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Brasil deve modernizar e ampliar seu poderio militar

Além de assegurar a fronteira amazônica, o país precisa proteger suas reservas petrolíferas oceânicas, dizem analistas americanos

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h19.

Dono de uma economia diversificada e em fase de crescimento, o Brasil, que conta com a promessa de um aumento no faturamento de petróleo, encontra-se em boa posição para aumentar o orçamento militar.

Geograficamente, o Brasil enfrenta um desafio importante em assegurar controle sobre fronteiras porosas nas profundezas da Amazônia. O Brasil tem progredido em fechar acordos com Estados vizinhos como Bolívia e Colômbia para criar postos conjuntos de fronteira a fim de combater o contrabando e atividades guerrilheiras, ambos desafios rotineiros nos territórios brasileiros mais remotos. Tais postos de fronteira são úteis do ponto de vista da localização, mas as dificuldades logísticas lá existentes requerem uma presença militar muito mais intensiva. Brasília também deve expandir sua capacidade para enviar tropas e suprimentos para essas áreas remotas.

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Tal situação é emblemática da dinâmica militar na América do Sul, em que tanto a geografia quanto as fronteiras do continente não exigem armas e equipamentos de última geração. Assim como a Colômbia tem aprendido, o treinamento apropriado de soldados profissionais pode ser usado efetivamente no combate de um dos mais tenazes desafios de segurança da América do Sul - grupos militantes e insurgentes que se abrigam em lugares remotos.

Em tais operações, a principal preocupação brasileira é treinar e equipar unidades de infantaria para tais operações. A fim de abastecer os postos de fronteira, e assegurar a capacidade de reforçá-los e dotá-los com forças adicionais em combates contra militantes e insurgentes, helicópteros e aeronaves modernas também são importantes.

A Embraer é um ativo imensamente valioso e promissor para a modernização da Defesa brasileira. Seu Supertucano tem sido útil em operações contra-insurreições. A empresa também tem investido na pesquisa de uma pequena aeronave chamada C-390 que também poderia se tornar bastante útil se vier a ser desenvolvida. Os aviões da Embraer operam tanto no alerta imediato quanto em variações com radar para patrulha territorial, modelos que são desenvolvidos a partir de suas aeronaves civis (assim como para a vigilância de plataformas marítimas) e que serão um importante recurso.

A decisão brasileira de aumentar o orçamento militar acontece numa época em que os militares de toda a América Latina estão reforçando seus arsenais. De acordo com um levantamento feito pelo Centro de Estudos Majoritários, da Argentina, a região elevou seus gastos militares de 39,8 bilhões de dólares em 2007, para 50 bilhões de dólares em 2008. Para o Brasil, a maior preocupação nessa tendência é a Venezuela, que além de novos aviões de combate, aumentou a compra de armas leves e equipamento naval. Na condição de poder hegemônico emergente na região, o Brasil deve olhar com cuidado a modernização do arsenal venezuelano. É preciso considerar que a verdadeira capacidade militar vai muito além do que simplesmente possuir os mais modernos caças. De qualquer modo, os Su-30MKV recentemente adquiridos por Caracas são aeronaves extremamente capazes e o Brasil terá que aprimorar sua própria frota de combate se quiser fazer frente à Venezuela.

Outra área em que o Brasil precisa fortalecer seu poder militar é o mar. Com a ampliação das explorações de petróleo e gás da Petrobras em poços cada vez mais profundos e distantes da costa, o Brasil terá que assegurar sua capacidade de protegê-los. E à medida que a economia brasileira torna-se mais globalizada, o país terá que zelar por seus interesses também em alto-mar.

Ainda que exista muita especulação de que a modernização do arsenal militar brasileiro esteja relacionada ao restabelecimento da Quarta Frota americana, esse fato representa mais uma oportunidade do que uma fonte de preocupação para o Brasil. Recentes atividades navais americanas, como a Plataforma de Parceria com a África, têm favorecido exercícios em cooperação para embarcações anfíbias e de superfície que visam aprimorar a segurança marítima através de treinamento conjunto. Existem muitas oportunidades para que os EUA e o Brasil estabeleçam cooperação na expansão da frota brasileira.

*Karen Hooper e Nate Hughes são analistas da consultoria americana da área de defesa Stratfor

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