Economia

Caos da Venezuela reduz 95% receita da engarrafadora da Coca

O aprofundamento da crise econômica da Venezuela está saindo caro para a Femsa, a engarrafadora mexicana da Coca-Cola


	Coca-Cola Femsa: empresa disse que reduziu o valor de sua receita na Venezuela em 95% em um momento de colapso da moeda do país e de inflação galopante
 (Susana Gonzalez/Bloomberg)

Coca-Cola Femsa: empresa disse que reduziu o valor de sua receita na Venezuela em 95% em um momento de colapso da moeda do país e de inflação galopante (Susana Gonzalez/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2015 às 22h00.

O aprofundamento da crise econômica da Venezuela está saindo caro para a Femsa SAB, a engarrafadora mexicana da Coca-Cola.

A empresa disse na quinta-feira que reduziu o valor de sua receita na Venezuela em 95 por cento em um momento de colapso da moeda do país e de inflação galopante. O movimento transformou um incremento no lucro do segundo trimestre em um declínio.

A turbulência na Venezuela vem cobrando um preço cada vez mais alto na maior engarrafadora franqueada da Coca-Cola no mundo. Durante os últimos seis meses, seus US$ 3 bilhões em bonds tiveram um desempenho inferior ao da maioria das dívidas de grau de investimento do México.

A Venezuela tem “uma economia com hiperinflação e três taxas de câmbio diferentes, que, além disso, depreciaram significativamente nos últimos meses”, disse Edgar Ruiz, analista da Informa Global Markets, por telefone, de Nova York.

“Dependendo da taxa de câmbio que você escolhe, o preço pelo qual você vende varia tanto em um curto espaço de tempo que fica difícil”.

Há um ano, a Coca-Cola Femsa estava convertendo seu caixa em dólares a uma taxa de 10,6 bolívares para um. Agora, a empresa adotou a chamada taxa Simadi, que foi de 197,3 bolívares por dólar no fechamento do segundo trimestre. Trata-se de uma desvalorização de 95 por cento.

Com a mudança na moeda, o preço médio que a Coca-Cola Femsa cobrava por uma caixa de 24 bebidas de 235 ml caiu 86 por cento no segundo trimestre, para o equivalente a 18,75 pesos mexicanos (US$ 1,15), contra 130,5 pesos um ano antes.

A empresa com sede na Cidade do México cobrou uma média de 42,96 pesos em outras partes.

Queda nos bonds

As notas denominadas em dólares da Coca-Cola Femsa caíram 1,5 por cento nos últimos seis meses, contra um declínio médio de 0,7 por cento para dívidas de empresas mexicanas com grau de investimento.

A engarrafadora, cujos bonds de referência para 2043 têm um yield de 4,61 por cento, está classificada em A- pela Standard Poor’s, empatada com o rating mais elevado obtido por uma empresa mexicana.

“O efeito da conversão é um efeito contábil causado pela taxa de câmbio”, disse a empresa em um e-mail.

Incluindo a Venezuela, a engarrafadora disse que sua receita caiu 12 por cento no segundo trimestre em relação ao ano anterior depois que a empresa adotou a nova taxa de câmbio.

Essa taxa é teoricamente determinada pelas forças do mercado e as empresas têm acesso mais fácil a ela do que às taxas de câmbio fixadas oficialmente na Venezuela. Excluindo a Venezuela, as receitas da Coca-Cola Femsa subiram 4,5 por cento.

O país sul-americano, que está enfrentando uma escassez de moeda forte em um momento de queda nos preços do petróleo, agora responde por 3 por cento das receitas da Coca-Cola Femsa, contra 21 por cento no segundo trimestre de 2014.

“O que a maior parte do mercado tem feito é reduzir o valor contábil da Venezuela para zero e olhar os números sem o país”, disse José Antonio Cebeira, analista da Actinver, por telefone, da Cidade do México. “Você pode esquecer a Venezuela”.

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