Economia

Compras pela internet disparam até 40% com impacto do novo coronavírus

Associação Brasileira de Comércio Eletrônico informa que, desde o fim de semana, lojas virtuais registraram alta de mais de 180% em transações

Compras: Mercado Livre, uma das grandes plataformas online do País, registrou na primeira quinzena do mês avanço de 65% nas vendas (LDProd/Thinkstock)

Compras: Mercado Livre, uma das grandes plataformas online do País, registrou na primeira quinzena do mês avanço de 65% nas vendas (LDProd/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 20 de março de 2020 às 12h35.

Última atualização em 20 de março de 2020 às 12h37.

Os consumidores que decidiram evitar contatos mais diretos com outras pessoas para se proteger do novo coronavírus estão ampliando as compras pela internet.

Na primeira quinzena deste mês, foi registrada alta de 30% a 40% nos pedidos online em relação ao igual período do ano passado, segundo entidades do setor. Os produtos que dispararam em vendas foram aqueles ligados à proteção da saúde, em especial o álcool gel e, nos últimos dias, alimentos.

Segundo dados do Compre e Confie, empresa do grupo ClearSale que trabalha com inteligência de mercado e atua no ramo de antifraude para e-commerce, a alta das vendas totais foi de 40% nos primeiros 15 dias do mês. Só os itens de saúde tiveram crescimento de 124%.

No comparativo entre igual intervalo de 2019 e 2018, as compras via internet tinham aumentado 4%, informa André Dias, diretor executivo da empresa e coordenador do Comitê de Métricas da camara-e.net, principal entidade multissetorial da América Latina. Alimentos e bebidas tiveram alta de 30% e eletrodomésticos de 37%. A única categoria que teve queda foi a de eletrônicos, de 23%.

Dias ressalta que o faturamento setor cresce um pouco abaixo das vendas pois o tíquete médio das compras caiu, com procura maior por produtos de menor valor. A plataforma não mantém dados sobre serviços de delivery de comida, como iFood, Uber Eats e Rappi.

A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) informa que, desde o fim de semana, algumas lojas virtuais registraram alta de mais de 180% em transações nas categorias de alimentos e saúde. Para outros segmentos, o presidente da entidade, Maurício Salvador, calcula crescimento médio de 30%.

Ele acredita que o setor está preparado para aumentos sazonais, como ocorre na época da Black Friday, mas admite que algumas lojas virtuais "já estão comunicando em seus sites possibilidade de atrasos e substituição de produtos por conta da ruptura de estoques."

Salvador ressalta que, apesar dessa alta atual nos negócios, a crise deve afetar o e-commerce. Antes da crise do coronavírus, a ABComm previa volume financeiro de R$ 106 bilhões para o setor, 18% acima do registrado em 2019, mas nas próximas semanas a projeção será refeita para baixo.

Reforço de pessoal

O Mercado Livre, uma das grandes plataformas online do País, registrou na primeira quinzena do mês avanço de 65% nas vendas de produtos dos segmentos de saúde, cuidado pessoal e alimentos e bebidas, na comparação com igual período de 2019. A comparação envolve itens como máscaras protetoras e álcool gel e produtos de primeira necessidade (alimentos, papel higiênico, fraldas etc).

Para atender a alta demanda, a empresa está reforçando o time de logística. "Nosso planejamento prevê antecipar para um prazo imediato a curva de contratação prevista para três meses", afirma Leandro Bassoi, vice-presidente de Mercado e Envios para a América Latina.

O e-Bit Nielsen, empresa de mensuração e análise de dados, constatou que as vendas online de álcool gel bateram recorde nesse mês, com faturamento de R$ 1 milhão, depois de as vendas já terem crescido 310% em fevereiro ante março. A subcategoria, que antes representava menos de 1% da categoria Saúde, ampliou sua participação para 9% no fim da semana passada.

Segundo o fundador da empresa de integração de sistemas de e-commerce Wevo, Diogo Lupinari, desde segunda, quando foram iniciadas as movimentações de home office, o número de pedidos diários passaram de 8 mil para 40 mil.

Já a plataforma de entregas colaborativas Eu Entrego, que realiza em média 3 mil entregas por dia para o varejo nacional, viu a demanda por seus serviços saltar para 15 mil entregas/dia desde o início da semana passada.

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