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Espanha formalizará pedido de ajuda aos bancos

O ministro de Economia espanhol, Luis de Guindos, apresentou hoje ao Eurogrupo os resultados das auditorias independentes nos bancos espanhóis

Topo do Banco da Espanha: De Guindos não formalizou hoje o pedido de ajuda, como esperavam um bom número de países, que pedem "clareza" à Espanha (Andrea Comas/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2012 às 18h24.

Luxemburgo - O governo espanhol anunciou nesta quinta-feira que apresentará nos "próximos dias" a seus sócios europeus a solicitação formal do empréstimo para recapitalizar seus bancos, apesar de alguns países terem pressionado a fazê-lo imediatamente, e advertiu que os detalhes desta ajuda não estarão prontos até o final de julho.

O ministro de Economia espanhol, Luis de Guindos, apresentou hoje ao Eurogrupo os resultados das auditorias independentes nos bancos espanhóis, que determinaram que o setor bancário do país necessitará até 62 bilhões de euros.

No Brasil para a Rio+20, o presidente do governo, Mariano Rajoy, afirmou que espera que, uma vez conhecidas as necessidades, a ajuda europeia aos bancos seja aprovada "o mais rápido possível", porque sanear o sistema bancário é "um passo imprescindível para o processo de recuperação da economia espanhola".

No entanto, e apesar de contar já com a avaliação sobre o setor bancário, De Guindos não formalizou hoje o pedido de ajuda, como esperavam um bom número de países, que pedem "clareza" à Espanha , depois que no último dia 9 ofereceram até 100 bilhões de euros para recapitalizar os bancos espanhóis.

"Todo mundo esperava que a Espanha o solicitasse hoje", assegurou à Agência Efe uma fonte diplomática, que lembrou que vários governos atribuem à ausência desse pedido formal o nervosismo nos mercados.

De fato, após o anúncio de De Guindos e a publicação das necessidades de capital dos bancos, o prêmio de risco espanhol fechou em 507 pontos básicos, apesar ter chegado a situar-se em um mínimo diário de 490.


"Se a Espanha tivesse apresentado uma solicitação no fim de semana no qual foi acordado o empréstimo e tivesse quantificado suas necessidades, isso poderia ter relaxado as preocupações dos mercados. Mas, enquanto não houver nenhum pedido, isso deixa os mercados nervosos", disse em sua chegada à reunião do Eurogrupo o ministro das Finanças irlandês, Michael Noonan.

Seu colega belga, Steven Vanackere, também considerou necessária maior clareza para acalmar os investidores, enquanto o alemão Wolfgang Schäuble garantiu que o Eurogrupo atuará com "prontidão" uma vez que a Espanha faça a solicitação oficial.

De Guindos, no entanto, minimizou a importância do pedido de ajuda, que qualificou de "mera formalidade", e ressaltou que o importante hoje é definir os detalhes da assistência.

O ministro espanhol advertiu que a negociação "não é simples" e acredita que "antes do final de julho" haverá "uma aproximação muito certa e muito detalhada de como se realizará todo o processo".

Entre os aspectos a esclarecer está a decisão sobre que fundo de resgate europeu será utilizado, se o temporário Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) ou do permanente Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), cuja entrada em vigor está prevista para o próximo mês.

De Guindos assegurou hoje que o MEDE é "ideal do ponto de vista do que é a injeção de capital aos bancos que, em última instância, é o que a Espanha está fazendo".

Madri procura alguma fórmula que permita limitar o impacto do crédito europeu em sua dívida e déficit, embora até agora tenha esbarrado com a negativa dos sócios europeus.


A via que defendia inicialmente, a recapitalização direta dos bancos sem passar pelo Estado, não está prevista nas normas do FEEF nem do MEDE.

As deste segundo, no entanto, incluem um artigo que outorga ao Conselho de Governadores (os 17 ministros de Finanças da eurozona) o poder de modificar a via de atuação do fundo, mas isso requereria o consenso.

A Alemanha, que tem uma parcela de contribuição de 27% ao MEDE, resiste frontalmente porque entende que em troca de ajuda, os governos devem ceder parte de sua soberania e fazer seus deveres, segundo reiteraram hoje fontes diplomáticas.

Embora esse fundo permanente de resgate abra uma porta a algum compromisso que permita diminuir o impacto da ajuda aos bancos nas contas do Estado espanhol, coloca também o problema que - ao contrário do FEEF - teria preferência de cobrança frente a outros credores e isso poderia afugentar investidores privados.

Além disso, o processo de ratificação do MEDE - que deve entrar em vigor ao longo de julho - poderia desacelerar-se na Alemanha depois que hoje o Tribunal Constitucional pediu tempo para estudar o texto.

