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Economia global depende mais do que nunca de descoberta de vacina

Diante do surto de coronavírus, consumidores permanecerão ansiosos e empresas deverão seguir medidas rígidas de restrição

Coronavírus: pandemia afetou a economia do mundo todo (Kevin Lamarque/File Photo/Reuters)
BC

Beatriz Correia

Publicado em 26 de maio de 2020 às 04h45.

Enquanto partes da economia global se preparam para a reabertura, fica cada vez mais claro que a recuperação total da pior crise desde a década de 1930 será impossível sem uma vacina ou tratamento para o coronavírus .

Consumidores permanecerão ansiosos, e empresas ficarão de mãos atadas por medidas como medições de temperatura e regras de distanciamento nos locais de trabalho, restaurantes, escolas, aeroportos, estádios e muito mais.

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A China - a primeira grande economia atingida pelo vírus e a primeira a emergir do confinamento - conseguiu retomar a produção, mas não a demanda. A lição para outras economias: o caminho da normalidade será de paradas e reinícios.

Há também o risco de novos surtos. Cerca de 108 milhões de pessoas na região nordeste da China foram submetidas a vários níveis de confinamento em meio a um novo foco de infecções. Médicos também têm observado mudanças nos novos casos de coronavírus da região, sugerindo que o vírus pode estar mutando de maneiras desconhecidas.

Na Coreia do Sul - onde o vírus foi controlado sem medidas rígidas de isolamento social -, os gastos do consumidor permanecem fracos diante de casos que continuam a aparecer.

A resposta da Suécia, altamente debatida, deixou grande parte da economia funcionando, mas o país ainda pode registrar a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.

Isso significa que governos globais - que já anunciaram trilhões de dólares em apoio fiscal e monetário - precisarão manter os estímulos para evitar ainda mais falências de empresas e demissões. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, alertou que uma recuperação completa só será possível com a ajuda dos cientistas, um alerta ecoado pelo presidente do banco central australiano.

“Se não conseguirmos avanços na área médica, acho que será uma recuperação bastante lenta”, disse o presidente do banco central da Austrália, Philip Lowe, na semana passada.

Carmen Reinhart, professora da Universidade Harvard e recém-nomeada economista-chefe do Banco Mundial, tem uma mensagem semelhante. “Não teremos algo parecido com a normalização total, a menos que (a) tenhamos uma vacina e (b) - e isso é muito importante - se a vacina estiver acessível à população global em larga escala”, disse em entrevista à Harvard Gazette.

Pesquisa realizada pelo Bank of America com gestores de recursos revelou que o maior obstáculo seria uma segunda onda do vírus, o que significa que restrições teriam que ser impostas novamente. Apenas 10% esperam uma recuperação rápida, disse o banco em relatório.

A fusão de quando fármacos bem-sucedidos serão encontrados e quando as economias voltarão ao normal domina o clima nos mercados financeiros

“Existe uma recompensa global pelo vírus”, disse Stephen Jen, que administra a empresa de consultoria e hedge fund Eurizon SLJ Capital, em Londres. “Não vejo como pode ser mais sensato investidores apostarem no vírus do que apostar em ciência, tecnologia e capital político e financeiro ilimitado no mundo para conter e derrotar o vírus.”

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