Economia

Arábia Saudita nega corte na produção e se diz otimista

Arábia Saudita reiterou que não reduzirá a oferta de petróleo bruto e se mostrou confiante no futuro, apesar da decisão da Opep de manter sua produção

Refinaria de petróleo: planejar uma redução da oferta da Arábia Saudita é "impossível", segundo ministro (Franck Fife/AFP)

Refinaria de petróleo: planejar uma redução da oferta da Arábia Saudita é "impossível", segundo ministro (Franck Fife/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2014 às 19h38.

Riad - A Arábia Saudita reiterou nesta quinta-feira que não reduzirá a oferta de petróleo bruto e se mostrou confiante no futuro, apesar da recente decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de manter sua produção.

Em entrevista à agência estatal de notícias SPA, o ministro saudita do Petróleo, Ali al-Nuaimi, disse que planejar uma redução da oferta da Arábia Saudita é "impossível".

Liderada pela Arábia Saudita, a Opep decidiu em novembro manter seu nível de produção em 30 milhões de barris diários (mbd).

"É difícil, até impossível, que a Arábia Saudita, ou a Opep, tomem medidas que conduzam a uma redução de sua cota de mercado e a um aumento da produção de outros produtores não membros do cartel", frisou.

"Especialmente agora, quando é complicado controlar os preços", acrescentou o ministro, ressaltando que uma redução da oferta implicaria uma perda de sua parcela de mercado.

Apesar da redução dos preços do petróleo, que perdeu metade de seu valor desde meados de junho e que é a principal fonte de receita da Arábia Saudita, Al-Nuaimi disse estar "otimista em relação ao futuro".

"A situação que nós e o mundo enfrentamos atualmente é conjuntural e passageira", garantiu.

Segundo o ministro, a queda dos preços se explica por "vários fatores concomitantes, entre eles, uma enorme desaceleração da economia mundial, um aumento das reservas petroleiras procedentes de várias regiões, incluindo aquelas onde o custo [de extração] é elevado, e uma escassez da demanda mundial de petróleo, mais significativa do que o previsto".

"Papel negativo dos especuladores"

A cota de produção da Opep e da Arábia Saudita, que é de 9,6 mbd dos 30 mbd do cartel, "não mudou nos últimos anos, enquanto que a dos outros produtores não membros da Opep aumenta constantemente", lembrou o ministro saudita.

As negociações iniciadas em novembro pelo cartel não atingiram seu objetivo, afirmou Al-Nuaimi, que denunciou o "papel negativo dos especuladores" no mercado petroleiro.

"Esses especuladores jogam os preços em uma direção, ou em outra, para obter lucros", disse Al-Nuaimi, que retomou um argumento desenvolvido no domingo passado pelo secretário-geral da Opep, Abdalah al-Badri.

Se a queda dos preços persiste, isso quer dizer que "a especulação contribui bastante para a queda dos preços", declarou Al-Badri, em Dubai.

O ministro assegurou que o reino saudita se encontra em boa situação para enfrentar a redução das receitas do petróleo.

"O reino tem uma economia sólida, uma excelente reputação mundial, uma indústria petroleira de ponta, cerca de 80 clientes e enormes reservas financeiras", ressaltou.

"Por isso, a Arábia Saudita é capaz de suportar as flutuações temporárias nas receitas de petróleo", afirmou o ministro, que advoga a recuperação da economia mundial, alegando que favorecerá um aumento da demanda pela commodity.

"A economia mundial, especialmente a dos países emergentes, retomará progressivamente o caminho do crescimento, relançando, ao mesmo tempo, a demanda mundial de petróleo", comentou Al-Nuaimi, que também negou as especulações sobre uma "guerra de preços" alimentada por Riad.

"As análises que vinculam as decisões petroleiras a objetivos políticos são equivocadas", assegurou.

A autoridade saudita de Petróleo se referia às informações sobre a intransigência de Riad quanto à manutenção de sua cota de mercado, em relação à concorrência do petróleo de xisto, sobretudo dos EUA, e de outros produtores como Rússia e Irã.

Os preços do petróleo caíram cerca de 50% desde junho, abalados pela abundância da oferta, pelo fortalecimento do dólar e pela escassez de demanda.

A resistência da Opep em novembro para limitar sua produção deve fazer que os preços caiam ainda mais e já prejudicou vários membros do cartel, especialmente a Venezuela.

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