relação às suas matérias-primas, escassas no mercado doméstico e, em alguns casos, não competitivas", afirma a diretora.
Além disso, a Abiquim acredita que o desempenho negativo foi agravado pela crise energética, com os riscos de um eventual corte no fornecimento de energia, e pela possibilidade de falta de água.
"Esses problemas trazem insegurança e acabam encarecendo a produção do segmento, que opera em processo contínuo e não pode parar a produção de forma abrupta, sem um planejamento prévio", explica.
Dados de julho
O índice de produção de produtos químicos apresentou alta de 5,17% e o índice de vendas internas alta de 5,34% em julho na comparação com mês imediatamente anterior.
A utilização da capacidade instalada também apresentou melhora no mês passado, alcançando 81%, três pontos acima do resultado de junho.
Segundo a Abiquim, as altas são explicadas pela fraca base de comparação de junho, quando o desempenho foi afetado pela demanda desaquecida.
Nos últimos 12 meses, os resultados negativos se acentuam. A produção caiu 3,4% e as vendas internas recuaram 4,37%. Na comparação dos 12 meses anteriores, findos em junho, o recuo era da ordem de 2,9%.
As exportações caíram 9,5% e o volume importado aumentou 10,1% nos últimos doze meses.
"Além do aumento das importações, a dificuldade de colocação de produtos no mercado internacional evidencia a falta de competitividade", diz a Abiquim, em nota.