Economia

Eletropaulo pode voltar ao Estado após default da AES

A situação da Eletropaulo se complicou ainda mais com a decisão de sua controladora - a AES Elpa -- de não pagar a parcela de 85 milhões de dólares de sua dívida de 542 milhões de dólares com o BNDES que vencia nesta sexta-feira. Com a decisão, a Eletropaulo entrou em default técnico, conforme comunicado […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h41.

A situação da Eletropaulo se complicou ainda mais com a decisão de sua controladora - a AES Elpa -- de não pagar a parcela de 85 milhões de dólares de sua dívida de 542 milhões de dólares com o BNDES que vencia nesta sexta-feira. Com a decisão, a Eletropaulo entrou em default técnico, conforme comunicado feito pela própria empresa ao mercado hoje pela manhã. Com isso, o banco pode requerer as garantias que foram oferecidas pelo empréstimo, como as ações ordinárias da Eletropaulo --ou 78% do total, que garantem o controle da companhia-- e outros ativos do grupo norte-americano no país.

A questão agora é saber como os outros credores vão se comportar diante dessa situação. "Acho muito difícil que, a partir de agora, a AES consiga recursos no mercado para pagar seus compromissos com o BNDES", afirma o analista de um banco que acompanha o setor elétrico.

A expectativa do mercado é sobre qual será a política do governo Lula para a Eletropaulo. A resposta virá através do percentual de reajuste de tarifa que será autorizado para a empresa. É dessa política que irá depender o futuro da Eletropaulo no Brasil. A resposta, porém, ainda demora. Somente em julho será definido o percentual que a companhia vai poder praticar. Temos que aguardar para ver se o governo será bonzinho, justo ou mau para a empresa , diz um analista de mercado.

Por bonzinho , entende-se autorizar reajustes próximos ao resultado IGP-M acumulado no ano. Só há um problema. Pelo contrato de concessão, a Eletropaulo não teria mais direito a repassar integralmente o IGP-M para as tarifas já que deveria estar na fase em que os ganhos de produtividade permitiriam reajustes menores. Só que isso não foi conseguido.

Com toda essa indefinição, a Eletropaulo está hoje em uma situação que os bancos podem pedir falência da empresa. No entanto, não é o que se espera. Por enquanto, acredita-se que os credores vão aguardar pelo tratamento que governo dará à empresa para só então tomarem uma decisão. A dívida total da Eletropaulo é de 6 bilhões de reais. Mesmo com esse quadro dramático, não houve muita oscilação nas ações da companhia. Mas a explicação se deve ao fato de as cotações da Eletropaulo já estarem muito baixa. As ações da companhia sofreram uma desvalorização de 60% no ano passado.

De acordo com o fato relevante divulgado pela AES ao mercado, a parcela que deixou de ser paga hoje refere-se à dívida contraída pelo grupo para comprar ações ordinárias da Eletropaulo. De acordo com o contrato do banco com a empresa, em caso de inadimplência das parcelas, o BNDES tem direito a declarar vencida a totalidade da dívida, de 817 milhões de reais que a Eletropaulo tem com o BNDES. Além disso, o não pagamento garante ao banco estatal o direito de declarar antecipadamente vencida uma dívida de cerca de 820 milhões de reais da empresa com o BNDES.

O mercado não acredita que o banco tomará uma atitude mais drástica em relação a Eletropaulo até que o governo decida um novo caminho para o combalido setor elétrico brasileiro. O BNDES não quis se manifestar sobre o assunto alegando sigilo bancário. Mas, acredita-se no mercado, que se buscará uma situação para crise já que a outra a alternativa é ser decretada a falência da empresa cujos ativos passariam a ser administrados novamente pela União. Ou seja, a temida reestatização que o presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, já disse que o governo quer evitar.

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