Banco Central: política fiscal expansionista pressiona a inflação e deve levar a aumento de juros (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 18h40.
Última atualização em 10 de dezembro de 2025 às 18h50.
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira, 10, manter os juros em 15% ao ano. A decisão unânime é a quarta manutenção consecutiva da Selic.
A decisão era esperada e não surpreendeu o mercado. O juro no Brasil encerra o ano no maior patamar desde julho de 2006. O colegiado mudou o tom da comunicação e abriu caminho para o início do ciclo de cortes nas primeiras reuniões de 2026.
No comunicado, o Copom reconheceu que a política monetária tem apresentado resultados, com a inflação convergindo para a meta.
O comunicado afirma que "manter a taxa básica de juros em 15% é uma "decisão compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante"
"O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado", diz o texto.
O Copom afirma que segue acompanhando os desdobramentos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e também "como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza".
"O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado", afirma o texto.
O comunicado também cita que a expectativa da inflação na pesquisa Focus mantém-se em dados acima da meta, com previsão de 4.4% para 2025 e 4,2% para 2026.
"A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,2% no cenário de referência".
O texto também afirma que o ambiente externo segue incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos.
"Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores segue apresentando, conforme esperado, trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica, como observado na última divulgação do PIB, enquanto o mercado de trabalho mostra resiliência. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes seguiram apresentando algum arrefecimento, mas mantiveram-se acima da meta para a inflação", afirma.
A taxa Selic é a taxa básica de juros no Brasil, ou seja, aquela que vai nortear os demais juros, tanto para quem recebe, quanto para quem paga. Ela é importante para quem realiza algum empréstimo ou financiamento em alguma instituição financeira e também para quem investe.
O Banco Central possui um sistema conhecido como Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, onde acontecem as compras e vendas de títulos públicos, e se utiliza a taxa Selic para nortear qualquer operação.
É justamente o nome desse sistema que faz a taxa básica de juro no Brasil ser conhecida como Selic. Quando nos referimos à negociação de títulos públicos no sistema do BC, se tratam de operações de empréstimo de curto prazo feitas entre instituições, que por sua vez, tem como garantia esses títulos.
O Banco Central manteve a taxa de juros em 15% ao ano.