Junto ao assunto de que fundo será utilizado, a Espanha negocia com seus sócios as condições do resgate, entre elas a taxas de juros e os prazos de devolução.

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Luxemburgo - O governo espanhol anunciou nesta quinta-feira que apresentará nos "próximos dias" a seus sócios europeus a solicitação formal do empréstimo para recapitalizar seus bancos, apesar de alguns países terem pressionado a fazê-lo imediatamente, e advertiu que os detalhes desta ajuda não estarão prontos até o final de julho.

O ministro de Economia espanhol, Luis de Guindos, apresentou hoje ao Eurogrupo os resultados das auditorias independentes nos bancos espanhóis, que determinaram que o setor bancário do país necessitará até 62 bilhões de euros.

No Brasil para a Rio+20, o presidente do governo, Mariano Rajoy, afirmou que espera que, uma vez conhecidas as necessidades, a ajuda europeia aos bancos seja aprovada "o mais rápido possível", porque sanear o sistema bancário é "um passo imprescindível para o processo de recuperação da economia espanhola".

No entanto, e apesar de contar já com a avaliação sobre o setor bancário, De Guindos não formalizou hoje o pedido de ajuda, como esperavam um bom número de países, que pedem "clareza" à Espanha , depois que no último dia 9 ofereceram até 100 bilhões de euros para recapitalizar os bancos espanhóis.

"Todo mundo esperava que a Espanha o solicitasse hoje", assegurou à Agência Efe uma fonte diplomática, que lembrou que vários governos atribuem à ausência desse pedido formal o nervosismo nos mercados.

De fato, após o anúncio de De Guindos e a publicação das necessidades de capital dos bancos, o prêmio de risco espanhol fechou em 507 pontos básicos, apesar ter chegado a situar-se em um mínimo diário de 490.


"Se a Espanha tivesse apresentado uma solicitação no fim de semana no qual foi acordado o empréstimo e tivesse quantificado suas necessidades, isso poderia ter relaxado as preocupações dos mercados. Mas, enquanto não houver nenhum pedido, isso deixa os mercados nervosos", disse em sua chegada à reunião do Eurogrupo o ministro das Finanças irlandês, Michael Noonan.

Seu colega belga, Steven Vanackere, também considerou necessária maior clareza para acalmar os investidores, enquanto o alemão Wolfgang Schäuble garantiu que o Eurogrupo atuará com "prontidão" uma vez que a Espanha faça a solicitação oficial.

De Guindos, no entanto, minimizou a importância do pedido de ajuda, que qualificou de "mera formalidade", e ressaltou que o importante hoje é definir os detalhes da assistência.

O ministro espanhol advertiu que a negociação "não é simples" e acredita que "antes do final de julho" haverá "uma aproximação muito certa e muito detalhada de como se realizará todo o processo".

Entre os aspectos a esclarecer está a decisão sobre que fundo de resgate europeu será utilizado, se o temporário Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) ou do permanente Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), cuja entrada em vigor está prevista para o próximo mês.

De Guindos assegurou hoje que o MEDE é "ideal do ponto de vista do que é a injeção de capital aos bancos que, em última instância, é o que a Espanha está fazendo".

Madri procura alguma fórmula que permita limitar o impacto do crédito europeu em sua dívida e déficit, embora até agora tenha esbarrado com a negativa dos sócios europeus.


A via que defendia inicialmente, a recapitalização direta dos bancos sem passar pelo Estado, não está prevista nas normas do FEEF nem do MEDE.

As deste segundo, no entanto, incluem um artigo que outorga ao Conselho de Governadores (os 17 ministros de Finanças da eurozona) o poder de modificar a via de atuação do fundo, mas isso requereria o consenso.

A Alemanha, que tem uma parcela de contribuição de 27% ao MEDE, resiste frontalmente porque entende que em troca de ajuda, os governos devem ceder parte de sua soberania e fazer seus deveres, segundo reiteraram hoje fontes diplomáticas.

Embora esse fundo permanente de resgate abra uma porta a algum compromisso que permita diminuir o impacto da ajuda aos bancos nas contas do Estado espanhol, coloca também o problema que - ao contrário do FEEF - teria preferência de cobrança frente a outros credores e isso poderia afugentar investidores privados.

Além disso, o processo de ratificação do MEDE - que deve entrar em vigor ao longo de julho - poderia desacelerar-se na Alemanha depois que hoje o Tribunal Constitucional pediu tempo para estudar o texto.

Junto ao assunto de que fundo será utilizado, a Espanha negocia com seus sócios as condições do resgate, entre elas a taxas de juros e os prazos de devolução.

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