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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.
A Câmara dos Deputados rejeitou, nesta quarta-feira (17/8), o projeto do Senado que elevava o salário mínimo para 384,29 reais, contra os atuais 300 reais. Como a tramitação do projeto que reajusta o mínimo começou na própria Câmara, a votação tem caráter definitivo e não pode mais ser modificada pelos senadores. Se a proposta do Senado fosse mantida, a única opção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria arcar com o desgaste político de vetá-la, afetando ainda mais sua popularidade, num momento em que sua aprovação se deteriora diante das denúncias de irregularidades cometidas pela sua legenda, o Partido dos Trabalhadores.
A vitória, porém, não significa que a base política do governo esteja recobrando suas forças. Pelo contrário. Na avaliação do analista político Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores, a rejeição do novo mínimo só foi viável devido ao apoio do PSDB, que defendeu a manutenção do atual valor. "Para manter a imagem de um partido responsável, os tucanos optaram por essa estratégia na Câmara", diz Ribeiro.
Outro fator que favoreceu a vitória do governo foi o encaminhamento da matéria por votação simbólica. Nesse sistema, o voto das bancadas é indicado pelos líderes dos partidos. O acordo permitiu que os deputados evitassem o desgaste da votação nominal, na qual teriam que rejeitar publicamente o reajuste. Isso poderia piorar ainda mais a imagem dos parlamentares, já arranhada pelas denúncias de compra de deputados e financiamentos irregulares de campanha.
Além disso, haveria o risco de, no processo nominal, deputados votarem a favor do novo mínimo para agradar seus eleitores. "Não acho que a vitória de hoje seja um sinal de que o governo está se fortalecendo novamente. Ele ainda não tem condições de votar matérias importantes", afirma Ribeiro.
De qualquer modo, o governo não saiu ileso do episódio. Ainda que pequeno, terá de arcar com o ônus de impedir que os trabalhadores tenham seus vencimentos elevados, mesmo que isso acarretasse danos à política fiscal. Após a votação, o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), explicou a decisão de derrubar o reajuste. "O salário mínimo proposto pelo nosso governo [300 reais] tem poder para comprar duas cestas básicas. No governo anterior, o valor não alcançava uma cesta e meia", disse.
Com informações da Agência Câmara.