Economia

Economistas veem Brasil crescendo mais após resultado do 2º tri

A estimativa de parte dos analistas para o crescimento econômico deste ano, antes mais próxima da estabilidade, deve ficar acima de 0,5%

Dinheiro: o PIB do país cresceu 0,2% entre abril e junho na comparação com os três meses anteriores (./Thinkstock)

Dinheiro: o PIB do país cresceu 0,2% entre abril e junho na comparação com os três meses anteriores (./Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 1 de setembro de 2017 às 15h54.

São Paulo - O crescimento mais forte do que o previsto da economia brasileira no segundo trimestre está provocando uma onda de melhora nas projeções sobre o Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, embora a resistente retração dos investimentos evite que seja uma retomada forte.

A estimativa de parte dos analistas para o crescimento econômico deste ano, antes mais próxima da estabilidade, deve ficar acima de 0,5 por cento. Não é nada espetacular, ainda mais se lembrar que o país passou por grave recessão em 2015 e 2016, mas mostra recuperação ligeiramente mais acelerada.

"A dinâmica de crescimento deve se sustentar ao longo dos próximos trimestre. Os fundamentos estão melhores", afirmou a sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro, para quem o PIB deste ano deve avançar para algo próximo de 0,5 por cento, ante previsão de 0,3 por cento.

Impulsionado sobretudo pelo consumo das famílias, mas também com destaque para serviços, o PIB do país cresceu 0,2 por cento entre abril e junho na comparação com os três meses anteriores, acima do esperado em pesquisa da Reuters, que apontava expansão de 0,1 por cento no período.

Os economistas justificaram o melhor cenário para a economia neste ano diante da queda mais acentuada da inflação e da taxa básica de juros, bem como a melhora do mercado de trabalho. Além disso, a expansão vista no trimestre passado foi mais diluída entre as áreas, seja pela ótica da demanda ou da oferta, o que ajuda a atividade.

Entre janeiro e março passados, a economia cresceu 1 por cento, mas sustentada sobretudo pelo excelente desempenho do setor agropecuário, com safras recordes.

"O efeito da política monetária pode levar o crescimento para perto de 1 por cento (neste ano)", afirmou o economista-chefe do banco Fibra, Cristiano Oliveira, que previa avanço de 0,7 por cento e que a Selic encerrará o ano em 7 por cento. Atualmente, a taxa básica de juros está em 9,25 por cento ao ano

A última pesquisa semanal Focus do Banco Central já havia sinalizado leve melhora na expectativa para a economia, com projeção de avanço de 0,39 por cento no PIB deste ano, ante 0,34 por cento.

Na conta dos analistas ouvidos pela Reuters, a herança estatística do resultado dos dois primeiros trimestres para o resto do ano é de 0,47 por cento. Ou seja, mesmo que o país fique estagnado no segundo semestre, no fechado de 2017 a expansão será de 0,47 por cento.

"Na esteira da crise (política) de maio, imaginávamos impacto maior na economia que, por não ter acontecido, nos fez rever a projeção (de crescimento do PIB) deste ano de 0,3 para 0,7 por cento" disse o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale.

Investimento

A retomada da atividade se dará com mais firmeza a partir de 2018, mas dependerá do desempenho dos investimentos, que não têm dado sinais de recuperação e colocam dúvidas entre os especialistas.

"A retomada do investimento é um componente essencial para a economia no próximo ano, mas há grande incerteza. Vai depender, por exemplo, do bom humor com o início do processo eleitoral", afirmou a pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Silvia Matos.

Se os candidatos com discursos reformistas aparecerem bem colocados nas pesquisas de intenção de voto para presidente, os empresários podem se sentir mais estimulados a tirar novos projetos do papel, acrescentou ela.

No segundo trimestre, os investimentos seguiram perdendo força, com recuo de 0,7 por cento na comparação com o intervalo de janeiro a março e de 6,5 por cento em relação a um ano antes.

"O consumo não vai crescer de forma persistente sem o investimento", afirmou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

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