Economia

Argentinos temem fuga de investimentos estrangeiros

A expropriação da petroleira espanhola YPF justifica o receio de uma fuga de investimentos no país

Eleições na Argentina (Wikimedia Commons)

Eleições na Argentina (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2012 às 18h42.

São Paulo - O apoio às barreiras protecionistas impostas ao Brasil pelo secretário de Comércio Interior da Argentina, Guillermo Moreno, e a expropriação da petroleira espanhola YPF justificam o receio de uma fuga de investimentos estrangeiros da Argentina. A avaliação foi feita nesta terça-feira por integrantes da comitiva de 540 empresários que acompanham o secretário na Rodada de Negócios Argentina-Brasil, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.

Para o empresário Mario Edmundo Gil, da Litton, empresa do ramo de autopeças do grupo Friction Lab, é certo que há alguma preocupação entre os empresários argentinos com relação a uma fuga de investimentos do país. Mas, segundo ele, no caso da expropriação da petroleira espanhola YPF, o governo argentino agiu corretamente.

Indagado sobre o anúncio do comissário de Comércio da União Europeia, Karel De Gucht, de que o bloco deverá tomar em breve medidas contra a Argentina, Gil foi enfático: "São palavras para o mercado interno. A União Europeia está com problemas financeiros há 17 anos e nunca fez nada para resolver estes problemas. Críticas de países que estão em crise é a pior política que existe."

As declarações do comissário de Comércio da União Europeia foram feitas na segunda-feira em conferência sobre as relações entre Brasil e União Europeia (EU), em Bruxelas. Gucht ainda pediu ao Brasil que resista à onda de protecionismo na América Latina. Para o empresário, "a União Europeia e os Estados Unidos sabem que a América Latina é forte, em especial a América do Sul. Eles não querem é que a região cresça".

Outro empresário que pediu para não ser identificado afirmou que "apoiamos as medidas e a expropriação da YPF, mas sabemos que aos olhos do mundo esta não é uma política adequada. A impressão que fica para a Argentina não é boa e isso preocupa". Na visão dele, no caso da YPF, o governo agiu corretamente "porque os espanhóis tiravam o dinheiro da Argentina e levavam embora. Quem investia na YPF era o governo e o povo argentino".

Um terceiro empresário argentino, do ramo de supermercados, também concordou com a decisão do governo argentino de expropriar a YPF. Na sua opinião, além de os espanhóis não investirem na empresa, a questão da energia é estratégica e deve estar sob o controle do governo argentino. "É claro que tememos pela fuga de investimentos, mas somos favoráveis à medida."

Acompanhe tudo sobre:América LatinaInvestimentos de empresasArgentinaEstatização

Mais de Economia

Por que as fusões entre empresas são difíceis no setor aéreo? CEO responde

Petrobras inicia entregas de SAF com produção inédita no Brasil

Qual poltrona do avião dá mais lucro para a companhia aérea?

Balança comercial tem superávit de US$ 5,8 bi em novembro