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Crise gera trabalho aos mais odiados do setor de petróleo

O setor energético teve 26 recuperações judiciais no ano passado

Petróleo: o setor energético teve 26 recuperações judiciais no ano passado (ThinkStock)
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Da Redação

Publicado em 15 de janeiro de 2016 às 19h45.

O especialista em recuperação corporativa Jeff Huddleston nunca foi tão solicitado nem tão detestado.

Huddleston diz que se acostumou a ser “o cara mais odiado” da sala nos últimos 12 meses, quando o número de demissões no setor de petróleo superou 250.000 e as empresas tentavam encontrar modos de reduzir os gastos.

Os especialistas em recuperação, como ele, estão prestes a ficar ainda mais ocupados em 2016, assessorando as empresas para que elas possam continuar funcionando enquanto atravessam a pior queda do mercado de petróleo em décadas.

“Somos como símbolos vivos de algo que deu muito errado”, disse Huddleston, diretor administrativo da empresa de consultoria de reestruturação Conway MacKenzie em Houston.

O setor energético teve 26 recuperações judiciais no ano passado, um número maior do que o dos cinco anos anteriores juntos e mais do que qualquer outro setor da economia dos EUA, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Como não há perspectiva de que o mercado se recupere em breve, muitos outros produtores estão ficando sem opções.

A caixa de ferramentas de um assessor de reestruturação inclui demissões, cancelamento de contratos, redução da perfuração, vendas de ativos e recuperação judicial.

O sucesso deles em ajudar as companhias a sobreviver no longo prazo depende muito de se a diretoria os vê como salvadores ou como agentes funerários.

Huddleston prefere acreditar que ele é um cirurgião em um campo de batalha. “Ninguém quer me conhecer, mas quando é necessário, eu estou lá para ajudar”, disse ele.

Depósito sem janela

Huddleston pode adivinhar o que um cliente acha dele pelo lugar que lhe dão para trabalhar. Em 2014, um cliente colocou-em um depósito sem janela, onde ele equilibrava um laptop sobre uma mesa pequena perto da trituradora de papel.

Conquistar a confiança da diretoria pode ser a parte mais difícil do trabalho quando banqueiros ou investidores insatisfeitos obrigam uma empresa a se reestruturar, disse Seth Bullock, diretor administrativo da Alvarez Marsal em Houston, uma firma de recuperação.

Talvez alguns produtores de petróleo e gás que vinham conseguindo segurar as pontas agora estejam prontos para jogar a toalha, porque o mercado não está dando sinais de recuperação, disse Spencer Cutter, analista da Bloomberg Intelligence.

“Muita gente está disputando uma posição e tentando se preparar para o que considera ser uma reestruturação potencial e provável”, disse Cutter.

Taxa de calote

A taxa de calote corporativo dos EUA atingiu o patamar mais alto em quatro anos, e as empresas de energia são as maiores responsáveis por esse aumento.

As recuperações judiciais abrangeram desde a Hercules Offshore, proprietária da maior frota de plataformas em águas rasas no Golfo do México, até a empreiteira offshore Cal Dive International.

O petróleo bruto perdeu mais de 70 por cento do valor nos últimos 18 meses e caiu para menos de US$ 30 por barril nesta semana. Muitos analistas projetam que o mercado vai cair ainda mais no primeiro semestre de 2016.

O principal objetivo é evitar a recuperação judicial, disse Mike Saslaw, advogado especialista em energia da Vinson Elkins em Dallas. As companhias e os credores vão buscar formas de reestruturação fora do tribunal de recuperação judicial para não incorrer nesses custos e reter o maior valor possível na empresa, disse ele.

Venda de ativos

Os produtores de petróleo têm mais flexibilidade para vender ativos que muitas outras empresas. É mais fácil vender um campo de petróleo independente do que desemaranhar uma divisão com operações fabris espalhadas pelo país. Os profissionais de recuperação vão ficar ocupados com a administração dessas vendas.

Os especialistas em recuperação não quiseram dizer quem são seus clientes por causa da confidencialidade de seus acordos.

