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Crescimento no governo Dilma é o pior em 24 anos

Fraco desempenho econômico do país no comando da presidente está fazendo com que o nome de Lula ecoe cada vez mais forte para as eleições de 2014

Homem vaia a presidente Dilma Rousseff durante seu discurso na Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios: estima-se que o crescimento anual registre uma média de 2,12% (REUTERS/Ueslei Marcelino)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2013 às 17h25.

A volta de Luiz Inácio Lula da Silva, mentor e antecessor da presidente Dilma Rousseff , está ganhando força entre os apoiadores dela porque seu partido está indo para as eleições presidenciais de 2014 com o menor crescimento econômico médio em 24 anos.

O índice de aprovação de Dilma despencou para o nível mais baixo no seu mandato, e, desde meados de junho, ela foi vaiada num estádio de futebol lotado e por vários prefeitos num evento público. Mais de um milhão de brasileiros saíram às ruas para protestar pela alta no custo de vida e a previsão é de queda no crescimento da economia. Os protestos passaram da raiva contra a alta dos preços do transporte público à insatisfação com a corrupção, a qualidade dos serviços públicos e as prioridades de gastos do governo.

Segundo economistas, estima-se que o crescimento econômico anual, durante o mandato de Dilma, registre uma média de 2,12 por cento – a menor durante uma presidência desde que Fernando Collor governou o país e foi obrigado a renunciar por denúncias de corrupção, em 1992. É uma grande diferença com a presidência de Lula, cujo crescimento médio foi de 4,1 por cento e chegou a 7,5 por cento no último ano da sua gestão, fazendo com que 40 milhões de brasileiros saíssem da pobreza.

A possível volta de Lula reflete a diminuição na confiança em Dilma e é possível que continue sendo assim no próximo ano, disse João Augusto de Castro Neves, analista para a América Latina na consultoria de riscos políticos Eurasia Group.

“Esses comentários sobre o retorno de Lula ganharam impulso devido ao declínio de Dilma nas pesquisas de opinião e na busca de uma liderança”, disse Neves em entrevista por telefone de Washington. “Será a eleição mais apertada e disputada em muito tempo”.

Sob a presidência de Dilma, o Banco Central cortou as taxas de juros até o nível recorde de 7,25 por cento, porém a inflação subiu minando o poder de compra dos consumidores. A partir de abril, os responsáveis pela política econômica aumentaram a taxa básica até 8,50 por cento e apontaram que o maior ciclo de ajuste do mundo neste ano continuará.


Disciplina fiscal

A disciplina fiscal também sofreu na presidência Dilma. O superávit primário passou de 2,77 por cento do PIB, no último ano da presidência de Lula, para 1,95 por cento no ano finalizado em maio. Os investidores temem que Dilma aumente ainda mais o gasto para satisfazer as exigências dos manifestantes, disse Tony Volpon, diretor de pesquisa de mercados emergentes, da Nomura Holdings Inc., em entrevista de Nova York, por telefone.

A inflação mais alta, as famílias mais endividadas e o recuo na expectativa dos consumidores e empresas causaram o desaquecimento do crescimento econômico. Na última pesquisa do Banco Central, os analistas reduziram suas expectativas de crescimento do PIB em 2013, pela décima semana consecutiva; espera-se uma expansão de 2,6 por cento para 2014 – muito longe da média de 7,4 por cento em 2010, último ano de Lula, que ajudou a tornar o Brasil um dos favoritos de Wall Street.

À sombra de Lula

Embora Dilma tenha tentado apartar-se da sombra de Lula, ela continua consultando-o regularmente desde que assumiu a presidência. Eles tiveram duas reuniões privadas depois dos protestos no mês passado.

O analista Cristiano Noronha, da consultoria Arko Advice, de Brasília, disse que Lula, que até agora não é presidenciável, tornou-se claro favorito. Porém, afirmou, diante da falta de alternativas, no ano que vem, Dilma poderia ser favorecida às eleições presidenciais.

O deputado Darcísio Paulo Perondi, da liderança do PMDB na Câmara dos Deputados, disse que a tendência de Dilma a centralizar decisões e sua falta de carisma deterioraram a relação com seus aliados no Congresso.

