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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h35.
A principal vitória do Banco Central (BC), no combate à inflação, não é o encaminhamento da economia para cumprir a meta de 5,1% determinada para este ano uma tarefa cada vez mais difícil, diante dos sinais de que a pressão dos preços está voltando. Para o economista-chefe do Banco Calyon Brasil, Dalton Gardimam, o principal mérito da autoridade monetária, até o momento, foi conter as expectativas de inflação de 2006, relativamente estáveis desde janeiro.
Segundo Gardimam, isso significa que o BC está colhendo resultados ambíguos de sua política monetária, representados por "uma vitória e uma derrota". A derrota é a possibilidade, cada vez maior, de que a inflação de 2005 estoure a meta de 5,1%. Para o economista, o cumprimento da meta deste ano "parece uma batalha perdida". O Calyon projeta um Índice de Preços aos Consumidor Amplo (IPCA, a referência oficial de inflação) de 6% neste ano. A expectativa está acima da meta, mas dentro do intervalo de tolerância, com o qual a inflação poderia atingir até 7%.
O lado vitorioso desse combate é que o BC conseguiu, até agora, impedir a contaminação das expectativas de inflação para um horizonte de tempo maior. "No caso brasileiro, isto pode ser lido como uma mensagem de que os agentes acreditam que o Bacen [Banco Central] está atento em grandes linhas ao processo inflacionário, mas também se recusa a agir agressivamente para cumprir a qualquer custo as metas no curto prazo", afirma Gardimam. Para 2006, o PICA projetado pelo Calyon é de 5,2%, também acima do centro da meta (4,5%), mas dentro do intervalo de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Neste sentido, a percepção de que o BC está se esforçando para controlar a inflação pesa a favor do governo. A divulgação de resultados que mostram uma desaceleração moderada e previsível da economia também representa uma conquista da política monetária, de acordo com o economista, para quem "as taxas de juros mais altas estão surtindo o efeito desejado".