Como último recurso, a recuperação judicial pode ser a melhor opção para que uma empresa sobreviva, disse Saslaw, que compara o processo com tirar um esparadrapo. “Vai doer um pouco, mas às vezes é melhor acabar logo com isso”, disse ele.

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O especialista em recuperação corporativa Jeff Huddleston nunca foi tão solicitado nem tão detestado.

Huddleston diz que se acostumou a ser “o cara mais odiado” da sala nos últimos 12 meses, quando o número de demissões no setor de petróleo superou 250.000 e as empresas tentavam encontrar modos de reduzir os gastos.

Os especialistas em recuperação, como ele, estão prestes a ficar ainda mais ocupados em 2016, assessorando as empresas para que elas possam continuar funcionando enquanto atravessam a pior queda do mercado de petróleo em décadas.

“Somos como símbolos vivos de algo que deu muito errado”, disse Huddleston, diretor administrativo da empresa de consultoria de reestruturação Conway MacKenzie em Houston.

O setor energético teve 26 recuperações judiciais no ano passado, um número maior do que o dos cinco anos anteriores juntos e mais do que qualquer outro setor da economia dos EUA, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Como não há perspectiva de que o mercado se recupere em breve, muitos outros produtores estão ficando sem opções.

A caixa de ferramentas de um assessor de reestruturação inclui demissões, cancelamento de contratos, redução da perfuração, vendas de ativos e recuperação judicial.

O sucesso deles em ajudar as companhias a sobreviver no longo prazo depende muito de se a diretoria os vê como salvadores ou como agentes funerários.

Huddleston prefere acreditar que ele é um cirurgião em um campo de batalha. “Ninguém quer me conhecer, mas quando é necessário, eu estou lá para ajudar”, disse ele.

Depósito sem janela

Huddleston pode adivinhar o que um cliente acha dele pelo lugar que lhe dão para trabalhar. Em 2014, um cliente colocou-em um depósito sem janela, onde ele equilibrava um laptop sobre uma mesa pequena perto da trituradora de papel.

Conquistar a confiança da diretoria pode ser a parte mais difícil do trabalho quando banqueiros ou investidores insatisfeitos obrigam uma empresa a se reestruturar, disse Seth Bullock, diretor administrativo da Alvarez Marsal em Houston, uma firma de recuperação.

Talvez alguns produtores de petróleo e gás que vinham conseguindo segurar as pontas agora estejam prontos para jogar a toalha, porque o mercado não está dando sinais de recuperação, disse Spencer Cutter, analista da Bloomberg Intelligence.

“Muita gente está disputando uma posição e tentando se preparar para o que considera ser uma reestruturação potencial e provável”, disse Cutter.

Taxa de calote

A taxa de calote corporativo dos EUA atingiu o patamar mais alto em quatro anos, e as empresas de energia são as maiores responsáveis por esse aumento.

As recuperações judiciais abrangeram desde a Hercules Offshore, proprietária da maior frota de plataformas em águas rasas no Golfo do México, até a empreiteira offshore Cal Dive International.

O petróleo bruto perdeu mais de 70 por cento do valor nos últimos 18 meses e caiu para menos de US$ 30 por barril nesta semana. Muitos analistas projetam que o mercado vai cair ainda mais no primeiro semestre de 2016.

O principal objetivo é evitar a recuperação judicial, disse Mike Saslaw, advogado especialista em energia da Vinson Elkins em Dallas. As companhias e os credores vão buscar formas de reestruturação fora do tribunal de recuperação judicial para não incorrer nesses custos e reter o maior valor possível na empresa, disse ele.

Venda de ativos

Os produtores de petróleo têm mais flexibilidade para vender ativos que muitas outras empresas. É mais fácil vender um campo de petróleo independente do que desemaranhar uma divisão com operações fabris espalhadas pelo país. Os profissionais de recuperação vão ficar ocupados com a administração dessas vendas.

Os especialistas em recuperação não quiseram dizer quem são seus clientes por causa da confidencialidade de seus acordos.

Como último recurso, a recuperação judicial pode ser a melhor opção para que uma empresa sobreviva, disse Saslaw, que compara o processo com tirar um esparadrapo. “Vai doer um pouco, mas às vezes é melhor acabar logo com isso”, disse ele.

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