Banco Central: diretores da autoridade monetária deixaram claro que não pretendem acelerar o ritmo de queda dos juros para 0,75 ponto percentual (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 19 de dezembro de 2023 às 08h25.
Os diretores do Banco Central (BC) reforçaram a mensagem na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira, 19, que continuarão a cortar a Selic em 0,5 ponto percentual nos próximos encontros. Na última quarta-feira, o colegiado diminuiu os juros para 11,75% ao ano, a quarta queda consecutiva.
"Com relação aos próximos passos, os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência", informou o BC, no documento.
A sinalização unânime neste momento também reduz a probabilidade de que o Copom vai acelerar o ritmo de cortes para 0,75 ponto percentual, como tem debatido parte do mercado.
Os diretores do BC também alertaram que seguem preocupados com a desancoragem das expectativas de inflação. As metas para 2024, 2025 e 2026 são de 3%. Entretanto, segundo o Boletim Focus, a mediana das projeções para o próximo ano está em 3,93%. E para 2025 e 2026, a mediana está em 3,5%.
"As expectativas de inflação seguem desancoradas e são um fator de preocupação. O Comitê avalia que a redução das expectativas requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira", informou o BC.
Além das expectativas de inflação, os riscos externos estão no radar dos diretores do BC. Mesmo com a sinalização de pouso suave nos Estados Unidos, a maior economia do mundo, os membros do Copom têm se preocupado com a volatilidade do mercado internacional.
"O Comitê manteve a avaliação, diante da volatilidade recente e da incerteza à frente no cenário internacional, de que é apropriado adotar uma postura de cautela, principalmente em países emergentes. Além disso, o Comitê continuará acompanhando os diversos dados da economia global e seus respectivos canais de transmissão para a economia doméstica", informou o BC.