Economia

Avançar nas reformas sem retroceder na inflação

Em contraste com as empresas brasileiras, que vêm aumentando sua competitividade e produtividade ao ritmo de impressionantes 7% anuais -- "taxa para tigre asiático nenhum botar defeito"--, a excessiva lentidão e a ineficiência do governo ameaçam obscurecer o enorme avanço do setor privado. Esse alerta foi feito por Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, em […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h54.

Em contraste com as empresas brasileiras, que vêm aumentando sua competitividade e produtividade ao ritmo de impressionantes 7% anuais -- "taxa para tigre asiático nenhum botar defeito"--, a excessiva lentidão e a ineficiência do governo ameaçam obscurecer o enorme avanço do setor privado. Esse alerta foi feito por Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, em seu discurso de abertura. Para exemplificar as distorções, Civita citou a recordista carga tributária e os custos decorrentes da taxa de juro. "Vamos falar claramente: ou o Brasil consegue reduzir os juros de forma consistente, ou simplesmente não haverá espaço para as empresas competirem com suas rivais mundo afora", afirmou. Segundo ele, das muitas frentes que precisam ser atacadas, a reforma da Previdência merece especial atenção no futuro breve: "É essa reforma que permitirá ao país preencher uma lacuna que vem asfixiando a economia brasileira: a falta de um mercado de capitais". Sem ele, segundo Civita, não haverá dinheiro disponível para financiar os investimentos das empresas e, portanto, o crescimento do país. "O acesso ao capital de médio e longo prazo é tão ou mais importante que o nível dos juros cobrados."

Outra reforma urgente, a seu ver, é a das relações trabalhistas. "O modelo atual beira a insanidade completa", disse Civita. "Um país que precisa de forma tão premente tratar da questão social e elevar o nível de emprego se dá ao luxo de ser o campeão mundial em encargos trabalhistas." Enquanto as empresas americanas pagam 9% em encargo sobre a folha salarial, as brasileiras arcam com 103%. "Em situações econômicas difíceis como a atual, esse custo simplesmente liquida com qualquer intenção de gerar novos postos de trabalho, ao mesmo tempo que só faz engrossar a multidão de empregados informais, para não dizer ilegais, e as filas dos desempregados."

Para Civita, os desafios reservados ao novo governo são enormes. Para complicar, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, assumirá num momento delicado da economia internacional e com inflação doméstica em alta. "O que se espera é que o novo governo seja capaz de avançar nas reformas e retirar os obstáculos ao crescimento sem retroceder um milímetro no duro combate à inflação dos últimos anos", afirmou Civita. "Não serão pequenas as dificuldades pela frente nem as tentações de afrouxar um pouquinho a estabilidade, um caminho que, infelizmente, sabemos todos onde termina."

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Prévia do PIB: IBC-Br recua 0,4% em julho, primeira queda em quatro meses

Igualdade de gênero poderia acrescentar R$ 60 trilhões ao PIB global, diz estudo

Em disputa de R$ 1 bi, Caixa não liberará terreno no Rio para estádio do Flamengo sem compensação