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BC deixa porta aberta para corte na Selic em 2018

A instituição, durante reunião do Copom, optou por não dar pistas sobre suas decisões futuras em relação aos juros no ano que vem

Na semana passada o BC desacelerou o ritmo de queda da Selic, com corte de 0,75 ponto percentual (Thinkstock/Thinkstock)
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Reuters

Publicado em 31 de outubro de 2017 às 10h06.

Brasília - O Banco Central optou por não dar pistas sobre suas decisões futuras em relação aos juros no ano que vem, mantendo o cenário aberto para agir conforme o panorama do momento, mostrou a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta terça-feira.

Assim, o BC mantém a porta aberta para fazer mais uma redução na Selic em fevereiro, primeira reunião do Copom de 2018, ou encerrar o atual ciclo de afrouxamento.

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"Os membros do Copom também avaliaram a extensão do ciclo e a conveniência de uma sinalização sobre os passos seguintes à próxima reunião", trouxe o documento. "Houve consenso em manter liberdade de ação e adiar qualquer sinalização sobre as decisões futuras de política monetária de forma a incorporar novas informações sobre a evolução do cenário básico e do balanço de riscos."

Na semana passada o BC desacelerou o ritmo de queda da Selic, com corte de 0,75 ponto percentual, a 7,50 por cento ao ano, e indicou que deverá colocar novamente o pé no freio em dezembro, na última reunião do Copom no ano, mensagem que foi repetida na ata.

"Caso a conjuntura evolua conforme o cenário básico do Copom, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, uma redução moderada na magnitude de flexibilização na próxima reunião parece adequada sob a perspectiva atual", informou a ata.

A clara sinalização sobre o que deverá ocorrer no último mês de 2017 já tinha feito o mercado de juros futuros apostar em peso num próximo corte de 0,5 ponto na Selic. Também estão precificadas algumas apostas de novo corte de 0,25 ponto no início de 2018.

Mas como o BC retirou a menção ao "encerramento gradual do ciclo" de cortes, a atenção dos agentes econômicos se voltou para a ata, em busca de explicações adicionais a respeito do que a autoridade monetária vê para o ano que vem.

O economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima, manteve sua projeção de queda de 0,50 ponto na Selic em dezembro e outra de 0,25 ponto em fevereiro. Mas ele considerou que o BC quis enfatizar que os caminhos seguem em aberto para o fim do ciclo.

"Até lá (de dezembro), me parece que em termos práticos não vai ter acontecido nada com a Previdência. É provável que esta frustração justifique uma posição mais cautelosa em relação ao tamanho do ciclo", afirmou ele.

O atual ciclo de cortes da Selic teve início há exatamente um ano, quando ela passou de 14,25 para 14 por cento em meio ao cenário cada vez mais benigno de inflação.

Na ata, o BC voltou a destacar que "o processo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".

Na pesquisa Focus mais recente, realizada pelo BC junto a uma centena de economistas todas as semanas, o mercado manteve as expectativas de que a taxa básica de juros será reduzida a 7 por cento neste ano e terminará 2018 também neste patamar.

A leitura tem como pano de fundo projeção de inflação em 3,08 por cento em 2017 e 4,02 por cento no ano que vem, nos dois casos abaixo do centro da meta de 4,5 por cento, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Em relação à inflação, o BC ressaltou na ata que o Copom avaliou a situação atual do setor de geração de energia elétrica no país e incorporou o anúncio recente de reajuste de tarifas em seu cenário básico.

A bandeira tarifária para novembro na conta de luz será vermelha nível 2, com custo de 5 reais a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos, o que gerará aumento nas contas de luz.

Sobre o ritmo de recuperação da atividade, o BC salientou que todos os membros do Copom concordaram que deve haver uma trajetória de recuperação gradual. Em outra frente, enfatizou que "em decorrência dos níveis atuais de ociosidade na economia, revisões marginais na intensidade da recuperação não levariam a revisões materiais na trajetória esperada para a inflação".

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem dito que o Produto Interno Bruto (PIB) poderá avançar 3 por cento no ano que vem, embora as previsões oficiais do Orçamento ainda considerem expansão de 2 por cento. Em setembro, o BC estimou que o crescimento será de 2,2 por cento em 2018.

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