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Brasil supera próprio recorde em reciclagem de alumínio

Segundo a Abal, os números que são positivos para o meio ambiente refletem também a situação frágil da economia do país

Reciclagem: os custos do uso de energia na indústria se elevaram e a produção primária do alumínio encareceu (Kiyoshi Ota / Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2015 às 13h40.

Pindamonhangaba - O Brasil, o maior coletor de latas de alumínio do mundo, superou em 2014 seu próprio recorde em reciclagem desse tipo de material, com 98,4% de reutilização, em parte pela alta do preço da energia , informaram nesta segunda-feira fontes do setor.

Segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), os números que são positivos para o meio ambiente refletem também a situação frágil da economia do país que, desde o ano passado, sofre com um doloroso processo de arrefecimento, recessão do PIB (Produto Interno Bruto) e inflação que dobra a meta estabelecida.

Com esse cenário, os custos do uso de energia na indústria se elevaram e a produção primária do alumínio encareceu, por isso que a reutilização do material, a partir da reciclagem, ganhou mais força, com 98,4%, 1,3% a mais que em 2013, quando tinha estabelecido um recorde.

Entre março de 2014 e o mesmo mês de 2015, o preço da energia no Brasil teve um aumento de 60% segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), depois de anos de um controle por parte do governo.

"O alumínio migra para onde a energia é mais barata e infelizmente vivemos uma desindustrialização do alumínio primário", afirmou à Agência Efe o coordenador do Comitê de Mercado de Reciclagem da Abal, Mario Fernández.

De acordo com Fernández, "as indústrias que insistem em fazer a produção do alumínio primário são aquelas que produzem com sua própria energia, pois sem isto não poderiam fazê-lo".

A produção do alumínio secundário, a partir da reciclagem, tem um consumo de energia 95% menor comparado ao processo primário, cuja produção mundial migrou para países como a Rússia e China, apontou Fernández.

"Infelizmente, o alumínio secundário é limitado. Hoje estamos em 500 mil toneladas por ano e não há como colher mais que isto sem importar ferro-velho, uma coisa que já fazemos", explicou.

De acordo com Abal, o Brasil consome anualmente 1,4 milhão de toneladas de alumínio, das quais 33% são destinados a embalagens como latas de bebidas e outros produtos.

Para os próximos anos, acrescentou Fernández, o país pode viver um novo "boom" no consumo do mineral por sua aplicação na indústria de veículos como alternativa para reduzir o peso dos carros e permitir mais economia no consumo de combustível.

"O primeiro 'boom' do alumínio no Brasil foi com as embalagens e o segundo 'boom' será nos veículos automotores que pela legislação têm que reduzir as emissões de carbono e isso só poderá ser feito pela substituição do combustível ou pela redução do peso com o uso do alumínio", explicou.

O Brasil tem uma média de 30 quilos de alumínio por carro frente a 150 quilos aplicados pela indústria automobilística dos Estados Unidos.

"A possibilidade de expansão que há no Brasil é gigante", disse Fernández, que alertou que com os níveis de reciclagem tão altos é necessário mais consumo de latas para aumentar a oferta de reutilização.

Entre 2013 e 2014, de acordo com a patronal, as vendas de latas de alumínio no Brasil tiveram um aumento de 11,1% frente a um aumento de 12,5% da reciclagem no mesmo período, que deixa o país sul-americano à frente do Japão, Estados Unidos e Europa.

A cultura da reciclagem no Brasil obedece ao fato de comunidades pobres, organizadas em cooperativas ou informalmente, têm na coleta de latas a única fonte de ingressos para suas famílias.

Ángela Gonzaga, presidente da cooperativa de reciclagem do distrito de Moreira Cessar, em Pindamonhangaba -interior do estado de São Paulo-, contou à Efe que a população não tem consciência para a separação dos materiais, que chegam sujos ou misturados com outros, como papéis.

"Acho que se tivéssemos um pouco mais de apoio para conscientizar a população, seria muito melhor nosso trabalho, renderia muito mais", opinou Gonzaga, que além disso disse que uma quinta parte dos membros de sua cooperativa tem unicamente a função de separar os materiais, perdendo tempo e eficiência no processo.