“Há muito descontentamento no partido, a presidente errou na política econômica, falhou com os serviços públicos e desprezou a política”, disse Perondi em entrevista de Brasília. “Se ela mudar a política econômica e se aproximar do Congresso, poderá recuperar-se, mas será uma tarefa titânica”.

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A volta de Luiz Inácio Lula da Silva, mentor e antecessor da presidente Dilma Rousseff , está ganhando força entre os apoiadores dela porque seu partido está indo para as eleições presidenciais de 2014 com o menor crescimento econômico médio em 24 anos.

O índice de aprovação de Dilma despencou para o nível mais baixo no seu mandato, e, desde meados de junho, ela foi vaiada num estádio de futebol lotado e por vários prefeitos num evento público. Mais de um milhão de brasileiros saíram às ruas para protestar pela alta no custo de vida e a previsão é de queda no crescimento da economia. Os protestos passaram da raiva contra a alta dos preços do transporte público à insatisfação com a corrupção, a qualidade dos serviços públicos e as prioridades de gastos do governo.

Segundo economistas, estima-se que o crescimento econômico anual, durante o mandato de Dilma, registre uma média de 2,12 por cento – a menor durante uma presidência desde que Fernando Collor governou o país e foi obrigado a renunciar por denúncias de corrupção, em 1992. É uma grande diferença com a presidência de Lula, cujo crescimento médio foi de 4,1 por cento e chegou a 7,5 por cento no último ano da sua gestão, fazendo com que 40 milhões de brasileiros saíssem da pobreza.

A possível volta de Lula reflete a diminuição na confiança em Dilma e é possível que continue sendo assim no próximo ano, disse João Augusto de Castro Neves, analista para a América Latina na consultoria de riscos políticos Eurasia Group.

“Esses comentários sobre o retorno de Lula ganharam impulso devido ao declínio de Dilma nas pesquisas de opinião e na busca de uma liderança”, disse Neves em entrevista por telefone de Washington. “Será a eleição mais apertada e disputada em muito tempo”.

Sob a presidência de Dilma, o Banco Central cortou as taxas de juros até o nível recorde de 7,25 por cento, porém a inflação subiu minando o poder de compra dos consumidores. A partir de abril, os responsáveis pela política econômica aumentaram a taxa básica até 8,50 por cento e apontaram que o maior ciclo de ajuste do mundo neste ano continuará.


Disciplina fiscal

A disciplina fiscal também sofreu na presidência Dilma. O superávit primário passou de 2,77 por cento do PIB, no último ano da presidência de Lula, para 1,95 por cento no ano finalizado em maio. Os investidores temem que Dilma aumente ainda mais o gasto para satisfazer as exigências dos manifestantes, disse Tony Volpon, diretor de pesquisa de mercados emergentes, da Nomura Holdings Inc., em entrevista de Nova York, por telefone.

A inflação mais alta, as famílias mais endividadas e o recuo na expectativa dos consumidores e empresas causaram o desaquecimento do crescimento econômico. Na última pesquisa do Banco Central, os analistas reduziram suas expectativas de crescimento do PIB em 2013, pela décima semana consecutiva; espera-se uma expansão de 2,6 por cento para 2014 – muito longe da média de 7,4 por cento em 2010, último ano de Lula, que ajudou a tornar o Brasil um dos favoritos de Wall Street.

À sombra de Lula

Embora Dilma tenha tentado apartar-se da sombra de Lula, ela continua consultando-o regularmente desde que assumiu a presidência. Eles tiveram duas reuniões privadas depois dos protestos no mês passado.

O analista Cristiano Noronha, da consultoria Arko Advice, de Brasília, disse que Lula, que até agora não é presidenciável, tornou-se claro favorito. Porém, afirmou, diante da falta de alternativas, no ano que vem, Dilma poderia ser favorecida às eleições presidenciais.

O deputado Darcísio Paulo Perondi, da liderança do PMDB na Câmara dos Deputados, disse que a tendência de Dilma a centralizar decisões e sua falta de carisma deterioraram a relação com seus aliados no Congresso.

“Há muito descontentamento no partido, a presidente errou na política econômica, falhou com os serviços públicos e desprezou a política”, disse Perondi em entrevista de Brasília. “Se ela mudar a política econômica e se aproximar do Congresso, poderá recuperar-se, mas será uma tarefa titânica”.

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