Álbum da Copa: Panini lança complemento com 100 novas figurinhas (Mario Tama/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 25 de abril de 2018 às 11h42.
Última atualização em 25 de abril de 2018 às 12h57.
São Paulo - O Brasil tem as figurinhas de Copa do Mundo mais baratas do mundo em dólar, de acordo com estudo do Santander divulgado ontem (24).
O preço do pacote com 5 figurinhas dobrou nos últimos 4 anos: foi de 1 real na Copa do Brasil em 2014 para 2 reais na Copa da Rússia em 2018.
A alta de 100% supera e muito a inflação, que foi de 32% no período. Ainda assim, o preço em dólar por aqui é atualmente de 0,59 por pacote, o mais baixo na comparação com 21 países e a zona do euro.
Na Suíça, o pacotinho sai por 1,75 francos suíços, ou 1,80 dólares - três vezes mais do que por aqui e o mais caro do planeta.
A comparação remete ao Índice Big Mac, calculado semestralmente pela revista britânica The Economist desde 1986.
O Índice usa a ideia de paridade de poder de compra, pelo qual as taxas de câmbio tendem a caminhar no longo prazo para que um bem ou serviço fique com o mesmo preço em dólar em qualquer país.
Assim como o Big Mac, as figurinhas são um bom produto para comparar, já que são produzidos e vendidos de forma padronizada no mundo inteiro há décadas por uma única empresa, a Panini.
Em última análise, uma pessoa poderia lucrar bastante simplesmente comprando as figurinhas em um país e vendendo no outro.
O desvio padrão do preço das figurinhas no mundo em comparação com o praticado nos Estados Unidos é de 25,8%, similar ao do Big Mac que é de 27,8%.
De forma geral, os preços são mais baratos na América Latina: são 41,4% menores no Brasil, 30% menores no Equador e 25,7% menores na Argentina na comparação com os EUA,.
As figurinhas são relativamente mais caras em países europeus como a já citada Suíça (79,6% a mais que os EUA), Hungria (48,1%), Polônia (39,9%), Romênia (38,4%) e a própria sede Rússia (34,5%).
Um fator importante a ser levado em consideração é que países mais pobres costumam ter não apenas moedas mais fracas, mas também custos de trabalho menores.
Essa foi a motivação por trás do Índice Big Mac ajustado, que mede o custo do sanduíche em dólar comparada com o que seria esperado pelo nível de desenvolvimento de um país, tomado pelo PIB per capita.
No caso das figurinhas, a relação entre renda e preço é menos forte do que no sanduíche.
"Acreditamos que isso possa ser explicado por custos de trabalho, que provavelmente não são tão fortemente determinantes para o preço de mercado das figurinhas (que ao contrário dos sanduíches, podem ser fabricadas em alguns centros e despachadas sem perda de qualidade)", diz o texto.
Chama a atenção que a Europa Oriental tem figurinhas muito mais caras do que a América Latina, por exemplo, apesar da renda ser similar nas duas regiões.
Segundo o Santander, isso pode ser um reflexo da estratégia da Panini, considerando os perfis diferentes dos mercados. Além disso, há um preço importante que ela não controla: o do mercado informal.
"Em São Paulo, temos visto que as figurinhas 'especiais' (holográficas) conseguem um preço mais alto (com frequência 5 pra 1) comparado com as figurinhas simples, o que pode refletir sua escassez relativa ou simplesmente sua atratividade aos olhos dos fãs de futebol jovens", diz o banco.
País | Preço do pacote em dólar | Desvio do preço americano |
---|---|---|
Suíça | 1,80 | 79,6% |
Hungria | 1,48 | 48,1% |
Polônia | 1,40 | 39,9% |
Romênia | 1,38 | 38,4% |
Rússia | 1,35 | 34,5% |
Dinamarca | 1,32 | 31,9% |
Turquia | 1,29 | 29,2% |
Noruega | 1,28 | 27,8% |
Suécia | 1,18 | 18,4% |
Canadá | 1,18 | 17,7% |
Austrália | 1,15 | 15,1% |
Reino Unido | 1,12 | 12,3% |
Zona do Euro | 1,11 | 10,6% |
Nova Zelândia | 1,08 | 8,2% |
Estados Unidos | 1,00 | 0,0% |
Peru | 0,93 | -7,0% |
Uruguai | 0,85 | -15,1% |
Egito | 0,85 | -15,1% |
Colômbia | 0,76 | -23,9% |
Chile | 0,75 | -24,5% |
México | 0,75 | -24,8% |
Argentina | 0,74 | -25,7% |
Equador | 0,70 | -30,0% |
Brasil | 0,59 | -41,4% |