O presidente do Federal Reserve, o banco central americano, Jerome Powell (Andrew Harrer/Bloomberg)
Bloomberg
Publicado em 20 de abril de 2021 às 15h09.
Última atualização em 20 de abril de 2021 às 15h24.
A forte recuperação do crescimento econômico global ainda não é suficiente para que a maioria dos bancos centrais retire o estímulo de emergência.
Segundo a revisão trimestral de política monetária realizada pela Bloomberg, que cobre 90% da economia mundial, Federal Reserve, Banco Central Europeu e Banco do Japão estão entre as 16 instituições que devem manter as taxas de juros este ano.
O cenário sugere que autoridades ainda querem garantir a recuperação após o impacto da recessão do coronavírus no ano passado, mantendo os juros ultrabaixos e programas de compra de ativos. Isso pode exigir que aceitem saltos da inflação.
Seis bancos centrais, a maioria deles em mercados emergentes, ainda devem subir os juros, como Brasil, Rússia e Nigéria. O Peru é o único dos monitorados com previsão de redução das taxas neste ano.
Confira as previsões para alguns dos principais bancos centrais:
Uma questão-chave para o presidente do Fed, Jerome Powell, e outras autoridades é quando começar a falar sobre reduzir as enormes compras de títulos se a economia continuar a se recuperar como esperam.
Autoridades do Fed prometeram continuar comprando US$ 120 bilhões em Treasuries e títulos lastreados em hipotecas todos os meses até que vejam “progresso substancial” na inflação e no emprego. Essa meta pode ser cumprida antes do previsto se o mercado de trabalho dos EUA mantiver o desempenho de março, quando foram abertas 916 mil vagas, acima do esperado.
Parte da hesitação em falar publicamente sobre compras de títulos deriva de momentos tensos: o Fed quer evitar uma repetição da turbulência em 2013, quando a notícia inesperada de que planejava desacelerar as compras de títulos abalou os mercados financeiros e prejudicou a economia.
O BCE se comprometeu a garantir condições de financiamento para governos, empresas e famílias “favoráveis” até que a crise do coronavírus termine, usando o Programa de Compras de Emergência na Pandemia (PEPP, na sigla em inglês) de 1,85 trilhão de euros (US$ 2,2 trilhões) para manter os rendimentos dos títulos baixos e distribuir empréstimos ultrabaratos aos bancos.
O PEPP deve ser executado até pelo menos o final de março de 2022 e, embora as autoridades digam que não gastarão o valor total a menos que seja necessário, a maioria dos economistas espera que isso aconteça. A recuperação da zona do euro está atrasada devido à lenta vacinação, e a presidente do BCE, Christine Lagarde, alertou repetidamente sobre os perigos de retirar o apoio muito cedo.
O presidente do Banco da Inglaterra. Andrew Bailey, ainda não sabe se o próximo passo será administrar outra dose de estímulo ou de aperto monetário na economia do Reino Unido. Os mercados financeiros já descartaram a perspectiva de juros negativos, o que elevou os rendimentos dos títulos soberanos britânicos e a libra em relação ao nível do ano anterior.Após a pior recessão em três séculos, o Reino Unido caminha para uma forte recuperação após um dos programas de vacinação contra o coronavírus mais bem-sucedidos do mundo. O debate no banco central é se a recuperação vai absorver todos os trabalhadores que ficaram desempregados durante a crise e elevar a inflação ou deixar cicatrizes que requerem mais cuidados.
O PBOC cortou as taxas de empréstimo e recorreu a várias ferramentas quantitativas para injetar liquidez na economia atingida pela pandemia no ano passado, além de pedir aos bancos que aumentassem a oferta de crédito. Isso ajudou a sustentar o crescimento, mas também elevou os níveis de endividamento a um recorde, alimentando preocupações com bolhas imobiliárias e riscos financeiros. Com a recuperação da economia agora bem encaminhada, o banco central tenta limitar o estímulo sem prejudicar essa recuperação.
O PBOC deve normalizar a política moderando a expansão do crédito, em vez de subir os juros, dizem economistas. Autoridades disseram que querem combinar o crescimento da oferta monetária e de crédito com a expansão do PIB nominal neste ano e estabilizar a relação dívida/PIB.
O banco central da Índia embarcou formalmente no caminho da flexibilização quantitativa no início de abril, prometendo comprar uma quantidade garantida de títulos soberanos neste trimestre, enquanto busca manter os custos de financiamento baixos e apoiar a recuperação na terceira maior economia da Ásia. Embora o chamado RBI já estivesse comprando títulos do governo no mercado secundário, a reunião de abril marcou a primeira vez que o banco central se comprometeu antecipadamente a adquirir uma determinada quantia.
Sob a pressão de preços subjacentes que podem ganhar velocidade nos próximos meses, o presidente da instituição, Shaktikanta Das, e cinco outros membros do comitê de política monetária votaram para manter a taxa de recompra inalterada em 4%. No entanto, Das prometeu manter uma postura de afrouxamento se as condições econômicas se deteriorarem, já que várias províncias, incluindo Maharashtra, sede da capital financeira de Mumbai, enfrentam restrições em meio à nova onda de casos Covid-19.
O Banco Central começou a reduzir o estímulo monetário com o avanço da inflação, apesar da nova onda de Covid que ameaça a recuperação econômica. O Copom elevou a Selic em 75-pontos base em março, o maior salto em uma década, e sinalizou que um segundo aumento de mesma magnitude pode vir na próxima reunião em maio.Apesar das garantias da instituição de que os choques de preços são temporários, no mercado de futuros as apostas são de aumentos ainda maiores. Impulsionada por custos mais altos dos combustíveis, a inflação anual ultrapassou a banda superior do intervalo da meta do Banco Bentral em março, atingindo o maior nível em quatro anos.
Nomeado depois que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, demitiu de repente o antecessor após um aumento dos juros maior do que o esperado, o novo líder do banco central, Sahap Kavcioglu, está sob pressão para reduzir as taxas e impulsionar o crescimento.
O banco central da Turquia manteve a taxa de referência inalterada na primeira reunião de política monetária de Kavcioglu. Embora a decisão tenha correspondido às expectativas do mercado, a instituição omitiu uma promessa anterior de manter a política monetária apertada e até mesmo aumentar os juros se necessário. Embora Kavcigolu tenha dito que não se apressaria em afrouxar a postura que herdou, as mudanças no comunicado de política monetária geraram mais especulações de que os cortes podem ser iminentes.
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