Boletim Focus: mercado reduz projeção para PIB e inflação em 2023
Para 2024, o Relatório Focus também trouxe estabilidade na estimativa de crescimento do PIB, que continuou em 1,50%
Agência de notícias
Publicado em 23 de outubro de 2023 às 09h26.
Última atualização em 23 de outubro de 2023 às 09h54.
O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 23, pelo Banco Central trouxe alteração na projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A mediana para a alta da atividade em 2023 passou de 2,92% para 2,90%, contra 2,92% há um mês. Considerando apenas as 75 respostas nos últimos cinco dias úteis a estimativa para o PIB no fim de 2023 continuou em 2,90%.
Para 2024, o Relatório Focus também trouxe estabilidade na estimativa de crescimento do PIB, que continuou em 1,50% na semana, mesmo patamar de um mês atrás. Considerando apenas as 73 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 também seguiu em 1,50%.
Em relação a 2025, a mediana continuou em 1,90%, mesmo nível de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que se manteve em 2,00%, mesmo nível de um mês atrás.
O governo espera que o crescimento do PIB este ano alcance 3,2%. Já no Banco Central, a estimativa atual é de 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.
Relação dívida/PIB
O Boletim Focus trouxe melhora nas projeções para o endividamento público neste e no próximo ano na edição agora publicada. A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2023 passou de 61,00% para 60,60%, ante 60,40% de um mês atrás.
Para o déficit primário em relação ao PIB este ano, a mediana continuou em 1,10%, contra 1,00% um mês antes. O Ministério da Fazenda sustenta que deve entregar um resultado deficitário de 1 0% do PIB em 2023. Já a estimativa para o déficit nominal este ano seguiu em 7,50% do PIB, ante 7,40% de um mês atrás.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
2024
Para o próximo ano, a estimativa para a dívida líquida passou de 64,05% para 63,90% do PIB, ante 63,80% de quatro semanas antes. Já o déficit primário esperado para 2024 melhorou de 0,83% para 0,75% do PIB. O déficit nominal projetado na Focus passou de 6 75% para 6,80% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,80% e 6,59%, respectivamente.
No fim de agosto, o governo apresentou o projeto de lei orçamentária de 2024 ao Congresso. A peça prevê superávit de R$ 2,8 bilhões em 2024 (0% do PIB), mas depende da arrecadação de R$ 168,5 bilhões em medidas extras, entregues ao Parlamento junto com o Orçamento. Devido à elevada necessidade de receita adicional, há forte ceticismo no mercado sobre o resultado proposto pelo governo ser factível.
Déficit em c/c
Os economistas do mercado financeiro alteraram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus desta semana.
A projeção deficitária passou de US$ 40,40 bilhões para US$ 39 70 bilhões, ante US$ 43,30 bilhões de um mês atrás. Para o próximo ano, a estimativa de déficit foi mantida em US$ 51,00 bilhões, ante US$ 51,30 bilhões há quatro semanas.
Em relação ao superávit da balança comercial em 2023, a projeção avançou de US$ 73,70 bilhões para US$ 74,35 bilhões, contra US$ 73,00 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana superavitária passou de US$ 60,35 bilhões para US$ 61,80 bilhões, de US$ 60,95 bilhões quatro semanas antes.
Os analistas consultados semanalmente pelo BC avaliam que o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano.
A mediana das previsões para o IDP em 2023 passou de US$ 80 bilhões - onde ficou estacionada por 13 semanas - para US$ 79,40 bilhões. Para 2024, a estimativa foi mantida em US$ 80,00 bilhões pela 38ª vez.
Projeção de Selic 2023 segue em 11,75%, em 9,00% para 2024 e em 8,50% (2025 e 2026)
A expectativa para taxa Selic no fim de 2023 foi mantida em 11 75% ao ano pela 11ª semana consecutiva no Boletim Focus. A expectativa segue a sinalização mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom) de que o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual é o mais apropriado para as próximas reuniões. O colegiado só se reúne mais duas vezes este ano: na próxima semana e em dezembro. Atualmente, após duas quedas, o juro básico da economia está em 12,75% ao ano.
Para o término de 2024, a mediana se manteve em 9,00%. Há um mês a estimativa já era de 9,00%. Considerando apenas as 92 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 também continuou em 11,75%. Para o fim de 2024, continuou em 9,00%, também com 92 atualizações na última semana.
No encontro de setembro, o Copom repetiu que antevê redução de 0 50 ponto porcentual da taxa Selic nas próximas reuniões e que seria o ritmo apropriado para "manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário". Na coletiva de imprensa do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, acrescentou que a "barra" para acelerar ou reduzir o passo de corte está ligeiramente mais alta, sobretudo com os novos riscos derivados do cenário externo.
Os membros do Copom ainda afirmaram ainda que, dado o momento de grandes incertezas, não há ganhos em adiantar o tamanho do ciclo de cortes, mas reforçaram que será o necessário para garantir a convergência da inflação à meta.
No Boletim Focus, as projeções para a Selic no fim de 2025 e de 2026 continuaram em 8,50%, mesma mediana de quatro semanas atrás.
Previsão do Focus de IPCA para 2023 passa de 4,75% para 4,65%
Após o anúncio da Petrobras de redução de R$ 0,12 no preço do litro da gasolina na semana passada, a expectativa para o IPCA deste ano voltou a melhorar no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 23. A projeção para a inflação oficial em 2023 passou de 4,75% para 4,65%. Um mês antes, a mediana era de 4 86%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção oscilou de 3,88% para 3,87%. Há um mês, era de 3,86%.
Considerando somente as 114 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,69% para 4 60%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta continuou em 3 85%, considerando 113 atualizações no período.
Para 2025, que agora tem peso minoritário nas decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50% pela 13ª semana consecutiva - o que evidencia a reancoragem parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2026, a estimativa seguiu em 3,50% pela 16ª semana seguida.
As estimativas do Boletim Focus continuam acima do centro das metas para a inflação. Para 2023, a mediana agora está abaixo do teto da meta (4,75%), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas também superam o alvo central de 3,0%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro, o BC divulgou projeção de 3,5% para o IPCA de 2024, a mesma da reunião anterior. Para 2025, subiu a 3,1% no modelo. Para 2023, a projeção era de 5,0%.
Projeção suavizada
Os economistas do mercado financeiro reduziram no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses, de 4,00% para 3,92%, de 4,04% há um mês.
No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário.
Na última sexta-feira, 20, Haddad confirmou que não há previsão para publicar o decreto que regulamenta a meta de inflação contínua. "Até aqui, não (há previsão de publicar o decreto). Consultas estão sendo feitas pela Secretaria de Política Econômica da Fazenda. Mas nós temos tempo, e provavelmente até o final do ano nós vamos ter notícias", disse o ministro, em São Paulo.
O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, já disse ao Estadão/Broadcast que a SPE já terminou a pesquisa sobre as experiências internacionais, mas que ainda não houve apresentação para o restante da equipe econômica nem para o presidente Lula, responsável por editar o decreto.
Na avaliação do diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, uma maior autonomia requer maior prestação de contas, mas que a autoridade monetária não antecipa nenhuma mudança na política monetária em função da introdução da meta contínua.
Meses
Os economistas reduziram a expectativa de inflação de curto prazo no Boletim Focus desta semana. A mediana para outubro passou de 0,35% para 0,27%. Há um mês, a expectativa era de 0 39%.
Para o IPCA de novembro, a estimativa passou de 0,32% para 0,30% retornando ao nível de um mês antes. Já para dezembro, a previsão para o indicador passou de 0,52% para 0,51%, ante 0,52% de quatro semanas atrás.