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Economia mundial ainda precisa superar desafios, diz FMI

FMI comemora bons resultados, mas lembra que ainda há um longo caminho para a recuperação financeira

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2010 às 09h44.

WASHINGTON (AFP) - Embora os sinais de recuperação da economia sejam animadores, ainda "subsistem muitos desafios" que devem ser enfrentados coletivamente, declarou este sábado, em Washington, o comitê diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Além disso, o Fundo recomendou aos países da América Latina, que superaram bem a crise, a implementação de medidas para lidar com a situação favorável, evitando os altos e baixos do passado, citando o Brasil como o exemplo perfeito do país "que terá que saber lidar com as dificuldades associadas ao êxito e a ser considerada uma economia promissora".

Os 186 membros do Fundo Monetário Internacional (FMI) reiteraram, este sábado, o compromisso com "níveis sustentáveis" da dívida pública, em um momento em que a crise grega força a mobilização de recursos da União Europeia e do próprio Fundo.

"Os sinais de uma recuperação econômica são animadoras, mas subsistem muitos desafios que devem ser enfrentados coletivamente", explicou em um comunicado.

"Estamos muito comprometidos em manter finanças públicas e riscos da dívida sustentáveis", acrescentou o texto.

"Fortalecer a regulamentação financeira, sua supervisão e sua resistência continua sendo uma tarefa crítica, mas incompleta", advertiram.

O Fundo e seus membros continuarão debatendo as opções para que "o setor financeiro possa realizar uma contribuição justa e substancial para compensar o extraordinário apoio governamental" durante a crise financeira passada, destacou o texto acertado após reunião, realizada durante a plenária semestral do FMI.

Estas opções deverão respeitar "as circunstâncias de cada país", acertaram os membros do Fundo.

As negociações internas para reformar as cotas de poder e o funcionamento do Fundo continuarão e deverão estar prontas em janeiro 2011, acrescentou o comitê financeiro e econômico do Fundo em seu texto.

Aos países da América Latina, o diretor do FMI para a região, Nicolás Eyzaguirre, alertou que "a experiência nos mostra que um financiamento externo abundante e barato eleva o risco de um ciclo de altos e baixos, que potencialmente cria um aumento da demanda doméstica e do crédito, uma bolha de preços dos ativos e déficit das contas correntes".

Os países latino-americanos se beneficiam da recuperação global, dos altos preços das matérias-primas e do aumento da liquidez, destacou o diretor regional do Fundo, para quem a América Latina crescerá este ano cerca de 4%, o que repetirá em 2011.

O desafio agora é "implementar uma série de políticas para aproveitar os 'ventos de popa' da situação global", que incluem "condições acessíveis de financiamento externo" e "os altos preços" das matérias-primas, de cuja exportação depende grande parte da região, afirmou.

O FMI recomendou manter flexível o tipo de câmbio, diminuir ou até mesmo reverter pacotes de estímulo aplicados durante a crise e políticas "prudenciais" de disciplina fiscal e macroeconômica.

E se isto "não parecer suficiente", os países podem impor "impostos aos fluxos de capitais cuidadosamente desenhados", acrescentou Eyzaguirre.

A situação favorável "provavelmente se manterá, mas o mais certo é que não seja permanente, o que cria riscos potenciais", disse Eyzaguirre. O objetivo, então, é "como aplicar políticas para lidar com o retorno dos bons tempos, considerando que eles não durarão para sempre", destacou.

Eyzaguirre disse que o Brasil é o exemplo perfeito do país "que terá que saber como lidar com as dificuldades associadas ao êxito e a ser considerada uma economia promissora".

O governo brasileiro, avaliou, deve considerar por em prática "todos os instrumentos do pacote": apreciação de sua moeda, por em "ponto neutro" o estímulo fiscal, aplicar regulamentações "prudenciais" e taxar os fluxos de capital.

No extremo oposto estaria a Venezuela, que é um caso único na região, um dos três países latino-americanos que verão, este ano, uma queda de seu Produto Interno Bruto: 2,6%.

Esta situação se explica pela queda da atividade privada no país, afetada por frequentes cortes de energia, explicou Gilbert Terrier, assessor do FMI para a América Latina.

Para os países da região que dependem, em maior medida, das remessas e do turismo, como os centroamericanos e do Caribe, a capacidade para dar "estímulo macroeconômico tem sido quase totalmente consumida, razão pela qual agora deve haver uma economia prudente para cenários negativos", disse Eyzaguirre.

Ainda assim, se ficar difícil sustentar a política fiscal, "os esforços devem se concentrar em manter medidas dirigidas a aliviar as privações dos pobres", acrescentou o diretor do FMI.

 

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