Demanda por voos deve ser de apenas 43% do nível pré-pandemia
Previsão anterior da Iata era de 51%; o prejuízo total das companhias aéreas em 2021 deve ficar em torno de 47 bilhões de dólares
Ivan Padilla
Publicado em 21 de abril de 2021 às 12h50.
Última atualização em 21 de abril de 2021 às 12h57.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) cortou sua projeção para o ritmo de recuperação da indústria em 2021. Agora, espera que a demanda global por transporte aéreo de passageiros (medida em RPK, ou passageiros-quilômetros pagos transportados) alcance apenas 43% do nível pré-pandemia , cuja base é o ano de 2019. Em dezembro de 2020, a previsão para este ano era de chegar a 51% do nível pré-pandemia.
Em anúncio feito nesta quarta-feira, 21, o economista-chefe da Iata, Brian Pearce, afirmou que, devido a atrasos nos cronogramas de vacinação contra a covid-19 em diferentes regiões do mundo, e seu impacto sobre o ritmo da retomada do setor no segundo semestre, o prejuízo total das companhias aéreas em 2021 deve ficar entre 47 bilhões e 48 bilhões de dólares. Antes, a estimativa era de que o rombo somasse 38 bilhões de dólares.
Segundo Pearce, as perdas são, ainda assim, de duas a três vezes menores do que no ano passado. "As companhias aéreas estão fazendo progresso, mas teremos de esperar até 2022 para a indústria zerar os prejuízos ou voltar à lucratividade", disse.
O economista destacou que não há muitas falências de empresas da indústria mesmo diante de um choque financeiro tão dramático como o provocado pelo novo coronavírus. Porém, pontuou que o custo da sobrevivência vem sendo um aumento massivo do endividamento do setor. Pelos cálculos da Iata, a dívida das companhias aéreas cresceu 220 bilhões de dólares na pandemia como fruto de auxílios governamentais e emissões ao mercado.
"Isso vai moldar como as companhias aéreas têm de usar seu fluxo de caixa. Elas terão de desalavancar, porque esse nível de dívida não é sustentável", comentou.
Como o ritmo da vacinação em diferentes países é apontado pela Iata como o principal fator externo para determinar a velocidade da retomada da indústria, a associação expressa otimismo com os mercados domésticos dos Estados Unidos e do Reino Unido, onde a imunização avança rapidamente.
Dados da Airfinity projetam que os dois países tenham vacinado 75% de sua população até julho. Para o Brasil, a estimativa é chegar a esse patamar apenas em meados de 2022.
Pearce também destacou a força do transporte aéreo de carga, que em fevereiro deste ano alcançou volume 9% superior ao nível pré-pandemia. Ele reconheceu, contudo, que o segmento tem peso muito menor que o de passageiros na indústria, sendo insuficiente para compensar o nível de demanda 89% menor de fevereiro de 2021 na comparação com janeiro de 2020, antes de a covid ganhar terreno fora da China.
"Estamos esperando ver receitas fortes com transporte de cargas. Mas, para a indústria total, a expectativa é que a receita fique em 55% do nível de 2019", apontou o economista-chefe da Iata, acrescentando que as perspectivas são muito melhores para 2022 e 2023 em razão da vacinação. "A não ser que vejamos algumas das variantes do vírus se provarem resistentes às vacinas, a recuperação nos próximos dois anos será bem significativa", concluiu.
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