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Do etanol à abobrinha: veja os produtos que mais subiram de preço
O IPCA, principal índice de inflação no Brasil, acumula alta de 9,68% em 12 meses. Veja os produtos que mais subiram neste ano — o campeão de alta é o pepino, que subiu 78%
Carolina Riveira
Publicado em 9 de setembro de 2021 às 10h36.
Última atualização em 9 de setembro de 2021 às 11h14.
A inflação caminha para fechar o ano em seu pior patamar no Brasil desde 2015. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou em alta de 0,87% em agosto, e acumula crescimento de 9,68% nos últimos 12 meses.
Nos números divulgados nesta quinta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo que mais teve alta de preços foi o dos transportes, puxado pelo aumento de preço dos combustíveis.
No ano, no entanto, grupos como a energia elétrica e a alimentação também enfrentam alta.
Individualmente, o preço desses produtos subiu muito mais do que a inflação geral acumulada no mesmo período, de janeiro até agosto, que foi de 5,67%.
O campeão é o pepino, que subiu 78% entre janeiro e agosto. Se contabilizado só o mês de agosto, todos os itens que mais subiram individualmente também são do grupo de alimentos e de combustíveis.
Outros produtos subiram menos, mas também variaram a ponto de pesar no bolso do consumidor.
Na frente de tecnologia e entretenimento, os serviços de streaming, por exemplo, acumulam alta de 11,52% no ano, os televisores, de 13,21%, e os consoles de videogame, de quase 14%, todos entre as 60 maiores altas do ano. O automóvel usado acumula alta de 8,92%.
Já a energia elétrica subiu 10,61% em 2021 e 21% nos últimos 12 meses até agosto, incluindo o fim do ano passado. O preço deve seguir a trajetória de alta em setembro, com a seca e novas tarifas de emergência da Agência Nacional de Energia Elétrica passando a valer.
Abaixo, veja os itens que mais subiram no Brasil no acumulado de 2021, segundo a métrica nacional do IPCA, e os que mais subiram em agosto.
Maiores altas no acumulado de 2021, de janeiro a agosto:
- Pepino 78,51%
- Abobrinha 72,90%
- Pimentão 58,18%
- Etanol 40,75%
- Revista 34,72%
- Gasolina 31,09%
- Gás veicular 30,12%
- Óleo diesel 28,02%
- Açúcar refinado 27,11%
- Fubá de milho 25,05%
- Mandioca (aipim) 24,93%
- Repolho 23,82%
- Gás de botijão 23,79%
Maiores altas nos subgrupos do IPCA no mês de agosto:
- Tubérculos, raízes e legumes 8,01%
- Hortaliças e verduras 5,17%
- Frutas 3,90%
- Aves e ovos 3,66%
- Combustíveis (veículos) 2,96%
- Combustíveis (domésticos) 2,42%
Variação nos grupos gerais do IPCA no mês de agosto:
- Índice Geral 0,87%
- Transportes 1,46%
- Alimentação e Bebidas 1,39%
- Vestuário 1,02%
- Artigos de Residência 0,99%
- Habitação 0,68%
- Despesas Pessoais 0,64%
- Educação 0,28%
- Comunicação 0,23%
- Saúde e Cuidados Pessoais -0,04%
O que leva à alta dos preços?
No geral, fatores como o dólar alto, alta nas exportações, preço do petróleo no exterior e a crise hídrica que afeta o preço da energia elétrica estão entre as principais frentes que têm elevado a inflação no Brasil desde o ano passado.
“O preço da gasolina é influenciado pelos reajustes aplicados nas refinarias de acordo com a política de preços da Petrobras. O dólar, os preços no mercado internacional e o encarecimento dos biocombustíveis são fatores que influenciam os custos, o que acaba sendo repassado ao consumidor final”, disse em nota nesta quinta-feira o analista de pesquisa do IBGE, André Filipe Guedes Almeida.
Alguma inflação é esperada em todo o mundo devido à retomada econômica, que impulsiona a demanda. Mas o Brasil vive um cenário complexo, com inflação galopante apesar do desemprego ainda muito alto, acima de 14%.
A crise hídrica que o Brasil vive neste inverno tem feito decolar os preços da energia elétrica, uma das principais altas no ano, tanto o custo para os consumidores quanto para toda a cadeia produtiva.
Com a alta da inflação, novos aumentos na taxa de juros são dados como certos. A taxa Selic está em 5,25% no momento, mas a projeção é que feche o ano beirando os 8%.
Por outro lado, economistas alertam que a alta de juros, uma das principais ferramentas usadas para conter a inflação, não deve resolver totalmente o problema, uma vez que o problema desta vez vem dos gargalos de oferta — como a falta de energia elétrica, exportações de alimentos em altas e desafios na cadeia produtiva globalmente.