Brasileiro perdeu um terço da riqueza em dólar desde 2011
Desvalorização do real e recessão derrubaram riqueza do brasileiro, diz relatório do Credit Suisse; o 1% no topo da pirâmide global tem metade dos ativos
João Pedro Caleiro
Publicado em 22 de novembro de 2016 às 11h37.
Última atualização em 22 de novembro de 2016 às 17h25.
São Paulo - A riqueza do brasileiro medida em dólar caiu em um terço desde 2011, de acordo com um relatório lançado hoje pelo Credit Suisse.
Entre 2000 e 2011, a riqueza média por adulto no país triplicou de US$ 8 mil para US$ 27 mil, mas já despencou para a faixa dos US$ 18 mil.
O valor em real continuou subindo, mas esse ganho foi largamente corroído pela inflação.
É esse um dos motivos que fazem o brasileiro se apegar tanto a ativos reais (como imóveis), que protegem contra esse tipo de movimento, diz o banco.
"Afligido por tanto uma crise econômica quanto política, o Brasil claramente enfrenta dificuldades sérias. A história de riqueza do Brasil foi portanto uma de boom e colapso", diz o texto.
O número médio esconde o nível de desigualdade. O Brasil tem ao mesmo tempo 172 mil milionários e 24 milhões de representantes no grupo dos 20% mais pobres do planeta.
O banco diz que isso é resultado, entre outros fatores, da desigualdade de nível educacional e do fosso entre os setores formal e informal da economia.
Mundo
A riqueza no mundo cresceu 1,4% nos últimos 12 meses para US$ 256 trilhões.
Foi o suficiente apenas para acompanhar o ritmo de crescimento populacional, mantendo a riqueza por adulto inalterada pela primeira vez desde 2008.
Estados Unidos e Japão tiveram ganhos significativos enquanto o Reino Unido viu US$ 1,5 trilhão ser varrido da sua riqueza total com a queda do mercado de ações e da cotação da libra após o Brexit.
Com exceção da Ásia Pacífico e da América do Norte, todas as regiões do mundo viram a sua riqueza em dólar cair ao longo do ano que passou.
"Em períodos mais longos, as tendências em riqueza domiciliar estão fortemente relacionadas com crescimento econômico, taxas de poupança e fatores demográficos. Em períodos mais curtos, as mudanças acompanham mais de perto os movimentos de preços de ativos e taxas de câmbio", diz o texto.
A Suíça é a líder mundial em riqueza por adulto (mais de meio milhão de dólares) e o Chile é o destaque na América Latina.
China, Coreia do Sul e Indonésia são exemplos de ascensão rápida na pirâmide e a Índia é um dos lugares com mais potencial para o futuro próximo, já que parte de uma base baixa.
A metade mais pobre da população global tem menos de 1% da riqueza total enquanto os adultos entre os 10% mais ricos detém 89% desse valor; o 1% no topo tem nas mãos metade dos ativos globais.