Economia

Chineses abandonam dinheiro vivo e optam por pagamentos digitais

Situação contribui para que o setor de tecnologia financeira esteja se desenvolvendo em um ritmo alucinante no país

Entre 2010 e 2015, o percentual de pagamentos digitais dentro do comércio varejista na China passou de 3,5% para 17% (Foto/Divulgação)

Entre 2010 e 2015, o percentual de pagamentos digitais dentro do comércio varejista na China passou de 3,5% para 17% (Foto/Divulgação)

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EFE

Publicado em 31 de maio de 2017 às 07h43.

Guiyang - Cada vez mais cresce o número de chineses que não carregam mais dinheiro em espécie e fazem pagamentos através de seus celulares, uma situação que contribui para que o setor de tecnologia financeira esteja se desenvolvendo em um ritmo alucinante no país.

"Os chineses cada vez mais utilizam menos o dinheiro e pagam mais coisas com o telefone, por mais barata que essa coisa seja. Qualquer loja está preparada para cobrar assim", explicou à Agência Efe o gerente da Printech, Huin Sun.

Segundo um recente artigo da revista "Forbes", cerca de 40% dos consumidores na China utilizam novos métodos de pagamento para suas compras através da internet ou presenciais, fundamentalmente por meio de duas plataformas, o Alipay e o Wechat.

A primeira pertence à Ant Financial, ligada ao gigante do comércio eletrônico Alibaba. A segunda é também o sistema de mensagem mais popular na China, um WhatsApp com mais funções, e pertence à Tencent.

Em um recente relatório, o "think tank" The Better Than Cash Alliance afirma que as duas plataformas possuem um "market share" de 63% dos pagamentos digitais feitos na China. Apenas no ano passado, foram US$ 3 bilhões pagos através do Alipay e do Wechat.

O documento também afirma que, entre 2010 e 2015, o percentual de pagamentos digitais dentro do comércio varejista na China passou de 3,5% para 17%.

Qualquer loja na China tem na parede ou nas prateleiras os "QR codes" do Alipay ou do Wechat, que são escaneados pelos clientes para efetuar pagamentos. O método também é usado para pagar uma corrida de táxi, comprar um bilhete para o transporte público e também quitar contas.

Além disso, entre os usuários do Wechat também são muito populares as transferências de pequenas quantias, outra forma comum de realizar pagamentos e evitar tirar a carteira do bolso. Em um jantar entre amigos, por exemplo, um paga a conta e os demais transferem sua parte do consumo.

Mas a Ant Financial quer ir além e desenvolveu uma tecnologia para fazer pagamentos através do reconhecimento facial. Jack Ma, fundador do Alibaba, a apresentou em 2015 e, atualmente, ela está sendo testada em eventos de tecnologia, como o realizado recentemente na cidade de Guyaing, a Big Data Expo.

Um dos estandes mais visitados foi o da Ant Financial. Dezenas de pessoas quiseram testar o "pague com um sorriso", método que no futuro será instalado nas lojas chinesas.

Para ter uma conta no Alipay é preciso ter um documento de identidade com foto. É desta forma que o usuário será reconhecido quando for fazer o pagamento, após seu rosto ser captado por uma câmera.

Durante três dias, especialistas e personalidades do mundo da tecnologia se reuniram no evento para discutir a importância do big data na evolução da sociedade e da economia. Entre as presenças ilustres estavam Jack Ma e o presidente da Tencent, Ma Huateng.

A tecnologia financeira foi um dos temais mais abordados e havia várias empresas do setor entre os expositores. A China conta com quatro gigantes do segmento. Além da Ant Financial, Lufax, JD Finance e a Qufenqi são donas de algumas start-ups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.

"A China é o mercado global da tecnologia financeira. Temos muitas companhias grandes e estão surgindo centenas de empresas menores, que geralmente são compradas pelas grandes", afirmou Hao Hu, gerente da Fellow Partners, uma das companhias que se dedica a investir em pequenas start-ups do setor.

Segundo a "Forbes", o investimento de capital de risco em empresas de tecnologia financeira chinesas superou US$ 6,7 bilhões em 2016, uma quantia muito superior aos anos anteriores e que mostra o grande potencial do setor no país.

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