Qual será a redução de juros no Brasil e EUA?
Países anunciam hoje nova taxa de juros. Expectativa é de corte, mas disparada no preço de petróleo pode alterar os planos no longo prazo
Da Redação
Publicado em 18 de setembro de 2019 às 06h23.
Última atualização em 18 de setembro de 2019 às 09h25.
São Paulo — A quarta-feira deve ser dia de cortes na frente monetária. Tanto o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central , no Brasil, quanto o Fed , o banco central norte-americano, anunciam novas taxas básicas de juros.
Uma nova redução era dada como certa nas duas frentes, em meio a sinais de economia fraca e inflação sob controle tanto aqui quanto lá. Mas a certeza foi chacoalhada depois do último sábado, quando ataques a importantes instalações de petróleo na Arábia Saudita fizeram com que o preço do barril no mercado internacional começasse a semana em disparada. A alta chegou a quase 15% na segunda-feira, embora tenha perdido força na terça.
O grosso das apostas continua a mesma para os dois países: um corte de 0,25 ponto pelo Fed, nos EUA, e de 0,5 ponto pelo Copom, no Brasil. Isso deve levar a Selic, a taxa básica brasileira, dos atuais 6% para 5,5% ao ano, seu mais novo recorde de baixa.
As dúvidas, entretanto, ficam para o futuro: com o choque do petróleo, os cortes nos juros poderão continuar no mesmo ritmo? Por isso, mais do que para a redução de juro em si, agentes do mercado devem virar as atenções para as atas e as declarações de seus bancos centrais que virão após os anúncios desta quarta. Até semana passada analistas previam que o Brasil fechasse 2019 com juros de 5% ou até abaixo disso.
O petróleo mais caro, por um tempo prolongado, tem um efeito cascata sobre toda a economia, o que tende a impulsionar a inflação. Inflação alta, por sua vez, limita a possibilidade de juros muito baixos. Isso acendeu rapidamente o alerta entre analistas e investidores – embora o susto tenha sido suavizado, ontem, pela notícia de que a Arábia Saudita estima normalizar sua produção ainda este mês.
Por outro lado, os desafios da atividade econômica ainda são grandes. Nos Estados Unidos, inflação baixa e a temida inversão das curvas de juros estão entre os principais argumentos do time a favor de cortes mais fortes nos juros.
No mês passado, o rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano de dois anos ultrapassou o dos papéis com vencimento em 10 anos, mesmo que os prazos mais curtos tenham riscos menores do que os longos. É uma situação contraintuitiva, que não acontecia desde a crise de 2007 e que se tornou sintoma clássico das crises por que o país passou.
No Brasil, a inflação está rodando abaixo da meta – acumulou 3,44% nos 12 meses até julho, para um alvo de 4,25% – e dados de emprego e PIB seguem fracos. O PIB cresceu 0,4% do primeiro para o segundo trimestre, e as prévias para o terceiro não são boas. O IBC-Br, indicador de atividade econômica do BC que serve como prévia do PIB, apontou para uma queda de 0,16% em julho ante junho.
O Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgado ontem, também estimou queda de 0,2% na atividade do país entre junho e julho. Novos motivos para estimular futuras facadas do Copom.