Custo do Brexit para Reino Unido já atinge US$ 170 bilhões
Valor estimado pela Bloomberg Economics é baseado no prejuízo causado pelo distanciamento do Grupo dos Sete nos últimos três anos
Ligia Tuon
Publicado em 12 de janeiro de 2020 às 08h00.
Última atualização em 12 de janeiro de 2020 às 09h00.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson , quer “liberar o potencial” do país. Mas, primeiro, a economia precisa recuperar o atraso com o resto do mundo.
Pesquisa da Bloomberg Economics estima que o custo econômico do Brexit já atingiu 130 bilhões de libras (US$ 170 bilhões), com outros 70 bilhões de libras a serem somados até o fim deste ano. O valor é baseado no prejuízo causado pelo distanciamento do Grupo dos Sete nos últimos três anos.
Embora o crescimento global também tenha esfriado nos últimos anos, a análise da Bloomberg Economics mostra que o Reino Unido ainda assim ficou para trás. Existe uma forte correlação histórica entre o Reino Unido e os países do G-7. Mas há divergências desde o referendo para deixar a UE, e a economia britânica está 3% menor, o que não teria ocorrido caso a relação tivesse sido mantida.
O Reino Unido está finalmente pronto para deixar a União Europeia no fim deste mês após a decisiva vitória de Johnson nas eleições. Mas a incerteza desde o referendo de 2016 causou danos. O investimento das empresas, em particular, está estagnado e o crescimento econômico anualizado caiu pela metade, de 2% para 1%.
Dan Hanson, economista para Reino Unido da Bloomberg Economics, estima que o custo total do Brexit até o fim de 2020 seja de 200 bilhões de libras, já que a incerteza continua a afetar empresas e consumidores.
Embora o acordo de Johnson com a UE no fim do ano passado tenha eliminado a ameaça iminente de uma saída sem acordo, ele ainda precisa negociar novos pactos comerciais. Isso cria outra potencial ameaça no fim do ano.
O governo continua otimista. Com a expectativa do orçamento em março - a primeira grande oportunidade de decifrar os planos econômicos do novo governo de maioria conservadora -, o ministro das Finanças, Sajid Javid, prometeu uma “década de renovação”. Cortes de impostos e aumento de empréstimos para investimentos estão na agenda.
Apesar disso, nenhum terreno perdido desde 2016 deve ser recuperado, segundo Hanson.
“Olhando além de 2020, prevemos que o impulso de crescimento neste ano será temporário - a economia receberá uma injeção, mas a alavanca cíclica não vai durar”, disse. “À medida que o Reino Unido aceita sua nova relação comercial com a UE e enfrenta o desafio da produtividade que afeta o crescimento desde a crise financeira, é provável que o custo anual do Brexit continue aumentando.”
(Com a colaboração deZoe Schneeweiss).