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Boletim Focus: mercado reduz projeção para inflação em 2023 e mantém expectativa da Selic em 12,25%

A expectativa para o IPCA deste ano na Focus passou de 5,12% para 5,06%. Um mês antes, a mediana era de 5,71%

Boletim Focus: Considerando somente as 153 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 5,07% para 4,98% (Arquivo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 26 de junho de 2023 às 09h39.

Última atualização em 26 de junho de 2023 às 09h45.

Com a expectativa para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) desta semana e a definição de metas de inflação para 2026, as estimativas para o IPCA - índice oficial de inflação - voltaram a cair no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 26.

A expectativa para o IPCA deste ano na Focus passou de 5,12% para 5,06%. Um mês antes, a mediana era de 5,71%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção cedeu de forma modesta, de 4,00% para 3,98%. Há um mês, era de 4,13%.

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Considerando somente as 153 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 5,07% para 4,98%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta caiu de 3,96% para 3,94%, considerando 152 atualizações no período.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central disse que a manutenção da Selic em 13,75% era adequada para assegurar a convergência da inflação. A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 ainda está acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana supera o centro da meta (3,00%), mas está dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%.

Nos horizontes mais longos, a mediana para o IPCA de 2025 se manteve em 3,80%. Houve queda na estimativa para 2026, de 3,80% para 3,72%. Há um mês, as projeções eram de 4,00% para 2025 e 2026. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026, o que deve ocorrer nesta semana.

Na avaliação do BC, a desancoragem observada nos prazos mais longos nos últimos meses está ligada ao debate sobre mudança da meta de inflação, levantado pelo governo. Há também questões ligadas ao risco fiscal, que tem diminuído com o andamento do novo arcabouço fiscal, reconhecem BC e mercado.

Os economistas do mercado financeiro continuaram a projetar deflação no índice de inflação oficial (IPCA) de junho no Boletim Focus. A mediana passou de recuo de 0,04% para queda de 0,09%. Há um mês, a expectativa era de aumento de 0,31%.

Para o IPCA de julho, a estimativa se manteve em 0,30%, contra a mediana de 0,35% um mês antes. Para agosto, a previsão para o indicador se manteve em 0,22%, de 0,23% há quatro semanas.

Já a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses caiu de 4,18% para 4,16%, de 4,69% há um mês.

Selic no Boletim Focus

Uma semana após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a expectativa para a taxa básica de juros no fim de deste ano se manteve no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, em meio à melhora do cenário inflacionário.

A mediana para os juros básicos no fim de 2023 se manteve em 12 25%. Para o término de 2024, a expectativa também se manteve em 9,50%. Há um mês, as estimativas eram de 12,50% e 10,00%, nessa ordem.

Considerando apenas as 143 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 também se manteve em 12,25%. Para o fim de 2024, a projeção seguiu em 9,50%, com 140 atualizações na última semana.

Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano pela sétima reunião seguida. O colegiado não sinalizou claramente no comunicado a possibilidade de iniciar o ciclo de redução na Selic na próxima reunião, contrariando expectativas do governo e do mercado.

O Copom manteve o balanço para inflação neutro e destacou que "a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação". O comitê ainda argumentou que, na conjuntura atual, o processo desinflacionário tente a ser mais lento e que "por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia."

A decisão gerou reações no governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Roma, criticou a decisão, dizendo que o nível da Selic era "irracional" e que a direção do BC jogava contra os interesses do País. Em Paris, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a decisão do Copom era um "descompasso" e que o comunicado foi "muito ruim".

Na Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 9 00%, mesma mediana de quatro semanas atrás. O boletim ainda trouxe a projeção para a Selic no fim de 2026, que se manteve em 8,75%, ante 9,00% há um mês.

Alta do PIB no Focus

O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 26, mostrou leve alta na projeção de crescimento econômico para este ano, ainda na esteira do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre (1,9%).

A mediana do PIB em 2023 subiu de 2,14% para 2,18%, contra 1,26% há um mês. Considerando apenas as 113 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 se manteve em 2,19%.

Para 2024, o Relatório Focus mostrou viés de alta da estimativa de crescimento do PIB, de 1,20% para 1,22%, contra 1,30% de um mês atrás. Considerando apenas as 106 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 cedeu de 1,19% para 1,17%.

Em relação a 2025, a mediana passou de 1,80% para 1,83% ante 1 70% quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa para 2026, que caiu de 1,99% para 1,92%, contra 1,80% há um mês.

No fim de maio, o Ministério da Fazenda aumentou sua projeção oficial para o PIB deste ano, de 1,61% para 1,91%. Na semana passada, o secretário de Política Econômica (SPE) da Fazenda, Guilherme Mello, disse ao Estadão/Broadcast que o resultado pode ficar mais perto de 2,5%. No Banco Central, a estimativa atual é de 1,2%, que poderá ser atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) deste mês.

O Boletim Focus mostrou cenário marginalmente estável para as contas públicas este ano na edição publicada nesta segunda. A projeção para o déficit primário em relação ao Produto Interno Bruto em 2023 se manteve em 1,01%. O governo persegue um déficit de 1% do PIB.

Quatro semanas antes, a expectativa era de déficit de 1,10%. No fim de maio, o governo alterou a expectativa deficitária para este ano de R$ 107,6 bilhões para R$ 136,2 bilhões, ou 1,3% do PIB. Para o déficit nominal em 2023, a mediana também mudou, de 7,77% para 7,74% do PIB, contra 7,85% há um mês.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Já a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2023, por sua vez, caiu de 60,60% para 60,47%, contra 61,00% há um mês.

Para 2024, a estimativa para a dívida líquida caiu de 64,20% para 63,90%. Há quatro semanas, a expectativa era de 64,50% do PIB. Já o déficit primário esperado para 2024 se manteve em 0 80% do PIB, ainda fora da meta prevista pelo governo de resultado neutro (0% do PIB), ante resultado negativo de 0,70% há um mês. O déficit nominal projetado na Focus permaneceu em 7 00% do PIB, mesma projeção de quatro semanas atrás.

Os economistas do mercado financeiro alteraram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus desta semana. A projeção deficitária passou de US$ 45,29 bilhões para US$ 43,90 bilhões ante US$ 47,06 bilhões de um mês atrás.

Para o próximo ano, a estimativa de déficit variou de US$ 51,02 bilhões para US$ 51,01 bilhões, de US$ 52,40 bilhões há quatro semanas.

Em relação ao superávit da balança comercial em 2023, a projeção avançou de US$ 61,15 bilhões para US$ 62,00 bilhões, contra US$ 60,00 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana superavitária caiu de US$ 57,80 bilhões para US$ 55,61 bilhões, de US$ 55,00 bilhões há quatro semanas.

Os analistas consultados semanalmente pelo BC avaliam que o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano.

A mediana das previsões para o IDP em 2023 cedeu de US$ 79,00 bilhões para US$ 78,80 bilhões. Para 2024, a estimativa foi mantida em US$ 80,00 bilhões pela 21ª vez.

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