Economia

Brasil pode perder grau de investimento, admite Levy

Segundo o ministro, o país pode ter o grau de risco da dívida externa rebaixado pelas agências de classificação


	Joaquim Levy: “A questão do rebaixamento é reflexo da realidade", disse o ministro
 (REUTERS/Guadalupe Pardo)

Joaquim Levy: “A questão do rebaixamento é reflexo da realidade", disse o ministro (REUTERS/Guadalupe Pardo)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2015 às 15h34.

São Paulo - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, admitiu hoje (10) que Brasil pode perder o grau de investimento e ter o grau de risco da dívida externa rebaixado pelas agências de classificação.

“A questão do rebaixamento é reflexo da realidade. É que nem campeonato de futebol: se você não se organiza, não consegue ter união, e o resultado é sério. Evidentemente, você tem que trabalhar e tentar voltar para a divisão a que você acha que pertence”, disse o ministro, ao ser perguntado sobre o tema, após participar de almoço de fim de ano promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

No fim da tarde de ontem (9), a agência Moody's anunciou que mudou para negativa a perspectiva da classificação do país. Caso o Brasil seja rebaixado, perderá o grau de investimento, garantia de que o país não corre o risco de dar calote na dívida pública.

Segundo a Moody's, a incerteza política, decorrente da abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, cria dificuldades para a aprovação de medidas de redução de gastos e aumento de tributos.

Segundo a Moody's, atualmente, a nota do país é Baa3, último nível dentro do grau de investimento. Em setembro, a agência Standard & Poor's havia excluído o Brasil dessa categoria.

Caso mais uma agência rebaixe o país, os fundos de investimento internacionais não poderão mais aplicar recursos no Brasil, ocasionando a fuga de capitais do país.

Levy, no entanto, minimizou os impactos do rebaixamento nas contas públicas, mas destacou que o governo não encara como “normal” a possível perda do grau de investimento.

“A dívida externa do governo, que é aquela que tem o rating [avaliação de risco], é relativamente pequena. Uma proporção de 1/15 das nossas reservas internacionais. Então, não há risco de a gente não querer, ou não poder, pagar essa dívida.”

“Por outro lado, a nossa dívida doméstica vem crescendo e aponta para a importância de a gente fazer uma série de reformas para permitir ao Brasil ter tranquilidade e voltar a crescer”, acrescentou o ministro.

Por isso, Levy defendeu diálogo e união com o Congresso Nacional para garantir a aprovação das medidas do ajuste fiscal.

“Precisamos de unidade, precisamos de todos estarem pensando, em primeiro lugar, no Brasil. Acho que é isso que, neste final de ano, a gente precisa fazer.”

De acordo com Levy, a instabilidade política tem tido efeitos na economia. “As metas econômicas estão sendo altamente influenciadas pelos fatores externos, inclusive, os de natureza política”, enfatizou o ministro.

Levy lembrou que medidas relativas a questões tributárias têm de ser votadas ainda este ano para ter efeito a partir de 2016. “Algumas até de natureza tributária, que têm o princípio da anualidade. E nós precisamos dar indicações bastante concretas de que elas vão ser votadas e decididas até o final do ano.”

Levy defendeu ainda ações de caráter mais estruturante, com a reforma da Previdência e uma fonte de receitas extras temporária. “Para criar a ponte para se chegar à estabilidade fiscal”, explicou o ministro em relação à proposta de um novo tributo.

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