Campos Neto também disse que quanto mais se avançar na agenda de reformas, menor será o volume necessário para as reservas internacionais (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de agosto de 2019 às 15h12.
Brasília - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a fazer na manhã desta terça-feira, 27, uma ampla defesa da continuidade do processo de reformas na economia brasileira. "Gostaria de destacar que a continuidade desse processo é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia. A percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes. Em particular, avanços concretos nessa agenda são fundamentais para a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva", repetiu, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Segundo o presidente do BC patamares mais robustos de crescimento também dependem de iniciativas que visam ao aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios.
"É necessário avançar nas mudanças que permitam o desenvolvimento de nossos mercados. O mercado precisa se libertar da necessidade de financiar o governo e se voltar para o financiamento ao empreendedorismo", repetiu Campos Neto. "Nesse sentido o Congresso Nacional, o Governo e o BC têm muito a contribuir. Em particular, estima-se que reformas no setor financeiro são as que têm o maior impacto potencial sobre a produtividade, e as que têm o maior apoio da população", completou.
O presidente do Banco Central defendeu o atual volume das reservas internacionais - em torno de US$ 389 bilhões - e voltou a alegar que elas são um seguro que tem inclusive dado lucro nos últimos anos. "Quando está tudo indo bem, se proliferam artigos dizendo que temos reservas demais. Mas quando usamos as reservas para prover liquidez cambial, surgem artigos pedindo cuidado com as reservas", afirmou.
Campos Neto voltou a dizer que, quanto mais se avançar na agenda de reformas, menor será o volume necessário para as reservas internacionais. "Entendemos que as reservas são um seguro. E conforme andamos com as reformas, precisamos de menos seguro", completou.
Ele lembrou que o custo com a administração das reservas está no seu mínimo histórico e apontou que o BC tem tido lucro nos últimos anos com a variação cambial. "Então as reservas têm sido um grande negócio. Não só se pagaram como deram lucro. Se mostrou um seguro bastante bom", avaliou. "Estamos sempre avaliando o custo das reservas", concluiu.