Economia

Copom deve elevar juros de 1 a 1,5 ponto percentual

A menos que o governo apareça com uma boa justificativa ou um plano B, o mercado financeiro dá como certo o aumento da taxa de juros nesta quarta-feira, que será definida na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central. Acredita-se que essa alta deve ficar entre 1 e 1,5 ponto percentual. "A […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h42.

A menos que o governo apareça com uma boa justificativa ou um plano B, o mercado financeiro dá como certo o aumento da taxa de juros nesta quarta-feira, que será definida na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central. Acredita-se que essa alta deve ficar entre 1 e 1,5 ponto percentual. "A política monetária deverá permanecer apertada ao menos durante o primeiro semestre de 2003, o que servirá para angariar maior credibilidade ao regime de metas de inflação e fortalecer a reputação do BC. Nova meta ajustada de 8,5% de inflação parece difícil de atingir", afirma o CSFB, que prevê uma alta de 1,5 ponto percentual. O banco relembra que a taxa de câmbio também está mais depreciada desde a última reunião (R$ 3,59 contra R$ 3,41 do mês passado).

"É possível que o BC opte por um aumento de juros menor, na reunião de fevereiro, para guardar munição para o caso de um conflito no Oriente Médio ter conseqüências, em termos de deterioração dos fundamentos do país, mais duradouras do que hoje os preços de mercado parecem sugerir", afirma o CSFB. Apenas o BBV acredita que esse não é o melhor momento para um choque de juros, devido ao cenário externo incerto ainda por causa de um eventual conflito com o Iraque. Mesmo assim, o banco acredita que a trajetória da economia permita uma alta de um ponto percentual.

"Prevalece no mercado a percepção de que a taxa básica de juros deveria ser elevada mais uma vez", afirma o Lloyds TSB. Para o banco, parte do mercado certamente vai sugerir uma alta mais forte (de 1 a 1,5 pontos percentuais), argumentando que tão logo os sinais de queda de inflação surgirem, o BC poderia agilizar e intensificar o recuo da taxa básica.

"Uma elevação da taxa de 25,5% para 26% ao ano seria consistente com as informações no momento. E, caso o cenário externo viesse a exigir uma atitude mais agressiva em algum momento, o BC se adequaria às novas condições", afirma. O dito cenário externo não está muito favorável. Apesar de Saddam Hussein apresentar as desejadas provas, o presidente americano George W. Bush insiste em procurar mais indícios de que o Iraque viola leis de segurança. No final de semana, o mundo inteiro realizou passeatas pela paz, pedindo essencialmente que Bush e o premiê britânico Tony Blair desistam de atacar o Iraque. E esta será, portanto, mais uma semana de atenção aos movimentos desse jogo e ao preço do petróleo. Leia a seguir os prós e contras para um eventual aumento nos juros básicos, que estão atualmente em 25,5%.

Por que elevar a taxa básica:

  • Os percentuais de inflação divulgados neste início de ano ainda estão acima das expectativas e muito acima ainda do registrado no ano passado. "O IGP-M de janeiro ficou em 2,33% contra 0,36% há um ano, o IGP-DI chegou a 2,17% (0,19%), o IPC-Fipe a 2,19% (0,57%", relata o Lloyds.
  • Há um percentual significativo de preços que estão sendo elevados. Levantamento do Dieese mostra que 57% dos itens que compõem o índice de inflação registraram aumento de preço em janeiro contra 31%, há um ano.
  • A inflação de janeiro calculada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 2,25%, segundo o IBGE. A taxa é maior que os 2,10% de dezembro e supera o 1,98% registrado pelo IPCA-15 do mesmo mês. A taxa do IPCA de janeiro também é maior desde novembro de 2002, quando atingiu 3,02%. A expectativa do mercado para o IPCA neste ano subiu de 11,54% para 11,84% nesta semana;
  • "Não existem sinais claros de que o nível de atividade esteja retrocedendo na velocidade desejada especialmente no que diz respeito à performance das exportações, do setor petróleo e da agroindústria. Além disso, é difícil mensurar qual será o efeito concreto sobre o consumo frente à liberação de recursos do FGTS (R$ 10 bilhões) neste ano", diz o banco;
  • O núcleo de inflação do IPC-DI cedeu de 1,39% em dezembro para 1,32% em janeiro. A queda é positiva, mas a taxa ainda está elevada.

    Por que manter a taxa de juros estável

  • A taxa básica subiu 750 pontos base em menos de cinco meses e, levando à risca o timing da influência da política monetária sobre os índices de inflação, não se pode dizer que o efeito contorcionista da alta dos juros já tenha se manifestado;
  • A renda do consumidor sofrerá uma corrosão sensível diante dos altos índices inflacionários verificados em período recente;
  • A taxa de câmbio, componente básico para determinar a direção da inflação, está muito próxima do patamar observado às vésperas da reunião anterior do Copom e os índices de preços no atacado estão apresentando desaceleração sensível nas últimas pesquisas semanais;
  • Não houve nenhuma mudança expressiva no cenário internacional, apesar do clima tenso que prevalece na questão EUA/Iraque;
  • As mudanças no ambiente econômico não são tão significativas nos últimos 30 dias;

    Conclusão: "Se o Comitê tiver sangue frio para esperar os efeitos das altas anteriores dos juros (e acreditarem que a magnitude implementada é suficiente), poderá até manter o juro inalterado". Para o banco, porém, essa alternativa pode não ser bem recebida pelo mercado, que poderá confundi-la com uma concessão feita às pressões políticas.

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