Economia

BCE prepara arsenal anti-deflação para ano que vem

O Banco Central Europeu manteve as principais taxas de juros inalteradas, mas disse estar preparado para atuar se houver sinais de deflação

Símbolo do euro em frente à sede do Banco Central Europeu (Ralph Orlowski/Reuters)

Símbolo do euro em frente à sede do Banco Central Europeu (Ralph Orlowski/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2014 às 20h14.

Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) manteve inalteradas as principais taxas de juros nesta quinta-feira, mas anunciou que está preparado para atuar no caso de a zona do euro demonstrar sinais de deflação.

Na última reunião de política monetária do ano, o BCE manteve sua taxa básica de juros em 0,05%. Suas taxas de empréstimos e de depósitos marginais ficaram em 0,3% e -0,2%, respectivamente.

Mas a decisão do BCE, que revisou em baixa as suas previsões de crescimento e a inflação para os próximos três anos, sugere que ainda há espaço para mais medidas de apoio à debilitada economia da zona do euro.

O presidente do BCE, o italiano Mario Draghi, disse que "intensificou" o preparo de medidas adicionais de apoio, como fizeram os bancos centrais britânico, japonês e americano.

Segundo as últimas previsões do BCE, a inflação na zona do euro ficará em 0,5% neste ano, em 0,7% em 2015, e em 1,3% em 2016, abaixo das previsões anteriores de 0,9%, 1,1% e 1,4%, e longe da meta de 2% fixada pela instituição.

Mas este ano, contudo, poderia ser pior, devido à queda dos preços do petróleo, advertiu Draghi. O BCE prevê agora um crescimento do PIB de 0,8% este ano, de 1% em 2015 e de 1,5% em 2016, em relação aos percentuais previstos anteriormente, de 0,9%, 1,6% e 1,9%.

A queda dos preços pode até ser uma boa notícia para os consumidores, mas pode levar a economia a um círculo vicioso que prejudica o consumo e dispara o desemprego.

Draghi insistiu que já nos próximos meses serão percebidos os resultados das medidas adotadas até agora.

Balanço das medidas

No início do ano que vem, a instituição fará um balanço do efeito das medidas adotadas e da situação da inflação, anunciou Draghi.

"Se forem necessárias mais medidas para enfrentar um período muito prolongado de inflação baixa, existe um compromisso unânime do conselho de governadores do banco para recorrer a instrumentos adicionais não convencionais", disse Draghi, que anunciou que isso significaria "alterar no início do ano que vem o tamanho, o caminho e a composição das nossas medidas".

O BCE já reduziu as taxas de juros aos níveis mais baixos da sua história, tem oferecido créditos a condições muito favoráveis aos bancos, através dos programas LTRO e TLTRO e realizou a compra de ativos para injetar liquidez no sistema financeiro.

Mas também insinuou que está disposto a implementar ações muito mais radicais como implementar programas de expansão qualitativa (QE na sigla em inglês), como já fizeram outros bancos centrais para estimular suas frágeis economias.

A QE é a compra maciça de dívida pública e conta com uma forte oposição na Europa, a começar pelo banco central da Alemanha, o Bundesbank, por se considerar que ultrapassa o mandato do BCE e é, na verdade, o sinal verde para emitir moeda para que os governos diluam suas dívidas.

Draghi afirma que uma decisão pela QE não exige a unanimidade do conselho de governadores do BCE.

"Não precisamos da unanimidade. É uma medida monetária importante e que pode ser adotada por consenso", disse Draghi.

Para alguns analistas, as declarações de Draghi sinalizam claramente que a QE está a caminho.

"Sentimos que confirma nosso pressentimento de que o BCE decidirá um amplo programa de compras de dívida soberana em alguma das três primeiras reuniões no ano que vem", disse o economista do Commerzbank Joerg Kraemer.

Mas nem todo mundo acha o mesmo. Tom Rogers, do EY Eurozone Forecast, assegura que, considerando que os prêmios de risco estão tão baixos atualmente, "é difícil enxergar o que (o programa QE) pode conseguir em relação às condições econômicas fundamentais.

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