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Brasil só tem a ganhar com o novo fundo do Mercosul

Ao contrário do que se pode imaginar, ajuda do país aos vizinhos mais pobres "não se trata de doação mas de investimento", segundo professor da UNB

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h01.

O governo brasileiro deixou a reunião do Mercosul ontem (20/6) ainda mais fortalecido na posição de líder regional. Dessa vez, o argumento é forte: o Brasil irá participar com 70% das verbas que compõem um fundo destinado à recuperação da infra-estrutura dos quatro países-membros, além da implementação de projetos sociais.

Houve certa relutância, mas ao fim do encontro, que ocorreu no Paraguai, o Brasil concordou com a proposta de que o Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento das Instituições do Mercosul (Focem) comece a operar com um orçamento de 100 milhões de dólares por ano. Desse total, 70 milhões sairão dos cofres brasileiros. O restante ficou assim dividido: Argentina (27 milhões de dólares); Uruguai (2 milhões) e Paraguai (1 milhão). Estes últimos terão direito à maior parte dos investimentos: 60%.

"Existe uma visão limitada por parte da sociedade de achar que este dinheiro é doação, o que não é verdade", diz o professor Flávio Sombra, diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília. Segundo ele, a criação do fundo é um dos mais importantes passos rumo à integração regional.

O Ministério das Relações Exteriores não divulgou detalhes sobre o Focem. Não se sabe ainda, por exemplo, de onde o governo irá retirar a verba prometida. O mais provável é que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) seja o fomentador brasileiro, pois a instituição já vem participando em dezenas de projetos de infra-estrutura em oito diferentes países na América do Sul. Somando-se os projetos em execução e outros que estão em perspectiva de serem aprovados pelo Banco, a verba total chega a 3 bilhões de dólares.

Modelo europeu

No caso do BNDES, não se trata de empréstimo aos governos vizinhos, e sim de financiamento de empresas brasileiras interessadas em explorar projetos de infra-estrutura nesses países caso do gasoduto San Martin, na Argentina, orçado em 200 milhões de dólares.

"A Europa cresceu sob esse modelo. Não se trata de sustentar outros governos, e sim de criar condições de crescimento econômico para todos. As exportações brasileiras dependem do desenvolvimento de mercados consumidores", diz o professor da UNB. Ele admite que a Europa tem encontrado dificuldades para fechar o orçamento, com os países mais ricos relutando em financiar a ala menos favorecida, "mas isso é crise de momento, comum em qualquer processo de integração", diz.

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