Com uma separação adequada, por parte da população, a reciclagem aumentaria o dobro, considerou a cooperativista.

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Pindamonhangaba - O Brasil, o maior coletor de latas de alumínio do mundo, superou em 2014 seu próprio recorde em reciclagem desse tipo de material, com 98,4% de reutilização, em parte pela alta do preço da energia , informaram nesta segunda-feira fontes do setor.

Segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), os números que são positivos para o meio ambiente refletem também a situação frágil da economia do país que, desde o ano passado, sofre com um doloroso processo de arrefecimento, recessão do PIB (Produto Interno Bruto) e inflação que dobra a meta estabelecida.

Com esse cenário, os custos do uso de energia na indústria se elevaram e a produção primária do alumínio encareceu, por isso que a reutilização do material, a partir da reciclagem, ganhou mais força, com 98,4%, 1,3% a mais que em 2013, quando tinha estabelecido um recorde.

Entre março de 2014 e o mesmo mês de 2015, o preço da energia no Brasil teve um aumento de 60% segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), depois de anos de um controle por parte do governo.

"O alumínio migra para onde a energia é mais barata e infelizmente vivemos uma desindustrialização do alumínio primário", afirmou à Agência Efe o coordenador do Comitê de Mercado de Reciclagem da Abal, Mario Fernández.

De acordo com Fernández, "as indústrias que insistem em fazer a produção do alumínio primário são aquelas que produzem com sua própria energia, pois sem isto não poderiam fazê-lo".

A produção do alumínio secundário, a partir da reciclagem, tem um consumo de energia 95% menor comparado ao processo primário, cuja produção mundial migrou para países como a Rússia e China, apontou Fernández.

"Infelizmente, o alumínio secundário é limitado. Hoje estamos em 500 mil toneladas por ano e não há como colher mais que isto sem importar ferro-velho, uma coisa que já fazemos", explicou.

De acordo com Abal, o Brasil consome anualmente 1,4 milhão de toneladas de alumínio, das quais 33% são destinados a embalagens como latas de bebidas e outros produtos.

Para os próximos anos, acrescentou Fernández, o país pode viver um novo "boom" no consumo do mineral por sua aplicação na indústria de veículos como alternativa para reduzir o peso dos carros e permitir mais economia no consumo de combustível.

"O primeiro 'boom' do alumínio no Brasil foi com as embalagens e o segundo 'boom' será nos veículos automotores que pela legislação têm que reduzir as emissões de carbono e isso só poderá ser feito pela substituição do combustível ou pela redução do peso com o uso do alumínio", explicou.

O Brasil tem uma média de 30 quilos de alumínio por carro frente a 150 quilos aplicados pela indústria automobilística dos Estados Unidos.

"A possibilidade de expansão que há no Brasil é gigante", disse Fernández, que alertou que com os níveis de reciclagem tão altos é necessário mais consumo de latas para aumentar a oferta de reutilização.

Entre 2013 e 2014, de acordo com a patronal, as vendas de latas de alumínio no Brasil tiveram um aumento de 11,1% frente a um aumento de 12,5% da reciclagem no mesmo período, que deixa o país sul-americano à frente do Japão, Estados Unidos e Europa.

A cultura da reciclagem no Brasil obedece ao fato de comunidades pobres, organizadas em cooperativas ou informalmente, têm na coleta de latas a única fonte de ingressos para suas famílias.

Ángela Gonzaga, presidente da cooperativa de reciclagem do distrito de Moreira Cessar, em Pindamonhangaba -interior do estado de São Paulo-, contou à Efe que a população não tem consciência para a separação dos materiais, que chegam sujos ou misturados com outros, como papéis.

"Acho que se tivéssemos um pouco mais de apoio para conscientizar a população, seria muito melhor nosso trabalho, renderia muito mais", opinou Gonzaga, que além disso disse que uma quinta parte dos membros de sua cooperativa tem unicamente a função de separar os materiais, perdendo tempo e eficiência no processo.

Com uma separação adequada, por parte da população, a reciclagem aumentaria o dobro, considerou a cooperativista.

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