Economia

Com Davos em segundo plano, Lula viaja ao Nordeste e Haddad negocia desoneração

Ausência de presidente da República e ministro da Fazenda no Fórum Econômico Mundial tem sido criticada

Haddad e Lula priorizaram agendas no Brasil ao invés de participar do Fórum Econômico Mundial (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)

Haddad e Lula priorizaram agendas no Brasil ao invés de participar do Fórum Econômico Mundial (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 18 de janeiro de 2024 às 06h00.

As ausências do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, têm sido alvo de críticas de executivos brasileiros e estrangeiros que participam do evento, apurou à EXAME. Após mais de 20 viagens internacionais em 2023, Lula se dedicará a percorrer o Brasil em 2024 de olho nas eleições municipais para eleger o maior número de prefeitos aliados para enfraquecer o bolsonarismo.

Já Haddad pretendia participar do evento. Mas a reação negativa de deputados e senadores com a Medida Provisória (MP) que propõe a reoneração da folha de pagamentos obrigou o ministro a permanecer no país para negociar alternativas para compensar a perda de arrecadação com a desoneração. Nesta quinta-feira, 18, ele se reúne com o presidente da Câmara para tratar do tema.

Como mostrou a EXAME, a tributação de compras internacionais de até US$ 50 tem sido apontada, de maneira incipiente, como uma das alternativas para compensar a perda de arrecadação. Entretanto, técnicos do governo admitem que essa possibilidade depende de um arranjo político que agrade o Congresso, Lula e a primeira-dama, Janja da Silva.

Rombo de R$ 32 bilhões

Simulações da Receita Federal elaboradas à época do envio do Orçamento deste ano mostram que a taxação das mercadorias poderia elevar a arrecadação entre R$ 1,23 bilhão e R$ 2,86 bilhões.

Na última segunda, 15, Haddad apresentou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a projeção de perda de arrecadação do governo com desonerações, estimada em R$ 32 bilhões.

Desse total, R$ 12 bilhões correspondem à prorrogação da desoneração da folha de pagamento, estendida para 2027. Outros R$ 4 bilhões dizem respeito à redução da alíquota de contribuição para a Previdência Social para pequenos municípios e R$ 16 bilhões vêm do Perse.

Viagens para fortalecer a base

Enquanto Haddad se concentra em resolver o imbróglio das desonerações, Lula vai fortalecer a presença política viajando pelo país. Os planos do presidente começam nesta quinta-feira, 18, quando ele iniciará um tour pelo Nordeste, principal colégio eleitoral do petista. A viagem começará por Salvador, passará por Ipojuca (PE), Recife e Fortaleza.

Em Salvador, Lula assinará o acordo de parceria para implantação do Centro Tecnológico Aeroespacial da Bahia e inaugura a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Em Ipojuca, o presidente participará da cerimônia de retomada de investimentos da refinaria Abreu e Lima.

No Recife, Lula participará da cerimônia de transmissão de cargo do comando militar do Nordeste. E, em Fortaleza, ele participará do lançamento da pedra fundamental do campus do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), na Base Aérea da cidade.

Acompanhe tudo sobre:Desoneração da folha de pagamentosEleições 2024Luiz Inácio Lula da SilvaFernando Haddad

Mais de Economia

Lula sanciona projeto de 'combustível do futuro' em evento com a presença de Dilma Rousseff

Lula sanciona hoje ‘combustível do futuro’, que muda mistura do etanol na gasolina

Sabatina de Galípolo é hoje no Senado; ele deve responder sobre bets, relação com Lula e juros

Número de empresas brasileiras que exportam aos EUA bate recorde, aponta estudo do MDIC