Economia

Campos Neto reconhece inflação acelerada e fala em trabalho difícil do BC

O presidente do Banco Central destacou que o choque do preço de eletricidade e combustíveis este ano é o maior dos últimos 20 anos

Campos Neto participa do IX Fórum Jurídico de Lisboa, organizado pela Universidade de Lisboa (Ueslei Marcelino/Reuters)

Campos Neto participa do IX Fórum Jurídico de Lisboa, organizado pela Universidade de Lisboa (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de novembro de 2021 às 07h45.

Última atualização em 16 de novembro de 2021 às 07h46.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu nesta terça-feira, 16, que a inflação acelerou e teve piora quantitativa e qualitativa em todos os aspectos e, por isso, destacou que o trabalho do BC é difícil. "É importante ser realista e entender o quão disseminada está a inflação e será difícil trabalho do BC", disse ele, participante de painel no IX Fórum Jurídico de Lisboa, na capital portuguesa, organizado pela Universidade de Lisboa, Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e Fundação Getulio Vargas (FGV).

Relatou também que as expectativas de inflação estão subindo e de crescimento, caindo.

Campos Neto ainda destacou que o choque do preço de eletricidade e combustíveis este ano é o maior dos últimos 20 anos, e vem em seguida ao choque de alimentos do ano passado.

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O presidente do BC também voltou a citar que o aumento de commodities foi ampliado pela desvalorização da moeda brasileira um desenvolvimento atípico, uma vez que o real costuma reagir positivamente ao avanço dos preços de commodities.

"Em grande parte do mundo, termos de troca não explicaram dinâmica das moedas", ponderou, argumentando que não é um problema só do Brasil. "Uma tese para o câmbio é de que nível de dívida compensou efeito de exportação de commodities no prêmio de risco", repetiu Campos Neto.

Problema simultâneo

O presidente do Banco Central destacou que "pela primeira" o Brasil está passando por um problema de inflação interna e, ao mesmo tempo, está importando a inflação externa. "Pela primeira vez tem a situação que temos inflação interna e estamos importando também."

Ele também reconheceu que o processo de alta de juros no mundo "vai criar ambiente mais desafiador para o Brasil".

Cenário diferente

O presidente do Banco Central afirmou que o cenário econômico mundial é hoje é muito diferente do que se imaginava, com uma mudança muito rápida e muito volátil de cenário em termos de crescimento e perspectivas de inflação.

Campos Neto repetiu que a tese inicial dos bancos centrais de ruptura da oferta na pandemia de covid-19 não se mostrou verdadeira. Segundo o presidente do BC, o que ocorreu foi um deslocamento rápido e grande da demanda para bens. "Demorou um pouco para os BCs entenderem o efeito combinado desse pacote fiscal de US$ 9 trilhões na pandemia. Mais recentemente, as opiniões mudaram um pouco para deslocamento da demanda e que tem sido mais persistente."

Ele destacou que esse pacote foi cerca de 10% do PIB global, sendo que US$ 4,5 trilhões foi de transferência direta. Ele ressaltou que um dos primeiros efeitos foi o aumento de alimentos, que têm peso maior na cesta de consumo de emergentes ante desenvolvidos.

O presidente do BC também voltou a afirmar que a produção de bens demanda mais energia do que serviços. Campos Neto também ressaltou que a oferta não está respondendo na mesma magnitude devido à agenda sustentável. "Preço de metais, energia e logística subiram, mas investimentos neles não respondeu", disse. "Logística vai levar algum tempo para se normalizar, investimentos seguem baixos."

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