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Endividamento tem alta e atinge 69% das famílias, diz FecomercioSP

Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) foi feita em setembro pela FecomercioSP com 2.200 consumidores

Em setembro, 69,2% da população tinha alguma dívida em andamento (boonchai wedmakawand/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de outubro de 2021 às 19h59.

Última atualização em 6 de outubro de 2021 às 20h09.

De cada dez famílias residentes na capital paulista, sete estão endividadas. É o que mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) feita em setembro pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com 2.200 consumidores.

Segundo a mostra, no mês passado, 69,2% da população tinha alguma dívida em andamento. A pesquisa aponta a décima evolução consecutiva do endividamento na capital paulista, cidade que sozinha tem um peso de 10,20% no produto interno bruto (PIB) nacional.

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Em relação a setembro de 2020, a alta foi ainda mais significativa. Avançou 10,7 pontos percentuais, o que significa dizer que são 2,76 milhões de lares com algum tipo de dívida, 81.000 a mais em relação ao mês anterior, e um adicional de 442.000 famílias de setembro do ano passado para setembro deste ano.

Do ponto de vista econômico, aumento de endividamento não é necessariamente um evento ruim, pois pode indicar mercado de crédito ofertante, pessoas consumindo mais ou investindo. O problema é quando as estatísticas de endividamento são acompanhadas de alta de inadimplência, que foi o que a FecomercioSP detectou em setembro.

Os atrasos saltaram de 18,8% do total das dívidas em agosto para 19% em setembro. Segundo a Peic, em termos absolutos, são 759.000 famílias que não conseguiram pagar a dívida até a data de seu vencimento, 10.000 a mais em relação ao mês anterior. Em setembro de 2020, eram 717.000.

Inflação x consumo

Para manter o consumo diante da inflação, o cartão de crédito e os carnês são as opções mais recorrentes na hora de adquirir uma dívida. Em setembro, o percentual de endividados na modalidade cartão é o maior já registrado na série histórica: 81,1%. Há um ano, o percentual era de 72,8%. Já os carnês, no mês, registram 20,5% de famílias endividadas, maior nível desde 2015, segundo a pesquisa da Fecomercio.

Entre as famílias que recebem menos de dez salários-mínimos, a taxa de endividados atingiu 71,1%, enquanto no grupo de renda mais alta, 63,5%. Parte deste aumento está relacionada à expansão do consumo via crédito em decorrência da retomada da economia e da reabertura, quase que de forma integral, dos estabelecimentos.

Intenção de consumo

O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), por exemplo, obteve crescimento de 3,5%, ao passar de 69 pontos, no mês anterior, para os atuais 71,4 pontos. Apesar da melhora, o indicador, assim como os demais que compõem o índice, está abaixo dos 100 pontos, ou seja, permanece na área de insatisfação.

O desempenho mais favorável das variáveis componentes do ICF é influenciado por itens relacionados não ao cotidiano, mas ao futuro próximo. Desta forma, enquanto Emprego Atual (81,1 pontos) e Perspectiva Profissional (86,3), apontaram alta de 5% e 6,7%, respectivamente, o nível de consumo apresentou queda de 0,6% e atingiu 56,2 pontos.

"Como o cotidiano não melhorou de forma significativa, as famílias consideram um mau momento para compra de produtos como geladeira, fogão, televisor etc. Assim, o subíndice Momento para Duráveis ficou praticamente estável, com queda de 0,2% e atingiu 42,9 pontos, a pior avaliação entre os demais", afirmam os técnicos da FecomercioSP.

A Expectativa do Consumidor, que subiu 3%, e as Condições Econômicas Atuais, com resultado tecnicamente estável com variação de 0,2%, puxaram, em setembro, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que registrou aumento de 2,4%, ao passar de 112 pontos, em agosto, para os 114,7 do mês.

Cedo para comemorar

Os indicadores de confiança estão se beneficiando do fato de consumidores estarem olhando favoravelmente para os próximos meses. No entanto, na avaliação da Federação, os índices só irão melhorar de maneira realista quando houver uma geração de emprego mais sólida e consistente da economia, dando segurança para expandir o consumo, também via crédito, sabendo que conseguirão arcar com estes compromissos.

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