Economia

Brasil precisa de conjunto de reformas econômicas, diz Vale

Sem saber o que acontecerá na economia mundial em 2017, é difícil fazer avaliação mais precisa do que esperar para o PIB, disse presidente da Vale

Vale: o executivo ressaltou que as condições na China já melhoraram depois de uma série de medidas tomadas por Pequim (Pilar Olivares/Reuters)

Vale: o executivo ressaltou que as condições na China já melhoraram depois de uma série de medidas tomadas por Pequim (Pilar Olivares/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de novembro de 2016 às 20h13.

Nova York - O presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmou nesta terça-feira, 29, que o Brasil precisa de um amplo conjunto de reformas, micro e macroeconômicas.

Sem saber o que acontecerá na economia mundial em 2017, é difícil fazer avaliação mais precisa do que esperar para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no ano que vem, disse a jornalistas na Bolsa de Valores de Nova York.

O presidente da Vale ressaltou que há uma série de questões internas no Brasil, mas, se a economia mundial crescer 2,5%, será um ano "sofrível" para o Brasil. Caso a expansão do PIB global fique mais perto de 4%, o ano de 2017 será mais positivo para o País.

"O Brasil tem seus próprios problemas, fiscais, regulatórios, uma série de reformas que precisam ser feitas", disse Murilo, ressaltando que qualquer país em uma economia globalizada sofre as consequências "inexoráveis" do desempenho do PIB mundial.

O executivo ressaltou que as condições na China já melhoraram depois de uma série de medidas tomadas por Pequim.

Com os recentes eventos na Europa, incluindo a saída do Reino Unido da União Europeia, e nos Estados Unidos, com a inesperada vitória de Donald Trump, o presidente da Vale vê um cenário de muita incerteza na economia mundial.

"As pessoas não sabem ainda quantificar as repercussões desses dois eventos."

No caso da economia brasileira, Murilo ressaltou que o Brasil precisa de uma "superação política e econômica" e ainda contar com um cenário externo mais volátil.

"Não dá pra descolar o Brasil da economia mundial." O executivo citou um conjunto de reformas que precisam ser feitas no País, incluindo na Previdência, no mercado de trabalho, no sistema de saúde e educação e em medidas microeconômicas. "É quase um País inteiro que precisa ser reformado."

Assim como acontece no mundo empresarial, que de tempos em tempos revisita temas, estratégias e reavalia negócios, o Brasil também precisa fazer o mesmo e se ajustar a uma nova realidade, afirmou.

China

Murilo Ferreira disse ainda a jornalistas que analistas e outros especialistas erraram ao avaliar os rumos da China, a segunda maior economia do mundo, e seu mercado de minério. Prova disso, disse ele, é que os níveis de preços hoje estão em patamar completamente diferente.

Murilo contou que viajou várias vezes para o país asiático nos últimos anos e viu um ambiente muito diferente do que traçado em análises econômicas e nas reportagens de jornais. "A China que eu estava vendo, e só este ano fui seis vezes lá, era muito diferente do que eu lia nos jornais e nas análises."

O presidente da Vale disse que as avaliações sobre o país asiático sinalizavam que "o fim de mundo" estava próximo de acontecer na China. "Os negócios na China corriam bem e apresentavam sustentabilidade. Está na hora de as pessoas reconhecerem que erraram."

Mesmo em relação às projeções de produção de aço na China, Murilo disse que elas não vieram a se confirmar. "Tivemos pessoas que acertaram, poucas, e muitas erraram."

Carro elétrico

Sobre o níquel, Murilo disse que se espera um crescimento "explosivo" no mercado de carros elétricos, o que deve garantir remuneração "apropriada" para o segmento. A capacidade da Vale para suprir o níquel para as baterias destes carros é inigualável, disse Murilo.

Dividendos

O diretor Financeiro da Vale, Luciano Siani, disse que a Vale fará em fevereiro o pagamento de dividendos que ficaram faltando de 2016. Na segunda-feira, a empresa anunciou a distribuição de R$ 856,9 milhões em juros sobre o capital próprio.

"Antecipamos parte do dividendo obrigatório. Em seguida, será pago o complemento desse dividendo obrigatório", afirmou Siani a jornalistas, ressaltando que a empresa quer distribuir mais proventos aos acionistas no futuro. Ele contou que a empresa avaliou que, considerando os três primeiros trimestres do ano, ficou claro que a Vale terá resultado positivo expressivo este ano.

A mineradora teria duas opções, ou pagar todo o dividendo quando fechasse os resultados de 2016 ou antecipar parte do pagamento. A opção foi pela antecipação. "A perspectiva para os negócios está muito sólida e decidimos fazer essa antecipação, que era um valor simbólico, mas um gesto que demonstra para nossos acionistas que a companhia está em um caminho virtuoso e que dividendos maiores são esperados no futuro."

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