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Câmbio provoca 'ressaca' em novos importadores

Os importadores contam que a situação é ainda mais grave porque seus estoques estão baixos graças às recentes medidas adotadas pelo governo

Os importadores contam que o impacto é praticamente imediato, porque muitos contêineres estão chegando nos portos e precisam ser pagos (Ildefonso Filho/EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2011 às 19h23.

São Paulo - Entre 2003 e 2010, período de alta do real, o Brasil ganhou 16.360 novos importadores. Hoje são quase 39 mil empresas dedicadas a trazer produtos do exterior - boa parte bens de consumo da China. Para esses empresários, que atendem desde o comércio popular da Rua 25 de Março no centro de São Paulo a grandes varejistas, a virada do câmbio atingiu em cheio os negócios.

Os importadores contam que o impacto é praticamente imediato, porque muitos contêineres com mercadorias vindas da Ásia estão chegando nos portos e precisam ser pagos. E, mesmo para aqueles que negociaram com antecedência com os fornecedores, utilizando um câmbio mais vantajoso, os impostos são cobrados pelo dólar do dia, o que onera os custos das empresas imediatamente.

"Vai impactar rápido nos preços", diz Ariel Hamoui, diretor de marketing da Full Fit, importadora de utilidades domésticas que atende clientes como Camicado, Tok Stok e Etna. Ele conta que a empresa vinha trabalhando com o dólar a R$ 1,70, deixando um pequeno colchão em relação aos R$ 1,55 que a moeda chegou a ser negociada em agosto. Com o dólar acima de R$ 1,80, a margem de manobra acabou. "A concorrência é muito grande. Não dá para trabalhar com um nível de proteção ainda maior."

A Satyam é uma importadora que atende pequenas lojas em todo o Brasil, especializada em produtos de época como enfeites de Natal, brinquedos para o Dia da Criança e material escolar para a volta às aulas. O dono da empresa, Delpak Shizlani, também afirma que vai ser impossível não repassar preços, dada a magnitude da variação da moeda brasileira neste mês. "Já recebemos os enfeites de Natal, mas depois disso não tem como segurar os reajustes", disse.

Estoques. Os importadores contam que a situação é ainda mais grave porque seus estoques estão baixos graças às recentes medidas adotadas pelo governo. Nos últimos meses, a administração Dilma Rousseff adotou uma série de tarifas antidumping, aplicou licenças não automáticas de importação e tornou mais rigorosa a fiscalização do Inmetro, que tem demorado para emitir seus certificados.

"Estamos no pior dos dois mundos agora que o câmbio virou", conta um importador que preferiu não se identificar. Outro fator que contribui para os estoques baixos é a falta de reposição nas fábricas da China, que enfrentam escassez de mão de obra nas regiões costeiras.

De acordo com Gustavo Dedivitis, presidente da Associação Brasileira de Importadores, Produtores e Distribuidores de Bens de Consumo (Abcon), o único ponto favorável da desvalorização do real é desestimular os importadores "aventureiros". "Qualquer um abria uma empresa de importação e, às vezes, nem pagava impostos, prejudicando a imagem do setor. Com o real mais fraco, vão sobrar apenas os importadores profissionais", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - Entre 2003 e 2010, período de alta do real, o Brasil ganhou 16.360 novos importadores. Hoje são quase 39 mil empresas dedicadas a trazer produtos do exterior - boa parte bens de consumo da China. Para esses empresários, que atendem desde o comércio popular da Rua 25 de Março no centro de São Paulo a grandes varejistas, a virada do câmbio atingiu em cheio os negócios.

Os importadores contam que o impacto é praticamente imediato, porque muitos contêineres com mercadorias vindas da Ásia estão chegando nos portos e precisam ser pagos. E, mesmo para aqueles que negociaram com antecedência com os fornecedores, utilizando um câmbio mais vantajoso, os impostos são cobrados pelo dólar do dia, o que onera os custos das empresas imediatamente.

"Vai impactar rápido nos preços", diz Ariel Hamoui, diretor de marketing da Full Fit, importadora de utilidades domésticas que atende clientes como Camicado, Tok Stok e Etna. Ele conta que a empresa vinha trabalhando com o dólar a R$ 1,70, deixando um pequeno colchão em relação aos R$ 1,55 que a moeda chegou a ser negociada em agosto. Com o dólar acima de R$ 1,80, a margem de manobra acabou. "A concorrência é muito grande. Não dá para trabalhar com um nível de proteção ainda maior."

A Satyam é uma importadora que atende pequenas lojas em todo o Brasil, especializada em produtos de época como enfeites de Natal, brinquedos para o Dia da Criança e material escolar para a volta às aulas. O dono da empresa, Delpak Shizlani, também afirma que vai ser impossível não repassar preços, dada a magnitude da variação da moeda brasileira neste mês. "Já recebemos os enfeites de Natal, mas depois disso não tem como segurar os reajustes", disse.

Estoques. Os importadores contam que a situação é ainda mais grave porque seus estoques estão baixos graças às recentes medidas adotadas pelo governo. Nos últimos meses, a administração Dilma Rousseff adotou uma série de tarifas antidumping, aplicou licenças não automáticas de importação e tornou mais rigorosa a fiscalização do Inmetro, que tem demorado para emitir seus certificados.

"Estamos no pior dos dois mundos agora que o câmbio virou", conta um importador que preferiu não se identificar. Outro fator que contribui para os estoques baixos é a falta de reposição nas fábricas da China, que enfrentam escassez de mão de obra nas regiões costeiras.

De acordo com Gustavo Dedivitis, presidente da Associação Brasileira de Importadores, Produtores e Distribuidores de Bens de Consumo (Abcon), o único ponto favorável da desvalorização do real é desestimular os importadores "aventureiros". "Qualquer um abria uma empresa de importação e, às vezes, nem pagava impostos, prejudicando a imagem do setor. Com o real mais fraco, vão sobrar apenas os importadores profissionais", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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