Com demanda menor, indústria deverá crescer menos em 2025 e ter alta de 2,1%, projeta CNI
Apesar da perspectiva de continuidade de crescimento do PIB do setor, projeção é inferior aos 3,3% estimados para 2024
Repórter
Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 16h01.
A indústria brasileira deverá crescer menos em 2025, segundo projeção da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O Produto Interno Bruto (PIB) do setor pode chegar a 2,1%, pouco mais de um ponto percentual de diferença em relação ao estimado para este ano, que foi de 3,3%.
A instituição avalia que o percentual mais baixo será resultado da queda da demanda no próximo ano. Ao divulgar nesta terça-feira, 17, o relatório Economia Brasileira 2024-2025, a CNI estimou que o PIB do Brasil deve crescer 2,4% no ano que vem, mas dentro de uma expectativa em que parte dos motores que impulsionaram tanto consumo como investimento sejam mais fracos em 2025 do que em 2024.
"A alta das taxas de juros eleva os custos de se investir e limitam a disponibilidade de crédito. Além disso, as maiores taxas de juros também tendem a conter a demanda", observa a instituição no documento.
A previsão é de que as áreas mais afetadas sejam a indústria da construção e setores de bens de consumo mais dependentes do crédito. O crescimento poderá ser reduzido de 3,8%, neste ano, para 1,8% nessas áreas, com o desempenho mais modesto associado à construção de edifícios e de obras de infraestrutura.
No caso da habitação, a CNI também prevê uma redução da demanda, com o avanço mais contido do mercado de trabalho e menores ganhos reais de rendimentos, em um ambiente de elevação das taxas de juros.Em uma situação menos favorável do mercado de trabalho, a tendência é de menor segurança por parte do consumidor em comprometer parcela maior de sua renda.
A instituição lista ainda a ausência de impulsos adicionais à atividade do setor, como as mudanças promovidas no programa de habitação do governo federal, Minha Casa, Minha Vida, que impulsionaram o crescimento neste ano.
Já com relação às obras de infraestrutura, a expectativa é de menores gastos de capital pelos municípios, passadas as eleições para prefeitos e vereadores neste ano, avalia a CNI. A instituição conclui que um outro elemento que sugere menores investimentos em 2025 é a tendência de expansão das despesas federais abaixo do ritmo de 2024 e de necessidade de contingenciamento delas.
Crescimento da indústria de transformação pelo 2º ano
Por outro lado, o PIB da indústria extrativa é o que mais deve crescer no próximo ano, segundo a projeção. A estimativa é de 4%, três pontos percentuais acima da previsão de 2024, ainda que cinco pontos a menos do que o crescimento de 9,2%, em 2023.
A expectativa também é de resultado positivo para a indústria de transformação, que deve crescer 2,0% em 2025. Embora o dado seja quase a metade do projetado para 2024, se confirmado nesse patamar, ele representará uma alta pelo segundo ano consecutivo, o que não acontecia desde o biênio de 2017 e 2018, destaca a CNI.
Outra previsão nesse setor é a de que a indústria de transformação retome sua participação no mercado doméstico do próximo ano em substituição às importações. Isso porque o real deve se manter, segundo a entidade, mais desvalorizado em 2025 do que em 2024, o que favorece as exportações.
Além disso, o relatório chama atenção para as "medidas de isonomia tributária e de defesa comercial ativa que vêm sendo adotadas pelo Brasil, seguindo o exemplo de diversos outros países que têm implementado estratégias semelhantes".
Assim como as discussões em curso de medidas adicionais de defesa comercial ativa, que poderão, na avaliação da CNI, promover maior isonomia comercial e o direcionamento do consumo doméstico para a produção nacional.
Alta do PIB em 2024 deve-se à indústria e investimentos
O relatório também revisou a expectativa de crescimento do PIB de 1,7% para uma alta de 3,5% neste ano.
O crescimento do país é atrelado ao desempenho da indústria de transformação e à contribuição de todos os segmentos industriais, diferentemente do observado ano passado, quando somente a indústria extrativa e o setor eletricidade e gás, esgoto, etc. cresceram.
Os resultados da indústria, por sua vez, são relacionados ao aumento da demanda do consumo, mas também com a ampliação das concessões com recursos via BNDES. a CNI aponta um crescimento real de
18,3%, na comparação do acumulado de janeiro a outubro de 2024 com o acumulado de janeiro a
outubro de 2023.
Projeções para a indústria e subsetores de 2023 a 2024:
Indústria Total:
2023: Crescimento de 1,7%
2024: Crescimento projetado de 3,3%
2025: Crescimento projetado de 2,1%
Indústria Extrativa:
2023: Crescimento de 1,1%
2024: Crescimento projetado de 9,2%
2025: Crescimento projetado de 4,0%
Indústria de Transformação:
2023: Queda de -1,3%
2024: Crescimento projetado de 3,5%
2025: Crescimento projetado de 2,0%
Eletricidade e Gás, Água, Esgoto e Atividades de Gestão de Resíduos:
2023: Queda de -0,3%
2024: Crescimento projetado de 5,8%
2025: Crescimento projetado de 4,1%
Construção:
2023: Crescimento de 3,8%
2024: Crescimento projetado de 1,8%
2025: Crescimento projetado de 1,8%