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Aumento de ICMS de estados do Sul e Sudeste terá impacto na inflação, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central também afirmou que o governo federal faz esforço fiscal grande e isso tem ajudado na redução da taxa Selic

No evento, ele fez uma avaliação favorável da gestão das contas públicas pelo Executivo em favor do processo de redução dos juros sem risco inflacionário (Pedro França/Agência Senado/Flickr)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 21 de novembro de 2023 às 20h33.

O presidente do Banco Central , Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira que o aumento de ICMS proposto por governadores do Sul e do Sudeste terá impacto no IPCA deste ano. Ele estimou que o aumento pode gerar um efeito que pode chegar a 0,2 ponto percentual a mais no índice de inflação.

"A gente vê uma convergência da inflação com possibilidade grande de entrar na meta em 2023. Mas tivemos a notícia do ICMS, dos estados aumentando (alíquotas), que terá um efeito no IPCA, entre 0,1 ponto e 0,2 ponto. Ainda não temos o número preciso", afirmou Campos Neto em um evento promovido por uma consultoria em Brasília.

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Campos Neto fez referência à carta divulgada por secretários de Fazenda de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul sugerindo aumento nas alíquotas do imposto estadual sobre bens e serviços.

Também nesta segunda-feira, em entrevista à Bloomberg TV, Campos Neto afirmou que o Banco Central tem espaço para continuar o processo atual de redução das taxas de juros.

Elogio a 'esforço fiscal'

No evento, ele fez uma avaliação favorável da gestão das contas públicas pelo Executivo em favor do processo de redução dos juros sem risco inflacionário. O presidente do Banco Central afirmou que o governo federal fez um "esforço fiscal muito grande", depois da pandemia, e isso tem ajudado o Copom no processo de redução da taxa de juros.

"É importante dizer que o governo fez um esforço muito grande fiscal, fez um arcabouço no meio da saída de uma pandemia, a gente acha que foi um esforço muito válido e tem ajudado a gente no processo de queda dos juros", afirmou.

Ele pontuou que o mercado financeiro ainda se mantém mais cético em relação às metas definidas pelo governo, pela necessidade de aumento de receitas.

"Acho que hoje o tema é menos pelo atingimento das metas, mais a responsabilidade sobre o arcabouço que foi criado", afirmou.

Campos Neto se referia ao debate interno no governo que pode levar a uma alteração na meta de déficit zero prevista para o ano que vem. Por ora, o Ministério da Fazenda tem conseguido manter o número, mas há o receio de que ele possa virar um déficit em março, quando for divulgado o primeiro relatório bimestral de receitas e despesas.

A estratégia de Haddad para conseguir manter a meta é colocar um limite para os bloqueios no orçamento do ano que vem, em R$ 23 bilhões. Para isso, a Fazenda disse que entende que é preciso respeitar também a regra que coloca um piso de crescimento da despesa, em 0,6%, que teria que ser combinada com o teto de 25% de bloqueio nas despesas discricionárias.

Segundo Campos Neto, a despesa geral do governo continua acima de outros países emergentes, apesar do arcabouço fiscal.

"O Brasil crescendo recupera isso, não é um grande problema, mas é preciso entender que isso está no foco dos analistas", afirmou.

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