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Brasil apresenta a segunda maior inflação do Mercosul

Pesquisa inédita compara a variação de preços nos países-membros do bloco econômico

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h46.

Entre 2000 e 2004, o Brasil apresentou a segunda maior inflação acumulada entre os integrantes do Mercosul, de acordo com estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em parceria com institutos de pesquisa de outros países. Os pesquisadores criaram o Índice de Preços ao Consumidor Harmonizados (IPCH) para estabelecer uma base comum de comparação. O IPCH do Brasil foi de 53,5%, contra 63,2% do Uruguai (veja tabela abaixo com a inflação de cada país do Mercosul). Na outra ponta, o Chile, que mantém o status de país associado ao Mercosul, registrou a menor inflação entre os pesquisados: 16,1%.

No Brasil, os serviços de comunicação foram o item que mais pressionou o IPCH, com alta acumulada de 79% no período. Alimentos e bebidas não alcóolicas vêm em seguida, com oscilação de 60,5%. Os custos de saúde, com alta de 34,8%, foram os que menos subiram entre 2000 e 2004 de acordo com a pesquisa.

A maior pressão sobre a inflação uruguaia veio dos transportes, que aumentaram 105,3% nesse período, à frente dos alimentos e bebidas não alcóolicas, com 71,5%. Acumulando reajuste de 36%, os artigos de vestuário e calçados foram os que menos subiram.

Segundo a pesquisa, o ano que mais castigou os países do Mercosul, em termos de inflação, foi 2002, quando uma crise político-econômico assolou a Argentina e também o Uruguai. Foi nesse ano que os uruguaios viram a subsidiária do Banco Galícia o equivalente argentino ao Banco do Brasil sofrer intervenção governamental por falta de liquidez. Em 2002, o IPCH de quatro dos cinco países pesquisados apresentou o pico do período: Argentina (42%), Brasil (13%), Paraguai (14,7%) e Uruguai (27%). Somente o Chile não seguiu este padrão. Sua maior variação de preços ocorreu em 2000 (4,9%).

No ano passado, porém, o Brasil liderou a inflação no bloco econômico, com IPCH de 7,7%, contra 7,3% do Uruguai e 6% da Argentina. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, que baliza a meta oficial de inflação do governo brasileiro) foi de 7,6% no ano passado. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulou 6,13%.

Cestas oficiais

O IBGE afirma que o IPCH não substituirá as cestas oficiais de inflação dos países, como o IPCA brasileiro. O objetivo da pesquisa é criar uma base comum para comparar a variação de preços no Mercosul, a exemplo do que foi desenvolvimento pelos integrantes da União Européia.

Os institutos públicos de pesquisa do Mercosul trabalham na criação do IPCH desde o final dos anos 90. O IPCH engloba 12 itens de bens de consumo e serviços. Por isso, nem todos os itens considerados nas cestas oficiais de cada país participam do IPCH. Para o Brasil, por exemplo, o IPCH cobre 94% da cesta oficial. No Uruguai, a cobertura é de 86%. Como o peso de cada item varia na cesta de cada país, os pesquisadores também aplicaram um fator de ponderação a fim de nivelar os pesos de cada item. Por exemplo: a variação dos preços de transporte representam 20,49% no IPCH brasileiro e 8,88% no índice paraguaio

Brasil registra segunda maior inflação do Mercosul
Variação acumulada entre 2000 e 2004
País
IPCH (%)
Argentina
52,9
Brasil
53,5
Chile
16,1
Paraguai
51,7
Uruguai
63,2
Fonte: IBGE
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