Economia

BC mantém a Selic em 15% ao ano na última reunião de 2025

O juro no Brasil encerra o ano no maior patamar desde julho de 2006

Banco Central: política fiscal expansionista pressiona a inflação e deve levar a aumento de juros (Leandro Fonseca/Exame)

Banco Central: política fiscal expansionista pressiona a inflação e deve levar a aumento de juros (Leandro Fonseca/Exame)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 18h40.

Última atualização em 10 de dezembro de 2025 às 18h50.

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira, 10, manter os juros em 15% ao ano. A decisão unânime é a quarta manutenção consecutiva da Selic.

A decisão era esperada e não surpreendeu o mercado. O juro no Brasil encerra o ano no maior patamar desde julho de 2006. O colegiado mudou o tom da comunicação e abriu caminho para o início do ciclo de cortes nas primeiras reuniões de 2026.

No comunicado, o Copom reconheceu que a política monetária tem apresentado resultados, com a inflação convergindo para a meta.

'Decisão compatível'

O comunicado afirma que "manter a taxa básica de juros em 15% é uma "decisão compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante"

"O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado", diz o texto.

O Copom afirma que segue acompanhando os desdobramentos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e também "como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza".

"O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado", afirma o texto.

O comunicado também cita que a expectativa da inflação na pesquisa Focus mantém-se em dados acima da meta, com previsão de 4.4% para 2025 e 4,2% para 2026.

"A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,2% no cenário de referência".

O texto também afirma que o ambiente externo segue incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos.

"Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores segue apresentando, conforme esperado, trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica, como observado na última divulgação do PIB, enquanto o mercado de trabalho mostra resiliência. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes seguiram apresentando algum arrefecimento, mas mantiveram-se acima da meta para a inflação", afirma.

O que é a taxa Selic?

A taxa Selic é a taxa básica de juros no Brasil, ou seja, aquela que vai nortear os demais juros, tanto para quem recebe, quanto para quem paga. Ela é importante para quem realiza algum empréstimo ou financiamento em alguma instituição financeira e também para quem investe.

Banco Central possui um sistema conhecido como Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, onde acontecem as compras e vendas de títulos públicos, e se utiliza a taxa Selic para nortear qualquer operação.

É justamente o nome desse sistema que faz a taxa básica de juro no Brasil ser conhecida como Selic. Quando nos referimos à negociação de títulos públicos no sistema do BC, se tratam de operações de empréstimo de curto prazo feitas entre instituições, que por sua vez, tem como garantia esses títulos.

Qual foi a decisão do BC da Selic hoje?

O Banco Central manteve a taxa de juros em 15% ao ano.

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